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Carol Neves
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 09:40
A amputação parcial de dois dedos de um menino brasileiro em uma escola de Cinfães, em Portugal, levou a mãe da criança a denunciar que alertas prévios sobre agressões foram desacreditados. Ela afirma que o filho chegou a ser repreendido por uma professora quando tentou relatar o que estava vivendo na Escola Básica de Fonte Coberta. >
Segundo Nívia Estevam disse ao Fantástico, da TV Globo, dias antes do ferimento grave, o garoto já vinha descrevendo puxões de cabelo, chutes e comentários xenófobos por ser brasileiro. A primeira queixa que fez à mãe, ainda em setembro, quando começou o ano letivo, foi sobre um colega que dizia que ele “não sabia falar português” e que deveria aprender a falar “direito”.>
Apesar dos relatos, Nívia diz que só viu marcas físicas no filho em 5 de novembro. Naquele dia, o menino voltou para casa com hematomas no pescoço e no peito. Ela enviou fotos à professora, afirmando que não aceitaria violência contra o filho. A docente prometeu conversar com os alunos no dia seguinte.>
Brasileiro teve pontas dos dedos decepadas em Portugal
Cinco dias depois, ocorreu a amputação. A própria professora, que não teve o nome revelado, classificou o episódio como um acidente que “poderia ter acontecido com qualquer menino e que ninguém teve a intenção” de feri-lo. Não há confirmação se as crianças envolvidas no incidente eram as mesmas apontadas pelo garoto como agressoras. >
A mãe também relata que, ao tentar falar das agressões na escola, o filho foi desacreditado. Segundo ela, a professora teria dito: "Não seja mentiroso, você tem que ser um menino bom.">
O dia da amputação>
Em 10 de novembro, a escola telefonou para informar que o menino havia sofrido um “acidente leve”. Ao chegar, Nívia encontrou o filho sentado, com a mão ensanguentada, enfaixada e com gelo. No trajeto de ambulância, o bombeiro colocou algo na mão dela e pediu que segurasse. Quando questionou o que era, ouviu: "É o dedo do seu filho.">
O menino foi levado ao Hospital de São João, no Porto, onde passou por três horas de cirurgia. As pontas dos dois dedos amputados não puderam ser reimplantadas.>
De acordo com o relato da criança à mãe, o ferimento ocorreu quando duas outras crianças fecharam a porta do banheiro sobre os dedos dele, impedindo que saísse para pedir socorro.>
Medo e mudança de cidade>
Após a repercussão, a família deixou a casa onde vivia e se mudou para outra cidade. Eles estão temporariamente na residência de parentes, dormindo em colchonetes, enquanto tentam reorganizar a vida.>
Nívia afirma que, até agora, não recebeu nenhum contato do Ministério da Educação de Portugal, da escola ou das famílias das crianças envolvidas. O único apoio oficial veio do Consulado do Brasil no Porto, que ofereceu acompanhamento psicológico e jurídico. Autoridades portuguesas investigam o caso.>