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Da Redação
Publicado em 3 de agosto de 2024 às 15:55
A Venezuela tem neste sábado, 3, um dia de manifestações contra e a favor da reeleição do ditador Nicolás Maduro, em um processo marcado por fraude eleitoral do regime chavista e considerado irregular por diversos países. >
A líder da oposição, María Corina Machado, convocou um protesto para uma das grandes avenidas de Caracas no fim da manhã no país (por volta de 13 horas no Brasil).>
Mas o fantasma da repressão de 2017, que deixou quase 100 mortos já durante o governo Maduro, gera medo de sair às ruas após o aumento das ameaças do líder chavista, declarado vencedor das eleições de domingo passado pelas instituições eleitorais controladas pela ditadura, em meio a denúncias de fraude por parte da oposição e de países da região.>
Sem surpresa, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pela ditadura, anunciou Maduro como vencedor com 52% dos votos, contra 43% atribuídos a Edmundo González Urrutia, representante de Machado, impedida de disputar a presidência. As atas de votação, que são os registros das seções eleitorais que comprovam os dados da votação, não foram apresentadas.>
Em resposta, Nicolás Maduro disse que prendeu 1.200 oposicionistas e que iria mandá-los para um presídio de segurança máxima. O ditador também intensificou as ameaças contra os líderes da oposição, que foram obrigados a permanecer escondidos.>
"Foram múltiplos os chamados e gritos de fraude por parte desse setor da direita, radical, criminosa e violenta da Venezuela", disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. "Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, apenas querem manter o show da farsa".>
A oposição afirma ter provas de fraude e apresentou um site no qual publicou cópias de 84% das atas de votação em seu poder. O chavismo afirma que os documentos são forjados.>
"Precisamos continuar avançando para fazer valer a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece", afirmou Machado na rede X, dizendo ter passado para a clandestinidade por temer por sua vida.>
Segundo a oposição, González recebeu 67% dos votos. Ao menos 11 civis e um militar morreram em protestos após a votação e mais de 1.200 pessoas foram detidas durante manifestações em todo o país nos dias seguintes à eleição.>
A oposição, que denuncia uma "repressão brutal", anunciou um balanço de 20 mortos e 11 desaparecimentos forçados.>
Na sexta-feira, também denunciou uma ação contra sua sede em Caracas por um grupo de homens armados e encapuzados, assim como a detenção arbitrária de um de seus líderes, o jornalista Roland Carreño, na capital.>
Aumenta o reconhecimento da vitória opositora>
Em questão de horas, cinco países latino-americanos reconheceram na sexta-feira a vitória de Edmundo González Urrutia nas eleições.>
O Peru foi o primeiro, na terça-feira, quando alguns governos denunciavam uma fraude eleitoral. Lima reconheceu González Urrutia como "presidente legítimo da Venezuela", rejeitando o anúncio da autoridade eleitoral venezuelana que proclamou a vitória de Maduro para um terceiro mandato de seis anos, que o deixaria no poder por 18 anos.>
Depois de pedidos reiterados de transparência, Argentina, Uruguai, Equador, Costa Rica e Panamá reconheceram na sexta-feira a vitória da oposição.>
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que existe "evidência esmagadora" que certifica González Urrutia como o vencedor das eleições de 28 de julho.>
Maduro, por sua vez, agradeceu os esforços dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, Colômbia, Gustavo Petro, e México, Andrés Manuel López Obrador, a favor de um acordo político na Venezuela.>
"O presidente Lula, o presidente Petro e o presidente López Obrador estão trabalhando em conjunto para que a Venezuela seja respeitada, para que os Estados Unidos não façam o que estão fazendo", comentou o presidente socialista.>
Maduro acusa Machado e González Urrutia de promover atos de violência e um "golpe de Estado" com o apoio de Washington. Na quarta-feira, ele afirmou que os dois deveriam "estar atrás das grades".>
Também disse que havia planos para uma violenta "emboscada" durante uma manifestação convocada em Caracas para sábado por Machado.>
Ele denunciou que "criminosos" que vincula à oposição planejam "um atentado" perto do bairro de Caracas no qual Machado convocou uma manifestação.>
Maduro, 61 anos, no poder desde 2013, convocou para este sábado o que chamou de "a mãe de todas as marchas para celebrar a vitória".>