Tiros de borracha e bomba de efeito moral: motociclistas acusam polícia de agressão na Av. ACM

Categoria bloqueou via durante manifestação nesta sexta (2); PM afirma que usou instrumentos de menor potencial ostensivo

  • Foto do(a) author(a) Esther Morais
  • Esther Morais

Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 14:38

Motociclistas acusam polícia de agressão na Av. ACM
Motociclistas acusam polícia de agressão na Av. ACM Crédito: Leitor Correio

Os motociclistas de aplicativo que protestaram na manhã desta sexta-feira (2) na Av. ACM contra a morte de Anderson dos Santos Oliveira, de 35 anos, durante um assalto na Avenida Aliomar Baleeiro, acusam o Esquadrão Águia, da Polícia Millitar, de agressão. Eles afirmam que policiais deram tiros de borracha, jogaram bombas de efeito moral e gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes que bloquearam a via, próxima ao Shopping da Bahia. 

O vice-presidente da Associação dos Motofretistas, Mototaxistas e Motoentregadores, André Reis, afirma que a polícia não deu opção de diálogo e desceu das viaturas já agredindo quem estava no protesto. "Chegou o pelotão destinado à desobstrução total utilizando tiro, bomba e gás", acusa. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram os militares acompanhando os motociclistas durante a passeata. 

"Tivemos todo trajeto monitorado pelo Esquadrão Águia. Queríamos passar da Vasco da Gama para Avenida Garibaldi, só que quando chegamos na entrada do Ogunjá já tinha um bloqueio policial que não deixou a gente passar. Eles não queriam que a gente chegasse nas proximidades da Festa de Iemanjá. Mas não tínhamos intenção de entrar no circuito. Depois uma parte foi pro Iguatemi", detalha Reis. 

Segundo a Polícia Militar, o Esquadrão de Motociclistas Águia atuou no reestabelecimento do trânsito e houve diálogo com a liderança do protesto. O órgão afirma que foi acordado que o percurso seria pela Avenida Paralela, em direção ao Centro Administrativo. "Porém, manifestantes sob nova liderança resolveram aleatoriamente mudar o trajeto, tomando como via a Avenida Bonocô, na tentativa de chegar ao Rio Vermelho, onde ocorre a tradicional lavagem", afirma. 

A PM ainda narra que, depois, na altura do Ogunjá, o Comandante do Águia tentou uma nova negociação com os integrantes do grupo de aproximadamente 500 motocicletas e chegaram a um acordo havendo o encerramento da manifestação naquele local. No entanto, um grupo menor bloqueou completamente a Ligação Iguatemi Paralela.

"[Foi] necessário a utilização de Instrumento de Menor Potencial Ofensivo, para desbloquear a via por completo, onde ambulâncias e veículos de emergência não conseguiam passar devido ao caos instalado pelo grupo. Aproximadamente às 12h, a fluidez do trânsito foi restabelecida", esclarece. 

Representantes da categoria garantem que o objetivo do protesto era chamar atenção pela morte de Anderson Oliveira e pela quantidade de roubos de motos que acontecem na Bahia. Assim como garantem que uma faixa ficou aberta para passagem durante o bloqueio. 

Relembre o caso

Um homem de 35 anos foi morto durante um assalto na noite da quinta-feira (1º), em Salvador. O crime aconteceu por volta das 19h, na Avenida Aliomar Baleeiro, na altura de Nova Brasília. O morto foi identificado como Anderson dos Santos Oliveira. Ele estava em uma moto com um colega. O veículo foi roubado.

Imagens divulgadas pela TV Bahia mostram Anderson em uma moto com outro homem, quando suspeitos chegam em outras duas motos. Eles cercam o veículo em que Anderson estava. Um dos criminosos atira contra Anderson quando ele já tinha descido da moto. O piloto entrega o veículo a um dos suspeitos, e eles saem do local.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a ser acionado, mas Anderson morreu ainda no local. A 50ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Sete de Abril) diz que fez buscas, mas não encontrou os suspeitos.