O profano do Odoyá: curtição dentro e fora das festas privadas

A banda Asas Livres ecoava pelas periferias de Salvador com o trecho "tudo azul, lindo como a cor do mar". E no Rio Vermelho, neste dia 2 de fevereiro de 2024, a cor perpetuou em cada canto do bairro boêmio.

Iemanjá, Janaína, Dandalunda, ou qualquer outro nome que você dê à orixá, era chamado pelos arredores do Rio Vermelho. Mulheres vestidas de sereia com colares de concha, muito glitter e, claro, muita música em eventos privados.

No estacionamento em frente ao Bombar - um bar do Rio Vermelho -, foi realizado o evento Som das Águas, que iniciou 12h30 e não tinha hora para acabar. Comprando antecipadamente, as pessoas pagaram cerca de R$ 65. Mas, com a grande procura, na porta saía por R$ 250.

Os shows contaram com a banda Afrocidade - que apresentou músicas da Timbalada -, o cantor O Kanalha e até a participação bem tímida do rapper Baco Exu do Blues.

Attoxxa chegou por volta das 18h para agitar a galera que estava dentro da festa, mas também quem ficou do lado de fora curtindo o show que ultrapassou as paredes.

Carla Almeida, de 25 anos, resolveu chegar no Rio Vermelho apenas na parte profana, justamente na hora em que RussoPassapusso, vocalista da banda BaianaSystem, entrou no palco da Eco Square para cantar as canções o grupo.

"Eu só vim para curtir e ficar na gandaia mesmo, porque eu sou ateia, não acredito em nada. Estou aqui para começar o meu Carnaval", disse a estudante de nutrição enquanto saiu correndo para entrar na roda que abriu ao som de "Playsson'.

Evento aberto para o público, o artista conseguiu aglomerar diversas pessoas na Rua Conselheiro Pedro Luiz com a banda, além da participação do grupo Ministereo Público por volta das 17h19, pouco depois do público entregar as oferendas à rainha do mar.

Andando em direção à Vila Caramuru, no largo do Mercado do Peixe, um pequeno palco tocava um samba de roda bastante conhecido: era Psirico. O grupo ainda se preparava para entrar ao entardecer, quando outro palco chamou a atenção pelo tamanho e o som que ecoava pelo local.

A Enxaguada de Yemanjá teve a potência de Carlinhos Brown com a chegada do cortejo e a imagem da orixá. Às 15h, as portas da Vila Caramuru abriram para baianos e turistas que queriam curtir não só o dono da Timbalada, mas também a participação de Daniela Mercury, Saulo Fernandes, Luiz Caldas e a ministra da Cultura Margareth Menezes.

Dias antes da festa, o valor no 4° lote saía por R$ 170. Mas, na hora do evento, era possível ver pessoas comprando até na mão de cambistas por R$ 450.

O valor alto não foi problema para quem queria ver o entardecer escutando um bom axé. Muitas pessoas se aglomeraram na rua ao lado do evento e curtiram de graça todo o show na ribanceira, se arriscando por um espaço pequeno entre a festa cara e o camarote na rua.  

O evento não foi apenas para turistas anônimos, o ator do momento, Humberto Carrão, esteve na Enxaguada de Iemanjá para prestigiar os cantores baianos. Ele também bateu ponto em outros eventos soteropolitanos, como o Festival de Verão.