Sem os trens do Subúrbio, passageiros perderam R$ 6,7 mil nos últimos três anos

Moradores e trabalhadores precisaram trocar passagens de R$ 0,50 dos trens pelas tarifas do ônibus

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  • Raquel Brito

Publicado em 16 de abril de 2024 às 06:00

Locomotiva do trem do Subúrbio será leiloada
Locomotiva do trem do Subúrbio Crédito: Divulgação

Extintos em fevereiro de 2021, os trens do Subúrbio serão substituídos pelo Veículo leve de transporte, segundo promessa do governo estadual. Mas, sem avanços na implantação do VLT, a única opção para os moradores e trabalhadores do Subúrbio Ferroviário são os ônibus.

Levantamento do CORREIO aponta que, entre fevereiro de 2021 e abril deste ano, as pessoas que utilizavam a linha de trens entre Paripe e Calçada nos cinco dias úteis perderam, em média, R$ 6,7 mil desde a desativação do antigo modal. Esses passageiros tiveram que desembolsar mais dinheiro para se deslocar, já que passaram a pagar passagens dos ônibus entre R$ 4,20 no início de 2021 a R$ 5,20 atualmente.

O antigo modal, que era a principal forma de transporte na região, tinha tarifa de R$0,50 e transportava quase 10 mil pessoas por dia. Uma das pessoas que dependia dos trens era a auxiliar administrativo Darcilene Souza, de 34 anos. Moradora de Alto de Coutos, ela costumava usar os trens todos os dias da semana. Agora, Darcilene reduziu as idas ao centro da cidade por causa do alto custo do trajeto.

“Hoje nós não temos mais a praticidade e a rapidez que tinha na época do trem. Passamos por diversos engarrafamentos em toda a Suburbana e isso prejudica bastante o trajeto”, declarou. A moradora afirmou ainda estar desanimada em relação ao VLT. “Nós, usuários dos trens, sabemos que quando o VLT sair do papel e virar realidade, o valor da tarifa da passagem com certeza vai ser caro, como os ônibus. Então, estou desesperançada”, contou.

Anete de Carvalho, 54, mora em Periperi e também ia sempre de trem ao centro da cidade. Agora, ela torce para que as obras do VLT tenham início o mais rápido possível.

“Hoje, eu vou de ônibus, o que aumentou muito o custo e o tempo de viagem também, porque a Suburbana sempre tem congestionamentos. Os trens fazem muita falta para nós suburbanos”, diz.

Gilson Vieira, 68, ativista do movimento ferroviário e integrante do projeto Ver de Trem, nasceu e cresceu no Subúrbio. Desde a infância, fascinado pelas paisagens e pelo balanço do trem, utilizava o meio de transporte, e chegou a viajar para Simões Filho, Dias D’ávila e Alagoinhas. “A falta do trem tem causado sérios transtornos para a população de modo geral e para as pessoas que só tinham condições financeiras de pagar o valor de R$ 0,50. Principalmente, para o pessoal que trabalhava com os frutos do mar", disse ele.

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou, no final do ano passado, que as obras do VLT estão orçadas em mais de R$3,6 bilhões. Com 36 quilômetros de extensão, o trajeto do modelo abrangerá de São João (Simões Filho) até Piatã.

*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva