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Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2022 às 15:56
- Atualizado há 2 anos
Nos últimos 18 dias, a inspeção do trabalho na Bahia realizou ações fiscais de combate ao trabalho análogo ao de escravo em 37 empregadores em todo o estado. Dos 400 trabalhadores alcançados, mais da metade se encontravam sem registro, e 25 foram resgatados no município de Barra do Choça, no sul da Bahia.>
A Operação Resgate II também afastou cinco menores em situação de trabalho infantil e agiu para que fossem pagas verbas rescisórias aos trabalhadores em um montante total de R$ 91.794,56.>
As ações ocorreram na capital e em municípios do interior do estado, como Barra do Choça, Xique-Xique, Feira de Santana, Tucano, Ribeira do Amparo, São Sebastião do Passé, Conceição do Jacuípe, Camaçari, Simões Filho e Araçás.>
De acordo com a Polícia Federal, o cenário mais crítico foi verificado na zona rural do município de Tucano, nas atividades de curtimento do couro nas margens do Rio Itapicuru. A forma como as tarefas são realizadas estavam expondo os trabalhadores a riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.>
Fiscalizações>
As atividades foram fiscalizadas na área urbana e na zona rural. Na zona urbana, um trabalhador foi resgatado na área de construção civil. Os outros 24 trabalhadores resgatados laboravam na cultura do café, no município de Barra do Choça.>
Em Tucano, a Auditoria Fiscal do Trabalho lavrou em torno de 70 autos de infração, englobando as irregularidades relacionadas a regularização dos vínculos trabalhistas e à segurança e saúde no meio ambiente de trabalho. Os autos foram lavrados em desfavor de nove empregadores que admitiram trabalhadores para a atividade de curtimento de couro e em relação aos quais foram identificados os requisitos da relação empregatícia.>
Além da auditoria-fiscal do trabalho, esse operativo contou com Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho, Secretaria de Justiça Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Polícia Federal e Polícia Militar.>
Em operativo realizado em Salvador e municípios vizinhos, foram fiscalizadas diversas atividades, com destaque para ações fiscais realizadas em circo, padaria e empregadores rurais. Esse operativo também contou com instituições parceiras: Defensoria Pública da União, Ministério Público do Trabalho, Secretaria de Justiça Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia, Polícia Federal e Ministério Público Federal.>
Operação Resgate II>
Maior operação de combate à escravidão no país, a segunda edição da Operação Resgate já retirou da condição de trabalho análogo ao de escravo no Brasil 337 trabalhadores. Resultado do esforço de seis órgãos públicos, é a maior ação conjunta com foco no combate ao trabalho análogo ao escravo e tráfico de pessoas no país. Começou no dia 4 de julho e segue em andamento. Quase 50 equipes de fiscalização estiveram diretamente envolvidas nas inspeções ocorridas em 22 estados e no Distrito Federal durante este mês.>
Pelo menos 149 dos resgatados na Operação Resgate II foram também vítimas de tráfico de pessoas. As fiscalizações ocorreram nas seguintes unidades da federação: AC, AL, AM, BA, CE, DF, ES, GO, MA, MS, MG, MT, PB, PE, PA, PI, PR, RJ, RO, RS, SC, TO, SP.>
Os empregadores flagrados submetendo trabalhadores a essas condições foram notificados a interromper as atividades e formalizar o vínculo empregatício dessas pessoas, bem como a pagar as verbas salariais e rescisórias devidas aos trabalhadores - que somaram mais de R$ 3,8 milhões. Além disso, podem ser responsabilizados por danos morais individuais e coletivos, multas administrativas e ações criminais.>
Cada um dos resgatados também recebeu três parcelas do seguro-desemprego especial para trabalhador resgatado, no valor de um salário-mínimo cada. Em relação a outras irregularidades trabalhistas, serão lavrados pelos auditores-fiscais do Trabalho aproximadamente 669 autos de infração, entre eles de trabalho análogo ao escravo, de trabalho infantil, falta de registro na carteira de trabalho e descumprimento de normas de saúde e segurança no trabalho. Também serão apuradas as infrações penais cometidas, bem como a autoria delitiva, para garantir a responsabilização criminal daqueles que lucraram com a exploração dos resgatados.>
Participaram ativamente do resgate das vítimas mais de 100 auditoras e auditores fiscais do Trabalho. Das operações, participaram pelo menos 150 policiais federais, 80 policiais rodoviários federais, 44 procuradoras e procuradores do Trabalho, 12 defensoras e defensores públicos federais e 10 procuradoras e procuradores da República.>