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Carol Neves
Publicado em 22 de junho de 2025 às 11:06
Após o bombardeio das instalações nucleares iranianas ordenado por Donald Trump, o Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz como forma de resposta. A decisão ainda precisa da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Khamenei para entrar em vigor. A informação foi divulgada pela mídia local iraniana. >
Localizado entre Omã e Irã, o estreito é responsável pelo escoamento de aproximadamente 20% do petróleo comercializado mundialmente. O bloqueio da via marítima é interpretado como uma retaliação direta aos ataques realizados pelos Estados Unidos contra três instalações nucleares iranianas.>
A segurança da navegação comercial na região é de responsabilidade dos EUA, que mantém a 5ª Frota da Marinha baseada no Bahrein para monitoramento do estreito.>
Alta no petróleo>
Desde o início dos confrontos entre Israel e Irã, os preços do petróleo vêm subindo. Somente no primeiro dia de ataques, o aumento foi de 8%. Entre 12 e 19 de junho, o barril tipo Brent passou de US$ 69,36 para US$ 78,74, um avanço de 13,5%. No mesmo período, o WTI subiu de US$ 66,64 para US$ 73,88, alta de 10,9%.>
O aumento de preços registrado logo no início do conflito foi um dos mais significativos em um único dia desde 2022, ano em que a invasão da Ucrânia pela Rússia também impactou fortemente o mercado de energia.>
Especialistas alertam que, em um cenário extremo, o fechamento do Estreito de Ormuz ou uma eventual reação dos principais produtores de petróleo da região pode elevar o preço do barril para valores entre US$ 120 e US$ 130.>
Estreito é considerado vital>
Nos últimos anos, o Irã ameaçou diversas vezes bloquear o estreito, mas nunca havia levado adiante essas declarações. Um desses episódios aconteceu em 2019, após a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com Teerã, sob a gestão de Donald Trump, que atualmente busca um novo entendimento com os iranianos.>
O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao norte com o Golfo de Omã ao sul, desaguando no Mar da Arábia. Sua parte mais estreita tem 33 quilômetros de largura, com canais de navegação de 3 quilômetros em cada sentido.>
Entre janeiro de 2022 e maio do ano seguinte, entre 17,8 e 20,8 milhões de barris de petróleo por dia cruzaram o estreito, de acordo com dados de monitoramento. Países da OPEP, como Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque, utilizam o local como principal rota de exportação para a Ásia.>
Embora Emirados Árabes e Arábia Saudita busquem rotas alternativas, continuam dependentes da passagem. O Catar, que é um dos maiores exportadores mundiais de gás natural liquefeito, também utiliza o estreito para praticamente toda sua produção.>