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Agência Brasil
Publicado em 17 de julho de 2017 às 10:58
- Atualizado há 2 anos
Uma mulher morreu e outras três pessoas ficaram feridas num subúrbio da capital, Caracas, enquanto esperavam para votar no plebiscito de domingo (16). Os oposicionistas atribuíram o ataque a grupos de paramilitares governistas, que teriam disparado na multidão e fugido de moto.>
O governo ignorou o plebiscito, que considera inválido, por ter sido feito à revelia e sem a participação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). No mesmo dia em que os lideres oposicionistas mobilizavam eleitores na Venezuela e no exterior, o presidente Nicolás Maduro convocava a população a votar na simulação da eleição do dia 30 de julho, para escolher os membros da Assembleia Nacional Constituinte, responsáveis pela reforma constitucional.>
No final do dia, a oposição comemorou a alta participação no que chamou de “maior ato de desobediência civil” da recente história. No plebiscito, os eleitores responderam a três perguntas: se rejeitam a Assembleia Nacional Constituinte; se as Forcas Armadas devem defender a atual Constituição; e se querem eleger um novo governo de unidade nacional.>
Os resultados da votação não são vinculantes. Mas para os 30 partidos oposicionistas da Mesa de Unidade Democrática (MUD), o que importava era mostrar seu poder de convocação e o apoio a sua proposta de antecipar as eleições presidenciais de 2018, para sair da crise.>
Pelas contas da oposição, mais de sete milhões dos 19,5 milhões de eleitores compareceram às mesas de votação, montadas em toda Venezuela e em vários países (desde Arábia Saudita e Finlândia, até a Espanha, Estados Unidos e América Latina, onde a presença venezuelana é maior).>
Alta participação na consulta popular>
Segundo a reitora da Universidade Central da Venezuela, Cecilia Garcia Arocha, a participação foi alta, levando-se em conta que havia sete vezes menos mesas de votação do que numa eleição nacional e que o plebiscito foi organizado em duas semanas, por 50 mil voluntários e sem a estrutura do governo. Arocha integra o grupo de acadêmicos que monitorou a consulta popular.>
Já o presidente Nicolás Maduro considera que o resultado do plebiscito foi “desmoralizante” comparado com a participação na simulação para a eleição da Assembleia Nacional Constituinte. A oposição vai boicotar a votação do dia 30, por considerá-la uma manobra de Maduro para reescrever a Constituição e se perpetuar no poder, apesar da crescente insatisfação da população com o desabastecimento e a inflação anual de mais de 700%.>
A crise econômica, agravada pela queda do preço do petróleo (principal produto de exportação venezuelano), determinou a vitória da oposição nas eleições legislativas de 2015. Pela primeira vez em 18 anos de governos socialistas, os oposicionistas controlam o Congresso. Mas suas decisões têm sido anuladas pela Suprema Corte que, segundo a oposição, é aliada de Maduro.>
Desde abril, a Venezuela tem sido palco de protestos contra e a favor do governo, que resultaram na morte de pelo menos 95 pessoas. Maduro tem acusado a oposição de estimular a violência e prometeu reagir com força, se necessário. Mas a oposição – e o Ministério Publico venezuelano – responsabilizam a repressão e o governo. >
Vários governos, além do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, têm criticado a Venezuela pela falta de independência dos três poderes. Desde março, quando começou a criticar abertamente o governo, a Procuradora-Geral Luisa Ortega tem sido alvo de investigações, cujo objetivo é tirá-la do cargo. A oposição teme que o primeiro passo da Constituinte será dissolver o Parlamento.>