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Festival sobre o tema acontece hoje (20) e amanhã (21) em Salvador
Maysa Polcri
Publicado em 20 de novembro de 2023 às 15:10
A conexão entre ancestralidade e presente para criar soluções assertivas para o futuro. Levando em consideração, é claro, as tradições africanas. Assim pode-se resumir o conceito de afrofuturismo, mas essa é só a ponta do iceberg. A mistura entre passado e atualidade impulsiona negócios e dá lucro, no entanto, ainda esbarra na falta de conhecimento das grandes marcas.
“Afrofuturismo é pensar o futuro a partir da perspectiva afro. Em geral, pensar sobre o futuro costuma ser voltado aos grandes centros de pesquisa da Europa e Estados Unidos. Então, nosso objetivo é inovar tendo como base as nossas perspectivas”, afirma Paulo Rogério Nunes, cofundador do hub de inovação Vale do Dendê.
Moda, gastronomia, arte, educação e cultura. São diversos os eixos que podem ser impactados pelo afrofuturismo. “O setor privado da Bahia ainda não entendeu o potencial dessa narrativa e dos negócios gerados por empreendedores afro. As pessoas enxergam o afro apenas como político, mas é um tema de mercado e inovação também”, completa Paulo Rogério.
Diversas personalidades nacionais e internacionais discutem a temática na quinta edição do Festival Afrofuturismo, que acontece em Salvador hoje (20) e amanhã (21). Ao todo, oito espaços no Centro Histórico e na Estação da Lapa recebem palestras, workshops e apresentações que têm como enfoque a simbiose entre ancestralidade e tecnologia. O tema desta edição é ‘De Volta para o Futuro’ e o evento faz parte da programação Salvador Capital Afro, promovida pela Prefeitura de Salvador.
“Temos um espaço de conversa chamado Dendê Talks e queremos que os afroempreendedores compartilhem suas experiências de como eles enxergam e se preparam para o futuro”, explica Maria Ribeiro, coordenadora geral do festival. Na prática, o afrofuturismo aparece em negócios como a agência Afrotours, que realiza passeios dentro de Salvador a partir da perspectiva afro, e a Escola Maria Felipa, primeira instituição de ensino afro-brasileira do Brasil.
Entre os convidados estão Ubiraci Pataxó, aprendiz de pajé, Grazi Mendes, head de Diversidade da ThoughtWorks, Karen Santos, cofundadora da UX para Meninas Pretas e Adah Parris, futurista britânica.
Na manhã desta segunda-feira (20), dia em que é celebrado a Consciência Negra, o público acompanhou o painel ‘Inovação, Tecnologia, Educação e Políticas de Equidade a serviço da Redução das Desigualdades’. Durante a conversa, o jornalista Manoel Soares falou sobre a importância das pessoas negras fazerem parte do movimento de inovação tecnológica.
“A tecnologia é a nova magia. Nós precisamos saber manuseá-la ou ficaremos enfraquecidos”, ressaltou. Também participaram do debate a intelectual Bárbara Carine e Angel Vasconcelos, líder de Equidade do IFood. Confira a programação completa de amanhã (21) aqui.