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Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2024 às 21:45
Com o objetivo de produzir conhecimento, divulgar e valorizar o patrimônio cultural material e imaterial da cidade, a quinta edição da Jornada do Patrimônio Cultural de Salvador foi iniciada nesta terça-feira (20) no bairro do Curuzu em Salvador. Com o lema "Legado Afro-Soteropolitano: Fé, Festa e Outras Frestas" o evento será realizado até a próxima quarta-feira (21). >
A programação conta com mesas, rodas de conversas e apresentações culturais. O primeiro dia ocorreu no terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, no bairro do Curuzu. Pela manhã foram realizadas as mesas de abertura e sobre Patrimonialização de Bens Culturais Afro-Soteropolitanos que contou com a presença do Padre Lázaro Muniz, pároco da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. >
“Nós precisamos garantir o respeito entre as religiões e lembrar que o legado afro-diaspórico não é especificamente para os irmãos do candomblé ou para a igreja. Nós temos homens e mulheres santos e que também foram escravizados. Nós precisamos dizer que cada religião tem o seu lugar, cada uma merece respeito e devem ser valorizadas dentro do seu conteúdo, que é espiritual, cultural, social e que transformam a nossa sociedade”, declarou o Padre Lázaro. >
Já pela tarde, as atrações foram rodas de conversa e uma apresentação de um grupo de aprendizes de Capoeira. Na quarta, o evento se desloca para a colônia de pesca Z1, no Rio Vermelho, onde será feita uma homenagem aos pescadores mais velhos da colônia. >
Para Chico Assis, diretor de patrimônio e relações culturais da Fundação Gregório de Matos (FGM), responsável pelo evento, a jornada aproxima a população dos equipamentos tombados em Salvador e celebra os 10 anos da sanção da lei municipal nº 8.550/2014, que estabeleceu normas de proteção e preservação dos patrimônios históricos na capital. >
“Estamos aqui lembrando da importância do patrimônio e aproximando esse conceito da própria população, que mantém esse patrimônio vivo. Salvador é um local em que a cada passo encontramos patrimônios vivos, materiais e imateriais e celebrar essa data é de uma importância fundamental”, afirmou. >
O terreiro Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe fica localizado na Rua Direta do Curuzu, a poucos metros da Senzala do Barro, que é a sede do Ilê Aiyê. O local foi tombado como patrimônio histórico em 2014. O babalorixá do terreiro Milton Costa enfatiza a importância da chegada do evento no espaço >
“Isso é muito importante para nós, porque fomos tão perseguidos pela polícia, igreja, por tudo que acontece nas outras religiões e hoje estamos iguais a eles. Candomblé não é nada mais, nada menos do que cultura, igual às outras. Nós fazemos um trabalho com as crianças da comunidade, com capoeira, samba de rota, maculelê. Eles têm que estar na escola para participar e os pais se certificam disso porque sabem que aqui nós os educamos e ajudamos”, disse. >
Confira a programação de quarta-feira:>
Local: Colônia Z1 – Rio Vermelho >
09:00 - Saudação: Nilo Garrido (Sr. Nilinho) - responsável pela Colônia e candidato à presidência. >
-Homenagem a pescadores mais velhos da Colônia. >
10:00 - Roda de Conversa: Gestão Social, Sustentabilidade e Desafios da Salvaguarda do Patrimônio Imaterial. >
Debatedores: Dra. Cristiane Sobrinho, Prof. Carlos Fernando Lopes, Prof. Dr. André Luis Santos >
Mediação: Antonioni Afonso >
12:00 - Almoço: preparado por membros da comunidade, com contribuição voluntária para apoiar a Colônia de Pescadores. >
14:00 - Vivência: Bate-papo com pescadores, com oficina para confecção de tarrafa de mosquiteiro e rede de pesca. >
Mediação: Dr. Vagner Rocha (FGM) >
16:00 - Atração Cultural: Apresentação de grupo de Samba de Marujo. >