Salvador sai do 4º para o 1º lugar entre as capitais com maior percentual de mulheres no país

Os dados mostram ainda que Salvador é o 2º município mais feminino do país, só perde para Santos, em São Paulo

  • D
  • Foto do(a) author(a) Maysa Polcri
  • Da Redação

  • Maysa Polcri

Publicado em 27 de outubro de 2023 às 10:00

Para quem já foi a algum lugar em Salvador, olhou no entorno pra fazer o reconhecimento do local, e constatou que só tinha mulher ali, os novos dados do Censo do IBGE farão todo sentido: Salvador saiu da quarta 4ª posição para ser tornar a campeã no país entre as capitais com maior percentual de mulheres. Se no Censo de 2010 elas representavam 53,3% da população, agora somam 54,4%, numa proporção de 8 homens para cada dez mulheres. Os dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Ibge mostram ainda que Salvador é o 2º município mais feminino do país, só perde para Santos, em São Paulo, com (54,7%).

De acordo com os dados do Ibge, entre 2010 e 2022, a participação das mulheres na população teve um crescimento significativo em Salvador, levando a cidade, no ano passado, aos postos de capital mais feminina do país e de 2º município brasileiro com maior proporção de mulheres no total de habitantes. Em 2022, as mulheres representavam 54,4% da população soteropolitana, ou 1.315.298 de um total de 2.417.678 habitantes.

Embora o contigente feminino tenha diminuído em relação a 2010, se reduziu menos do que o masculino e do que a população total da capital, o que fez a participação das mulheres crescer. O número total de moradores de Salvador caiu 9,6% entre 2010 e 2022 (menos 257.978 pessoas), mas o de homens recuou 11,7% (menos 146.517, indo a 1.102.380), enquanto o de mulheres se reduziu em 7,8% (menos 111.461).

"A feminização do país como um todo tem relação tem relação com o envelhecimento da população e a forma com que homens e mulheres levam a vida. Temos uma mortalidade muito maior entre homens, especialmente nos primeiros anos de vida", analisa Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE. 

Assim, a proporção de mulheres na cidade subiu de 53,3% para 54,4%, apresentando o maior crescimento de participação (+1,1 ponto percentual) e elevando Salvador da 4ª colocação, em 2010, para o posto de capital mais feminina do Brasil em 2022, superando Aracaju (SE), Porto Alegre (RS) e Recife (PE). A capital baiana tinha o menor número de homens por mulher, da Bahia e entre as capitais (83,8 homens para cada 100 mulheres).

Os dados divulgados pelo IBGE indicam a necessidade da elaboração de políticas voltadas para mulheres na cidade, como explica Amanda Alves, pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (Neim/UFBA). "Apesar de sermos maioria e ocuparmos espaços como as universidades e o mercado de trabalho, as desigualdades de gênero não diminuíram", ressalta. 

"Precisamos de políticas públicas que atendam às necessidades relativas a saúde das mulheres, políticas atendam também o cuidado infantil para que não tenha sobrecarga de funções dessas mulheres, políticas destinadas ao emprego e renda, como capacitações, entre outras. Para além disso, é importante que o poder público ouça as necessidades dessas mulheres e que nós também estejamos compondo os espaços de decisões", completa a pesquisadora. 

O prefeito de Salvador Bruno Reis comemorou o fato de a cidade ter se tornado a capital mais feminina do país. "Vemos o protagonismo que as mulheres alcançam cada vez mais na sociedade e reconhecemos as lutas e conquistas históricas delas", disse durante um evento sobre turismo no Forte Santa Maria, nesta sexta-feira (27).

Bruno Reis ainda falou sobre a participação feminina dentro da prefeitura. "Temos muitas mulheres em posição de destaque, que nos ajudam a governar a cidade com muita competência e capacidade", ressaltou. 

Seis em cada 10 municípios baianos tinham mais mulheres do que homens

O aumento da participação feminina na população baiana se refletiu num maior número de municípios onde as mulheres eram mais numerosas do que os homens. Em 2022, seis em cada 10 cidades da Bahia tinham população feminina maior do que masculina (245 dos 417 municípios, ou 58,8% do total). Doze anos antes, em 2010, essa era a situação em 4 de cada 10 cidades do estado (154 ou 36,9% do total).

