Ponto da Moda faz morada no Uruguai e capacita moradores

Um desfile realizado com 60 peças encerrará a segunda edição do curso nesse sábado, 02

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  • Yasmin Oliveira

Publicado em 1 de março de 2024 às 05:45

O curso acontece no bairro do Uruguai
O curso acontece no bairro do Uruguai Crédito: Paula Froes/CORREIO

Croquis, medidas, modelagem, corte de tecido, escolha do melhor material, pontos, manuseio de máquinas industriais até a finalização de uma peça. Todas essas etapas foram contempladas no projeto Ponto da Moda, que contemplou os moradores do Uruguai com o curso para operador polivalente do setor de Confecções, com competências desenvolvidas nas áreas de Costura Industrial, Desenho Técnico e Modelagem.

O projeto é uma realização da Lavoro Brasil, com patrocínio da Braskem e apoio do Condomínio Bahia Têxtil e do Sindicato da Indústria de Vestuário do Estado da Bahia (Sindvest). Mais de 60 peças serão apresentadas na passarela em um desfile só para convidados nesse sábado (2).

Para Maria Cristina Melo, 55, o curso está sendo a realização de um sonho. A moradora da Rua Direta do Uruguai nunca teve contato direto com a costura, mas, desde pequena, tinha vontade de aprender a costurar. Ela estava finalizando o vestido que usaria para o desfile, enquanto contava sobre a inspiração da criação, que veio através de pesquisas na internet e as técnicas aprendidas no curso de 350 horas e totalmente gratuito. “Costura é algo que sempre vai existir na nossa vida, sempre vamos precisar das confecções. Eu queria expandir meu conhecimento em algo diferente. Esse curso capacita a gente e ainda abre portas com oportunidades para trabalhar”, explicou Maria Cristina.

As expectativas de Maria Cristina para o desfile chegam a ser confundidas com nervoso por nunca ter desfilado publicamente, como acontece com sua colega Ednar Souza, 43, que mesmo com a experiência de costura, está entre a animação e a ansiedade para apresentar seus modelitos para a família e amigos.

“Tinha o sonho de aprimorar a costura porque tenho família quase toda de costureiras, mas tive que, durante algum tempo, parar para trabalhar. Eu fui pai e mãe do meu filho e não tive tempo para frequentar cursos. Então, quando vi essa oportunidade, decidi ir atrás “, conta. Ednar ressalta que a oportunidade também é importante para as demais mulheres do bairro. “Ser costureira não é apenas fechar uma roupa, é preciso passar segurança para o cliente e apresentar um bom resultado ”, completa a costureira recém formada.

"A escolha em apoiar o Ponto da Moda se deve ao seu alinhamento com os propósitos da Braskem de incentivar ações e iniciativas que fomentem a inclusão social. Por meio da formação de mão de obra qualificada, a iniciativa promove na comunidade o empoderamento, oferecendo aos participantes, homens e mulheres, uma nova perspectiva profissional e de vida. Além disso, estimulamos um diálogo entre os participantes sobre a economia circular e a importância da reciclagem", conta a gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia, Magnólia Borges.

Para o coordenador técnico do Ponto da Moda e diretor da Lavoro Brasil Artur Santos, o Ponto da Moda surgiu em 2022 para formar pessoas para atuarem no setor de Confecção e promover a inserção de moradores da região do Uruguai, no mercado de trabalho. O momento mais esperado é o desfile por mostrar aos alunos que eles superaram as dificuldades, não apenas técnicas do aprendizado, mas também de permanecer no curso mesmo com as adversidades do dia a dia.

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Maria Cristina mostrando seus croquis Crédito: Paula Froes/CORREIO

“Apesar de já estarmos na segunda edição do projeto, o desfile é sempre um momento de emoção não só para a plateia, mas também para o próprio aluno, que se sente realizado por ter conseguido superar as dificuldades. Não é à toa, eles passam por um treinamento completo, inclusive tendo aula com uma modelo profissional, que lhes dá autoconfiança para apresentar na passarela com desenvoltura suas próprias criações”, relata Artur.

Quem não escondia o orgulho pela superação das turmas matutina e vespertina foi a professora Vanessa Costa. “Para mim, como professora, foi fácil de lidar com a diversidade de experiências da turma, composta por uma média de 80 pessoas. Porém, sempre tem os momentos de tensão, porque eles ficam nervosos. Mas, o processo todo é muito bom. Eles desenvolveram muito bem, afinal, para costurar é necessário querer, ter coragem e dedicação”, finalizou Vanessa Costa.

Com orientação da subeditora Monique Lôbo