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Carol Neves
Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 08:14
A rápida expansão de uma nova ramificação do vírus da gripe levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a acender o alerta para a próxima temporada de influenza, prevista para o fim de 2025 e o início de 2026. O cenário ganha relevância por coincidir com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, período tradicionalmente marcado por aumento de infecções respiratórias. >
O crescimento dos casos está associado principalmente ao influenza A (H3N2), impulsionado por um subclado identificado como K, também conhecido pela nomenclatura genética J.2.4.1. Essa variante começou a se espalhar de forma mais acelerada a partir de agosto de 2025 e passou a aparecer com maior frequência em análises laboratoriais realizadas em diferentes países.>
Até o momento, os dados avaliados pela OMS não indicam que essa ramificação esteja ligada a quadros mais graves da doença. A organização ressalta que o comportamento observado ainda se enquadra no padrão da gripe sazonal, que pode variar de infecções leves a formas graves, sobretudo entre pessoas mais vulneráveis.>
Gripe
Apesar de o termo “gripe K” ter se popularizado em redes sociais e manchetes, a OMS esclarece que não se trata de um novo vírus. O que está em curso é a evolução natural do influenza A, um agente conhecido por sofrer alterações genéticas frequentes ao longo do tempo. A variante K apresenta mudanças em relação a linhagens anteriores, o que explica o monitoramento mais próximo.>
No balanço mais recente, a OMS afirma que a atividade global da gripe permanece, em termos gerais, dentro do esperado para a estação. Ainda assim, alguns países registraram aumentos mais precoces e intensos do que o habitual, o que acende um sinal de atenção para sistemas de saúde que já costumam operar sob maior pressão durante o inverno.>
Disseminação e cenário internacional>
O principal fator de preocupação é a velocidade com que a variante K passou a circular. Dados de sequenciamento genético indicam crescimento rápido na detecção desse subclado desde agosto de 2025, em diferentes regiões do mundo.>
Na Europa, a temporada de gripe começou antes do período tradicional, com aumento da positividade dos testes e predominância do influenza A(H3N2) tanto na atenção primária quanto em hospitais. Esse padrão contribuiu para que o tema entrasse no radar das autoridades sanitárias.>
Em outras áreas, o comportamento do vírus é mais irregular. Em partes do Hemisfério Sul, algumas temporadas foram mais prolongadas do que o habitual, enquanto em regiões tropicais a circulação do influenza ocorre de forma mais constante ao longo do ano.>
Na América do Sul, não há registros, até agora, da circulação da variante K. Mesmo assim, especialistas consideram plausível que o subclado chegue ao Brasil, especialmente em um contexto de maior fluxo internacional de pessoas no fim do ano.>
Grupos mais vulneráveis>
Embora a maioria das pessoas se recupere da gripe em cerca de uma semana, a infecção pode evoluir para complicações graves. Crianças pequenas, idosos, gestantes, pessoas com doenças crônicas e profissionais de saúde estão entre os grupos mais suscetíveis.>
Entre os idosos, o risco aumenta de forma significativa a partir dos 60 ou 65 anos, especialmente acima dos 80, com maior probabilidade de hospitalização, insuficiência respiratória e morte. Gestantes também podem apresentar quadros mais graves, com risco de desfechos adversos, e crianças exigem atenção especial diante do surgimento de novas variantes.>
A OMS destaca ainda que o uso de antivirais pode ser particularmente benéfico para pessoas com maior risco de evolução para formas graves da doença.>
O que a OMS recomenda agora>
A organização não indica restrições a viagens ou ao comércio internacional. As recomendações se concentram em medidas clássicas de saúde pública, com foco em duas frentes principais:>
Vigilância e preparação dos sistemas de saúde, com monitoramento contínuo dos vírus em circulação e reforço da capacidade laboratorial;>
Proteção individual e coletiva, com vacinação anual de grupos prioritários e profissionais de saúde, além de ações para reduzir a transmissão, como higiene das mãos, etiqueta respiratória e evitar contato próximo quando houver sintomas.>
A OMS também chama atenção para a necessidade de melhorar a cobertura vacinal, especialmente entre idosos, e reforça a importância de adesão à vacinação assim que a formulação atualizada para 2026 estiver disponível.>