Dos cinco municípios baianos com maior proporção de mulheres na população (e, portanto, menor razão de sexo), quatro estão no top-20 nacional: Salvador (54,4% de mulheres, 2o maior percentual do país), Itabuna (53,5%, 16o do país), Feira de Santana (53,4%, 17o do país) e Cruz das Almas (53,4%, 20o). Amélia Rodrigues (53,4%) completa o ranking estadual e tem a 22ª posição nacional.

No outro extremo, o município de Arataca, que tem o maior percentual de homens na Bahia (52,8% ou 111,8 homens para cada 100 mulheres) é apenas o de número 127 entre os mais masculinos do país.

Os novos dados do Censo também apontam que, a população da Bahia era de 14.141.626 habitantes em 31 de julho de 2022, sendo 7.305.940 (51,7%) mulheres e 6.835.686 (48,3%) homens. Além de continuarem a maioria, as mulheres ampliaram sua participação na população baiana e foram as responsáveis pelo pequeno crescimento demográfico verificado no estado, nos 12 anos que separaram os dois últimos Censos.

Entre 2010 e 2022, o total de habitantes da Bahia aumentou 0,9%, o que representou mais 124.720 pessoas residindo no estado, mas o número de homens caiu nesse período (-0,6% ou menos 42.580 em números absolutos), enquanto o de mulheres cresceu 2,3%, o que significou mais 167.300 do sexo feminino, no período. Com isso, a proporção de mulheres na população baiana aumentou de 50,9% para 51,7%, entre um Censo e outro. 

Foi o 3º maior ganho de participação da população feminina entre os estados (+0,73 ponto percentual), abaixo apenas dos verificados em Rondônia (+1,06 ponto percentual, chegando a 50,2% do total de habitantes) e Sergipe (+0,74 ponto percentual, chegando a 52,1%).Também fez a Bahia subir três posições no ranking, de 12º para o 9º estado mais feminino do Brasil, entre 2010 e 2022, superando Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará. 

Entre os Censos de 2010 e 2022, o país como um todo também se tornou discretamente mais feminino. Enquanto a população total cresceu 6,5% (de 190.755.799 para 203.080.756 pessoas), o total de homens avançou 5,5%, chegando a 98.532.431 (48,5% dos habitantes) e o de mulheres cresceu 7,4%, indo a 104.548.325 (51,5% da população, contra 51,0% em 2010).

O número de mulheres cresceu mais do que o de homens e a participação delas na população total aumentou em todos os 27 estados. Em 2022, as maiores proporções de população feminina continuavam no Rio de Janeiro (52,8%), no Distrito Federal (52,3%) e em Pernambuco (52,3%). Mato Grosso (49,7%) Roraima (49,7%) e Tocantins (49,9%) eram os únicos estados em que as mulheres não eram a maioria.

Razão de sexo na Bahia diminuiu de 98 homens/100 mulheres para 94 homens/100 mulheres

A partir das populações feminina e masculina, constrói-se o indicador de razão de sexo, que mostra quantos homens existem para cada 100 mulheres num determinado local. Segundo o Censo Demográfico, em 2022 a razão de sexo na Bahia era de 93,6. Arredondando, havia 94 homens para cada 100 mulheres.

Além de ser a 9ª mais baixa do país (onde havia, em 2022, 94,2 homens para cada 100 mulheres), essa razão vem diminuindo, na Bahia, principalmente a partir de 2010. Era de cerca de 98 homens para cada 100 mulheres no Censo de 1980 (97,5/100), manteve-se nesse mesmo patamar até o Censo 2000 (97,8/100), caiu para 96,4/100 em 2010 e chegou a 93,6/100 no ano passado.

O aumento do número de pessoas idosas é um fator de influência importante na redução da razão de sexo. Como as mulheres apresentam mortalidade menor em todas as etapas da vida, é esperado que, com o envelhecimento demográfico, o número de homens seja gradualmente menor do que o de mulheres.

Salvador é a capital com mais mulheres no país
Salvador é a capital com mais mulheres no país Crédito: Divulgação: Sepromi