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Millena Marques
Publicado em 1 de setembro de 2025 às 08:44
Uma pesquisa desenvolvida pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciências de Alimentos (PPGcal) da Universidade Estadual do Oeste da Bahia (Uesb) avaliou a qualidade de tilápias vendidas nas feiras livres de Itapetinga, no interior do estado. O resultado acende um alerta para a população. Isso porque todas as amostras analisadas estavam contaminadas com bactérias patogênicas. >
“Identificamos a presença de Salmonella, conhecida por causar infecções intestinais graves e outros problemas gastrointestinais”, explica Ícaro Bastos, mestrando do PPGcal e um dos autores do estudo, sob orientação da professora Ligia Miranda Menezes. Resultados da pesquisa foram publicados na última semana.>
Além da Salmonella, também foram detectadas Escherichia coli e Staphylococcus, o que torna o alimento impróprio para consumo e representa risco à saúde pública. “Mesmo que o peixe seja cozido por mais de 20 minutos, o calor não elimina esporos resistentes nem certas toxinas produzidas pelas bactérias”, alerta o pesquisador. >
Os riscos são ainda maiores para crianças, idosos e pessoas com a imunidade comprometida. “A contaminação por Salmonella pode causar diarreia, febre, cólicas, náuseas e vômitos, que em casos mais graves exigem hospitalização. Por isso, a presença dessa bactéria representa um alerta sério para a segurança alimentar”, reforça Ícaro. >
Para evitar problemas, a recomendação é comprar peixes em locais que sigam boas práticas de higiene e garantam refrigeração adequada. Segundo o pesquisador, estudos como este revelam a fragilidade da segurança alimentar em canais de abastecimento tão importantes quanto as feiras livres. >
“A detecção generalizada de Salmonella, Staphylococcus e a não conformidade em Escherichia coli em tilápias não é apenas um dado microbiológico, mas um sinal de alerta severo sobre a falha sistêmica nas boas práticas higiênico-sanitárias”, pontua. >
A pesquisa também reforça a necessidade de políticas públicas eficazes e de fiscalização sanitária mais rigorosa, desde o transporte até a comercialização do pescado. Programas de conscientização para comerciantes e consumidores também são essenciais para promover práticas seguras de higiene e manuseio. “Diante de dados tão claros, não agir seria negligenciar a saúde da população”, conclui. O estudo contou com a participação dos estudantes Suzie Candio e Djalou Joseph, doutorandos do PPGCal vindos do Haiti, Gabriely Pasto França, mestranda do programa, e Rainy Fernandes Rocha, graduanda em Engenharia de Alimentos. >