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Carol Neves
Publicado em 16 de abril de 2025 às 07:59
O pai de uma menina de 8 anos que faleceu vítima de sarampo em Seminole, no Texas, afirmou não se arrepender de não ter vacinado a filha. A declaração foi dada em entrevista ao site Children's Health Defense, organização antivacina fundada por Robert F. Kennedy Jr., atual secretário da Saúde no governo Trump. >
Peter Hildebrand, pai da criança, foi questionado se ele ou a mãe da menina lamentavam a decisão. Sua resposta foi direta: "Não mesmo. E daqui em diante, se eu tiver outros filhos no futuro, eles não serão vacinados de jeito nenhum". A família pertence a uma comunidade menonita, grupo cristão evangélico que desconfia da medicina moderna, especialmente das vacinas.>
O caso de Daisy Hildebrand ocorre em meio ao maior surto de sarampo nos EUA em mais de uma década. O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) confirmou que a causa da morte foi o sarampo, mas Peter discorda: "Ela não morreu de sarampo. Se tem uma coisa que você deveria saber, é que falharam com ela", acusando falhas no atendimento médico.>
Robert Kennedy Jr., conhecido por suas posições antivacina e teorias conspiratórias, visitou a família para prestar condolências e compareceu ao enterro da garota. Seminole, onde vivem os Hildebrand, é um dos epicentros do surto no Texas. O distrito de Gaines tem apenas 82% de cobertura vacinal, uma das mais baixas do país.>
Surto se alastra>
Autoridades de saúde confirmaram 20 novos casos no Texas, além de registros no Novo México e em Ohio. Com mais de 700 casos em 2024, os EUA já superaram o dobro do número de infecções do ano passado. Duas crianças não vacinadas morreram no Texas, e um adulto no Novo México também veio a óbito.>
O sarampo, doença altamente contagiosa, era considerado erradicado nos EUA desde 2000, mas a queda nas taxas de vacinação — agora abaixo de 95% em muitas regiões — permitiu seu retorno. Especialistas alertam que a "imunidade de rebanho" está enfraquecida, facilitando a disseminação do vírus.>
Enquanto isso, Kennedy afirmou em reunião de gabinete que os casos estão se estabilizando, apesar dos dados oficiais mostrarem o contrário. O Texas lidera em número de infecções, seguido por Indiana, Kansas, Oklahoma e Ohio. A resistência de pais a vacinas obrigatórias, muitas vezes por motivos religiosos, tem agravado a crise.>