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Estadão
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 11:17
Em meio a uma investigação sobre tráfico internacional de armas, a Justiça baiana determinou o bloqueio de R$ 66 milhões em bens dos investigados no Brasil. O poder judiciário também encaminhou ao Paraguai um pedido de cooperação jurídica internacional para confisco de valores naquele país. >
As investigações tiveram início na Delegacia da Polícia em Vitória da Conquista na Bahia, em 2020, com a prisão em flagrante de dois homens que transportavam 23 pistolas de origem croata e dois fuzis com indícios de adulteração, além de munições e carregadores. >
No centro das investigações está uma empresa sediada em Assunção, que importou pistolas, fuzis e munições de fabricantes da Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia. Quando chegavam no Paraguai, as armas eram raspadas e revendidas a intermediários na fronteira e então repassadas para as principais facções criminosas do País.>
A ofensiva foi deflagrada a mando da 2ª Vara Federal de Salvador, que ainda expediu 54 ordens de busca e apreensão. Destes, apenas 38 foram cumpridos - 17 no Brasil e 21 no Paraguai. Os outros 16 mandados não foram executados por envolverem locais conflagrados, com ‘efeito colateral incontrolável’.>
Durante as buscas, a PF apreendeu dólares em espécie, além de centenas de armas, entre fuzis e pistolas, localizadas na sede da empresa que enviava os objetos ilegalmente ao Brasil. Os investigadores ainda conseguiram localizar o local usado pelos investigados para a raspagem das armas, procedimento realizado com o objetivo de dificultar o rastreamento das mesmas.>
No Brasil, as diligências foram cumpridas no Rio de Janeiro (RJ), São Paulo, Sorocaba, Praia Grande, São Bernardo do Campo (SP), Ponta Grossa, Foz do Iguaçu (PR), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG).>
Segundo a PF, durante os três anos em que a quadrilha sob suspeita operou, foram apreendidas 659 armas em território brasileiro, durante 67 operações realizadas em 10 Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará.>
Mandados>
Agentes foram às ruas para cumprir 31 ordens de prisão, 25 delas com caráter preventiva - sem data para acabar. Delas, oito recaem sobre suspeitos que vivem no Brasil, 15 sobre investigados que moram no Paraguai e duas sobre residentes dos EUA. No entanto, as ordens contra os estadounidenses não são cumpridas, vez que, segundo a PF, ‘não houve tempo hábil para expedição dos mandados de prisão, de acordo com a lei daquele país’.>
Já as outras ordens de prisão, temporárias, foram expedidas para cumprimento no Brasil (1) e no Paraguai (5). Além disso, a PF pediu a inclusão dos nomes de 21 investigados na lista de difusão vermelha da Interpol.>
A fase ostensiva do inquérito, aberta nesta terça, é chefiada pela PF na Bahia, em parceria com Ministério Público Federal, e em cooperação internacional com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai e o MP daquele País.>
Também conta com o apoio da Força-Tarefa Internacional de Combate ao Tráfico de Armas e Munições, que é composta pela Homeland Security Investigations, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, sob Supervisão do Serviço de Repressão ao Tráfico de Armas da PF.>