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Emilly Oliveira
Publicado em 30 de agosto de 2023 às 05:00
Professores da rede estadual de educação denunciam descontos de mais de R$ 800 nos salários do mês de agosto, devido aos dias não trabalhados durante a paralisação pelo pagamento dos juros de mora dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da Valorização do Magistério (Fundef). Os docentes paralisaram as atividades por oito dias - de 17 a 24 de agosto. >
Para os professores, o ofício emitido pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC-BA) no dia 16 de agosto, determinando que as ausências dos docentes fossem registradas durante os dias de paralisação, significou um aceno aos cortes.>
Segundo um professor com 24 anos de magistério, que aderiu a paralisação e preferiu não se identificar, consta um desconto de R$ 822,84 no contracheque dele do mês de agosto, descrito como “Faltas Greve”. O documento foi liberado na noite desta terça-feira (29), com três dias de atraso, se comparado a emissão de praxe, que costuma acontecer entre os dias 25 e 26 de cada mês. >
Outro professor denunciou ao CORREIO ter sofrido um desconto de R$ 337,68. Ainda de acordo com o docente, que sofreu a perda mais expressiva, o sistema RH Bahia, responsável pela emissão das folhas de pagamento, chegou a sair do ar por causa da quantidade de pessoas tentando emitir o documento ao mesmo tempo.>
Diante da notícia negativa, a preocupação agora é como pagar as contas. “Eu vou ter que escolher quais contas pagar. Mesmo que depois o governo restitua esse valor, por conta dos 200 dias letivos, a conta que eu deixei de pagar terá juros e eu não vou receber esse valor [descontado por causa da paralisação] com juros”, lamenta o professor que deixou de receber R$822,84.>
Apesar de alguns professores não terem aceitado falar por medo de uma ação pior do Governo estadual, o docente ouvido pelo CORREIO afirma que o clima nos grupos de mensagens é de revolta. Além de não concordarem com os cortes, os profissionais da educação não têm noção de qual o critério adotado para definir o valor descontado de cada um deles. >
Outro ponto destacado pela categoria é que as aulas são sempre repostas para garantir o cumprimento dos 200 dias letivos. Sendo assim, não haveria razão para os cortes. Os professores esperam um posicionamento do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-Ba) para contestar os descontos.>
Procurado, o presidente da APLB Sindicato ameaçou uma greve, caso os valores não sejam devidamente devolvidos aos professores. Segundo contas da instituição, cerca de 20 mil profissionais foram afetados.>
"Temos hoje reunião com a secretária de educação, e a nossa decisão é que não devolvendo, não tem reposição. É um absurdo. Pode acontecer até uma greve por conta disso, depende dela", disse Rui.>
A Secretaria Estadual de Educação (SEC) também foi procurada para saber quais são os critérios adotados para os cortes de cada professor, mas não retornou.>