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Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2023 às 10:26
A taxa de desocupação na Bahia ficou em 13,3% no terceiro trimestre, praticamente igual à do segundo trimestre (13,4%), e voltou a ser a maior do país. Os dados foram divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) Trimestral do IBGE, nesta quarta-feira (22).>
Segundo Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE, a volta da Bahia à liderança do ranking de estados com maior taxa de desocupação ocorre por um conjunto de fatores. “O mercado de trabalho meio que andou para o lado. Praticamente mantivemos a mesma taxa de desocupação do 2º trimestre, não tivemos um ganho importante no número de pessoas trabalhando e continuamos a ver o número de pessoas desocupadas aumentar. Em comparação com outros estados, que tiveram melhoras mais importantes, acabamos ficando um pouco para trás e voltamos a ter a maior taxa de desocupação do país”, afirma.>
Apesar de não ter recuado de forma significativa e de ser a mais alta entre os estados, a taxa de desocupação baiana foi a menor para o período em oito anos, desde 2015. Para o economista Marcelo Ferreira, isso ocorre como reflexo de uma pequena geração de empregos junto a outros fenômenos. "A informalidade e o desalento, que é quando as pessoas desistem de procurar emprego em função de fatores diversos que as impedem de acessar o mercado de trabalho, são possibilidades combinadas [dessa diminuição]", analisa.>
Segundo o IBGE, a estabilidade da taxa de desocupação na Bahia, entre o 2º e o 3º trimestres se deu porque, embora a população ocupada tenha aumentado (+1,8%, ou mais 106 mil), a oferta de vagas não foi suficiente para atender à demanda por trabalho, e o total de desempregados também voltou a crescer (+1,2% ou + 11 mil).>
Mariana Viveiros destaca que a baixa geração de empregos já é um problema com precedentes no estado. "É um desafio estrutural do estado ter atividades econômicas que possibilitem a geração de trabalho. É preciso fomentar setores que favoreçam não só o emprego, mas também o empreendedorismo, o trabalho por conta própria, qualificado, formalizado, que ofereçam de fato alternativas de ocupação e de renda, porque o desemprego implica em pessoas que não conseguem ter salário, que não conseguem ter uma renda para sobreviver, para pagar suas contas, para ter uma vida digna", destaca.>
A alta do número de trabalhadores do segundo para o terceiro trimestre, na Bahia, foi puxada pelo aumento no total de empregadores com CNPJ, portanto, formais (+36 mil) e de empregados no setor público (+32 mil). Com isso, a taxa de informalidade no mercado de trabalho baiano seguiu em queda e ficou em 52,1% (frente a 52,7% no 2º tri). >
Do 2º para o 3º trimestre, o número de pessoas trabalhando cresceu em 6 das 10 atividades, na Bahia, puxadas pela administração pública (+91 mil) e transportes (+36 mil). Construção (-53 mil trabalhadores) e informação e comunicação (-23 mil) concentraram o saldo negativo;>
No 3º trimestre, os rendimentos médios reais dos trabalhadores aumentaram na Bahia, em Salvador e na Região Metropolitana da capital, tanto frente ao trimestre anterior quanto em relação ao mesmo período de 2022.>
Os dados apontam também que Salvador teve tendência maior de queda na taxa de desocupação, do 2º (16,0%) para o 3º trimestre (15,1%), mas também voltou a ser a capital com maior índice de desemprego no Brasil. Já a taxa de desocupação da Região Metropolitana de Salvador ficou em 16,5%, seguindo como a 2ª maior entre as RMs, bem próxima da registrada na RM Recife/PE (16,6%).>
De acordo com Marcelo Ferreira, a limitação da economia da capital baiana e falta de instrução são os principais causadores da alta taxa de desocupação registrada na cidade. "A economia de Salvador é muito limitada e muito concentrada no setor de comércio e serviços. Não temos uma grande industrialização e seria preciso uma ampliação do parque industrial de Salvador e Região Metropolitana como forma de gerar empregos no setor de transformação, que consequentemente impacta outros setores da economia e aumenta o PIB. Outro fator é a escolaridade. Há empresas com dificuldades de obter funcionários com o nível de qualificação que se deseje", finaliza.>