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Por que e como os seios mudam após o tratamento do câncer de mama?

Mudanças foram percebidas em um estudo sobre o tema

  • Foto do(a) author(a) Agência Einstein
  • Agência Einstein

Publicado em 1 de maio de 2025 às 11:30

Dados sobre câncer de mama na Bahia foram divulgados
Dados sobre câncer de mama na Bahia foram divulgados Crédito: Shutterstock

O volume da mama de mulheres com câncer submetidas à cirurgia conservadora associada à radioterapia reduz aproximadamente 20% em um ano — e continua diminuindo ao longo de cinco anos. A conclusão é de um estudo publicado na edição de abril da revista científica Plastic and Reconstructive Surgery, periódico da Associação Americana de Cirurgiões Plásticos.

A cirurgia conservadora para remoção do tumor de mama representa uma etapa fundamental do tratamento, sobretudo nos estágios iniciais da doença. Até a década de 1980, o procedimento padrão era realizar a mastectomia, que consiste na retirada completa da mama. No entanto, a partir desse período, vários estudos demonstraram que a remoção de apenas uma parte da mama (cirurgia conservadora) oferecia taxas de cura semelhantes às da mastectomia, desde que fosse acompanhada de radioterapia.

Isso porque, mesmo com a retirada parcial do tecido mamário, ainda poderiam permanecer focos microscópicos do tumor – e a radioterapia tem justamente a função de eliminar essas células residuais.

Nos últimos 40 anos, a cirurgia conservadora passou por avanços. Antigamente, era comum a remoção de um quadrante inteiro da mama (cerca de um quarto do seu volume), o que frequentemente resultava em deformidades significativas. Com o tempo, porém, os especialistas perceberam que não era necessário retirar tanto tecido: a ressecção do tumor com uma margem mínima ao redor já era suficiente para garantir a segurança oncológica.

“Hoje em dia, não realizamos mais quadrantectomias, e sim ressecções segmentares”, explica a mastologista Danielle Martin Matsumoto, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Também evoluímos muito nas técnicas cirúrgicas da mama, buscando defeitos estéticos mínimos, de modo que, ao final da cirurgia, as mamas ficam com aparência muito semelhantes.”

O que diz o estudo

Os pesquisadores mediram as mudanças no volume mamário em 113 pacientes que passaram pela cirurgia conservadora associada à radioterapia para tratar o câncer de mama em estágio inicial entre 2005 e 2023. Os nódulos mediam menos de 2 cm. As medições foram feitas usando mamografias obtidas antes e depois da cirurgia, e até cinco anos depois.

As mulheres perderam 8,3% do volume mamário durante a cirurgia. Após um ano, o declínio médio no volume mamário foi de 19,3%, progredindo para cerca de 26,6% em cinco anos. Segundo os autores, a atrofia e a fibrose da mama irradiada eram efeitos adversos conhecidos, mas não se sabia exatamente qual a extensão e por quanto tempo continuavam.

O trabalho aponta ainda que mulheres com seios maiores e volumes tumorais relativamente menores (medindo menos de 10% do volume dos seios) tiveram maior encolhimento total das mamas: 29,5%, em comparação com 21,7% para aquelas com seios menores. Outros fatores associados à maior perda de volume incluíram tabagismo, diabetes e receber quimioterapia além da radioterapia.

Efeitos esperados

De acordo com a médica rádio-oncologista Juliana Karassawa Helito, também do Einstein, os efeitos esperados após a radioterapia de mama são principalmente a radiodermite (irritação na pele que pode se manifestar como vermelhidão), prurido ou ardência local.

“Essa manifestação é comum e acontece durante o curso de radioterapia ou pode ocorrer após algumas semanas após o término do tratamento. Além disso, algumas mulheres têm inchaço da mama e dor local. Mais tardiamente ocorre a diminuição do volume mamário e ela se torna mais firme quando comparada à outra mama não irradiada”, explica Helito.

Apesar de esses serem efeitos conhecidos, a rádio-oncologista considera que entender melhor esses efeitos é importante. “A exposição dessas taxas [de redução mamária] é interessante e muito útil para traçar o plano terapêutico dessas mulheres, já que os cirurgiões plásticos e mastologistas conseguiriam prever a melhor abordagem antes mesmo de iniciar a radioterapia”, afirma a especialista.

A diferença na perda entre mulheres com seios maiores em comparação com aquelas com mamas menores está relacionada também ao modo como a radioterapia age em diferentes constituições mamárias. No caso das volumosas, em geral, há maior presença de tecido gorduroso e de vasos sanguíneos, o que pode influenciar os efeitos do tratamento.

“A mama é formada por uma parte glandular e por um tecido de ‘preenchimento’ formado por gordura, ligamentos, tecidos de sustentação, nervos e vasos sanguíneos. Os efeitos da radiação tendem a ser diferentes no tecido glandular da mama e nesse tecido de sustentação”, explica Matsumoto.

Cirurgia corretiva

Com o passar do tempo, outros fatores além da radioterapia também contribuem para a assimetria mamária. O envelhecimento natural e o ganho de peso, por exemplo, provocam mudanças no corpo da mulher que podem acentuar essa diferença entre as mamas.

“Sempre tivemos essa preocupação. O caimento da mama irradiada tende a ser diferente, geralmente ficando mais firme e caindo menos do que a mama saudável”, explica Matsumoto. “Se, ao longo dos anos, essa assimetria se tornar muito evidente, é possível realizar uma cirurgia corretiva, reduzindo a mama contralateral para alcançar um melhor equilíbrio estético.”

A mastologista destaca ainda que, quando a paciente já apresenta alguma assimetria mamária antes do início do tratamento, mesmo que discreta, é importante considerar a possibilidade de realizar a cirurgia de simetrização no mesmo momento da cirurgia oncológica, o que pode trazer melhores resultados estéticos e reduzir a necessidade de novos procedimentos no futuro.

“Se a mama que não está doente for um pouco maior, essa assimetria vai se acentuar depois da radioterapia. Na prática, a gente conversa sobre isso com a paciente e, muitas vezes, seguimos para a redução da outra mama durante a cirurgia conservadora, deixando a mama que vai ser irradiada um pouquinho maior do que a saudável porque sabemos que ela vai reduzir”, conta a especialista.