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Ameaçado de morte, guia denuncia agências no Vale do Pati: ‘Expõem turistas a riscos’

Rafael Lage detalha precariedade no trabalho de condutores de trilhas de agências com conduta irregular

  • Foto do(a) author(a) Larissa Almeida
  • Larissa Almeida

Publicado em 1 de julho de 2025 às 07:00

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Trilha do Vale do Pati Crédito: Reprodução/Trilhas e Aventuras

O condutor de trilhas Rafael Lage trabalha há 15 anos na região da Chapada Diamantina conduzindo aventureiros até os pontos mais altos da localidade. Entre os deveres do ofício, guiar os turistas, ensinar sobre a história do parque, promover a preservação, o respeito ambiental e zelar pela segurança dos liderados configuram funções básicas. Essa, no entanto, não é a realidade de todos os guias, especialmente aqueles que trabalham na trilha do Vale do Pati em condições precárias e acumulando funções, conforme denunciado por Rafael em denúncia coletiva.

“O que tem ocorrido é um fator novo, que ocorre após a pandemia, onde agências comprometidas apenas com o lucro, passaram a formar grupos muito grandes e com poucos guias, para pagar menos diárias aos trabalhadores e aumentar sua margem de lucro, sobrecarregado os guias e consequentemente expondo seus turistas a um risco maior nas trilhas e uma qualidade de experiência mais empobrecida”, afirma Rafael em entrevista ao CORREIO.

A conduta apontada por ele foi alvo de uma denúncia protocolada no Ministério Público Federal (MPF) e, mais recentemente, no Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA). Ele e outros guias construíram o documento coletivamente, mas apenas Rafael assinou como autor porque os colegas de profissão tiveram medo de represálias.

Tal receio não é infundado, uma vez que o próprio Rafael foi vítima de ameaças de morte e agressão desde que passou a divulgar as más condições de trabalho e as irregularidades em serviços prestados por agências na região. A maior reivindicação é quanto a definição e cumprimento da proporção de turistas e guia por excursão, uma vez que não existe clareza, tampouco fiscalização por parte do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que é responsável por essas tarefas.

Depois que trouxe a questão à tona, o guia conta que passou a ser hostilizado por colegas de profissão que trabalham em agências que operam em circunstâncias irregulares. “A princípio, fui hostilizado através de mensagens agressivas e intimidadoras no ambiente virtual, mas que no dia 20 de junho se concretizaram em agressões físicas”, conta.

“É uma tentativa de me intimidar no meu ambiente de trabalho e de atentar contra a minha integridade física, na tentativa de coagir o meu ímpeto em denunciar essa situação. Obviamente, esses guias, que são poucos, não entenderam o que estou fazendo, podem estar sendo direcionados pelos patrões, que podem estar os ameaçando com a perspectiva de terem de fechar as portas. Com isso, eles perderiam seus empregos e, nesse contexto, eu me torno um vilão para esses poucos”, completa.

Apesar da situação delicada que vive, Rafael Lage defende a necessidade de atuação imediata das autoridades no intuito de impedir novos riscos à segurança dos guias e turistas. “Nos últimos meses tivemos uma sequência de cinco acidentes graves com traumatismo na trilha do Vale do Pati, fato nunca antes acontecido. [...] Além da empatia pessoal com o turista, me entristece ver meus irmãos e irmãs de classe sendo submetidos a tudo isso, tendo de aceitar essas condições de trabalho que os expõe a acidentes e sofrimento para adquirir a sobrevivência”, diz.

“Essa sequência de acidentes vai criando uma imagem negativa para a Chapada Diamantina, como se fosse um local perigoso, quando na verdade não é, se for feito com bons profissionais e agências responsáveis”, finaliza.

Rafael Lage

Condutor de trilhas na Chapada Diamantina