Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Maysa Polcri
Publicado em 20 de dezembro de 2023 às 13:00
Por volta das 10 horas da manhã desta quarta-feira (20), os estragos causados pelo arrombamento da Casa de Iemanjá, no Rio Vermelho, durante a madrugada, já não eram tão visíveis. Pescadores realizavam reparos no telhado, por onde o invasor entrou em quatro boxes e na casa onde ficam guardados os presentes oferecidos à Rainha do Mar. A menos de dois meses da Festa de Iemanjá, quem participa da celebração teme que a insegurança prejudique os festejos. >
Os pescadores da Colônia Z1 acreditam que o invasor estava em busca do cofre que armazena o dinheiro de doações, que não foi arrombado durante a invasão. Na ação, imagens de Iemanjá foram danificadas e boxes de pescadores invadidos. De acordo com Nilton Borba, titular da 7º Delegacia de Polícia do Rio Vermelho, não há registro de objetos roubados. >
“Apuramos que um ou dois usuários de drogas conseguiram tirar as telhas, afastaram o forro, e entraram na Casa de Iemanjá, mas não roubaram nada”, diz. Nilton Borba afirma que a polícia estuda aumentar o efetivo de guardas municipais no local e instalar mais câmeras de segurança, tendo em vista a proximidade do dia 2 de fevereiro, quando é celebrada a Festa de Iemanjá.>
A Polícia Civil ainda investiga se o homem que ficou preso no telhado de uma casa após tentar invadir a residência, também no Rio Vermelho, estava envolvido na ação na Colônia de Pescadores. >
Nilo Garrido, representante da Colônia Z1, acredita que a onda de insegurança que atinge o bairro impacta na celebração da festa. “É uma cena muito feia, que impacta a gente aqui, mesmo que os pescadores não tenham culpa. Já é a terceira vez que a Casa de Iemanjá é invadida perto do dia da festa”, afirma Nilo, que não soube precisar os anos das ocorrências. >
Depois da ação criminosa, duas viaturas da Polícia Militar faziam a segurança da localidade. Equipes da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e da Fundação Gregório de Mattos (FGM) também estiveram no local. “Ações que atingem os pescadores ameaçam a Festa de Iemanjá. São eles que contribuem para a construção da celebração e qualquer prejuízo que eles tenham, é prejudicial para todos”, afirma Chicco Assis, diretor da FGM. >
A secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi) Ângela Guimarães também esteve no local para averiguar os danos causados pela invasão. Segundo ela, a pasta vai acompanhar as investigações para apurar se há indícios de racismo religioso na ação. “Precisamos ir à fundo nas motivações porque se houve intolerância religiosa, não é mais uma ação somente de invasão, mas com esse agravante”, diz a titular da pasta. >
A Casa de Iemanjá é ponto de visitação de baianos e turistas durante todo o ano e na manhã desta quarta-feira (20) não foi diferente. Horas depois da invasão, um grupo de turistas chegou ao local em companhia de guias. Eles entraram e fotografaram o espaço sem saber que a casa havia sido alvo de uma ação criminosa. >
Graziele Graccioli, turista de São Paulo que fazia parte da excursão, disse que foi avisada sobre os perigos a que está sujeita na cidade antes de chegar. “Fomos alertados sobre a situação de assaltos e invasões. Isso é muito ruim para imagem da cidade, tanto que contratamos guias justamente para não andarmos sozinhos”, lamentou. >
A Polícia Civil investiga os danos causados na Colônia de Pescadores. “Conforme informações, um homem destelhou quatro Box de peixes na localidade, porém nada foi subtraído. Imagens de câmeras de segurança serão analisadas para identificar o autor”, pontuou em nota. >