5 alertas para identificar uma relação abusiva e suportes para sair dela

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 07:00

- Atualizado há 10 meses

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1. Lembre que existem diversos tipos de relacionamentos abusivos e um dos principais alertas é a manipulação, que é um abuso psicológico

Muitos pensam que para ser abusivo(a) é necessário agredir fisicamente o outro ou cometer atos como estupro, mas existem outros vários tipos de danos que ocorrem pela violência psicológica. Ela traz consequências para a saúde mental e física, podendo gerar um quadro grave de ansiedade, o que costuma levar a problemas como gastrite, fadiga e alergias diversas. Fui vítima de todos esses sintomas ao passar por um relacionamento tóxico, aos meus 18 anos.

O que ele fazia? Mentia e manipulava. Traía, desrespeitava, escondia e sempre criava um jogo psicológico para que eu acreditasse estar louca quando duvidava de algo. Típico do machismo. Típico do mau-caratismo. Foi aí que parei de me alimentar, de cuidar de mim, de dormir e, até, de perceber sintomas que, após, foram diagnosticados como esofagite, faringite e mais uma lista de doenças.

O que ele fazia tem nome: gaslighting. O termo é designado para abordar uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade. Logo, é preciso lembrar que existem outras formas – menos literais – de agredir o(a) parceiro(a) em um relacionamento. Como não cometer tal agressão? Buscando sempre a honestidade e não entrando em uma relação monogâmica se não é o que busca cumprir.

Depressão, alterações no sono, distúrbios alimentares são consequências que costumo visualizar em tantas das amigas, colegas e mulheres em geral que já vi passando por casos parecidos. Ignorar o sofrimento só tende a agravá-lo. Mas, antes de tudo, é preciso que reconheça o que está ocorrendo, que perceba que não é culpa sua, nunca, quando se trata da falta de caráter alheio. É preciso começar a tratar, começando pela busca de um profissional de saúde.

Para iniciarmos, de fato, a nossa reflexão, deixo aqui um trecho do texto Tóxico, do meu livro Não Precisa Ser Assim:

"Quando você perguntar algo, ainda que sequer afirme, a reação dele não vai ser responder, vai ser se estressar. E quando ele não conseguir convencer você de que está louca, vai tentar convencer os outros, vai espalhar.

Quando a culpa for dele, ele vai dizer que é sua, e quando ninguém tiver culpa, ele vai procurar algo de outro momento pra te julgar como culpada mesmo assim.

Se você bater de frente, ele vai bater a porta ou bater em você. Vai dizer que você “está começando” ao invés de simplesmente esclarecer e fim.

Um relacionamento tóxico faz você virar detetive e gera a sensação de que só seria possível sair daquilo quando tudo estiver respondido. Mas nada do que não lhe faça rir em meio a qualquer lágrima e sentir paz nas agonias precisa ser re-batido. Isso só vai bater em você mais e mais. Tudo o que não faz a tristeza ser piada rapidamente não vale um segundo atrás.

O tóxico nunca quer dar provas e, quando dá, dá reclamando. A única forma de encontrar as respostas dele é sabendo que você já as respondeu quando estava (se) perguntando."

2. Ressignifique o que é leveza. Ele(a) diz que você está sendo dramático(a) ou "sensível demais" e que está tornando a relação "pesada"? Será mesmo? Isso é típico de relações tóxicas.

Ser leve é cuidar do que leva para que nada vire pesado no caminho. Ser leve é cuidar do que se deixa por aí, porque o que deixa é o que leva, é o que persegue seu mindinho. Muita gente considera que gente leve é pessoa que não gera atrito, que vive emitindo alegria e nada de reclama-ação. Mas ser leve não é deixar de cobrar, deixar de pontuar, deixar de conectar. Tudo o que deixou de ligar, já abandonou a bagagem e já não é leve, porque já não quer levar.

Quem é leve não tem tempo para dor que se repete, por isso, busca deixar tudo às claras. Leve é quem diz. Ser leve é sobre não se entalar, é sobre não deixar bolas de neve por dentro, até que não se aguente mais sequer andar. Quem é leve se preocupa em pagar as contas e cobrar ao devedor, porque só assim não há prisão, sobrecarga e não (se-)para. Ser leve é e-lev(ação) e só se eleva quem se incomoda. Quem está sempre tranquilo demais, não está nada, porque só planta bem quem poda.

Não permita que digam que querem uma relação leve e que a sua está pesada por você exclamar quando tudo está fora dos eixos. Relação é contrato. É sobre combinar limites e recombiná-los de tempos em tempos. É sobre deixar claro o lembrete das cláusulas. Caso contrário, não há lei, e sem lei, não há leveza, há caos. Ser leve é coisa de quem quer crescer junto. Crescer também precisa de bronca, de não seguir, enfrente. Ser leve é pontuar para que não precise rabiscar tanto depois a ponto de acabar (a)pagando mais.

Se está abarrotado por ter algo sendo repetido demais, é porque algo está sendo desalinhado demais. Algo não está sendo jurado com total clareza quando há hora do alinhamento, do diálogo com cartas na mesa (e nunca na manga). O leve para e tenta alinhar. Mas ele sabe que vai deixando de ser leve quando não há mais para onde ir, porque quem não se mexe, fica mais lento ao tentar ir para frente de novo. O leve, não se engane, lembra que basta ler duas vezes o mesmo final para saber que vai apenas repetir a leitura do mesmo capítulo.

Você diz que quer algo leve. Mas está fazendo a parte pesada para isso? A parte de combinar o que pode cumprir para que algo não precise ser repetido? A parte de clarear o que não pode cumprir? Tudo (só) vale a pena se for capaz de fe-RIR. Se não faz sorrir mesmo na dor, se não mostra o lado belo mesmo dentro do horror, se não pesa mais para o lado da paz do que para o terror, se não fica ferido quando o outro perde alguma cor, não é o que vai amor-tecer. E sentimento só é real enquanto ainda amor-tece.

3. Não aceite estar com alguém que não busca ser melhor a cada dia e que não quer aprender nada com você

"Mulher não é centro de reabilitação para homem com mau comportamento", essa foi uma fala de Duda Reis, ex-noiva do cantor Nego do Borel, que veio relatando os abusos que sofria em seu relacionamento.

Pessoa tóxica é o termo utilizado para definir alguém que possui características ou atitudes que acabam transmitindo negatividade para a vida de quem está próximo a ela. São pessoas que não têm responsabilidade afetiva, que não colocam a empatia em prática e que não dão exatamente o que querem também receber  –  criando, assim, aquele mar de confusões mentais no outro. E é esse o início de quaisquer conexões abusivas.

Não que sejamos perfeitos(as) e que nunca possamos ter sido tóxicos(as) com outra pessoa, mas o enfoque principal de quem ao menos não quer ser assim, é buscar sempre a evolução. Logo, pessoas que desejam ser a melhor versão de si, ficam abertas ao diálogo, a estudar sobre temas como feminismo, machismo e outras tantas questões. Veja, por exemplo, esse post do meu portal Não Óbvio, que apresenta estereótipos que a pornografia dissemina: clique aqui.

Queira estar ao lado de quem ouve, mostrando interesse em melhorias, e de quem busca aprendizados em união. Queira estar onde existe um diálogo saudável. Pessoas oscilantes, que ora estão extremamente românticas e ora tratam você com algum tipo de desdém, já estão deixando um alerta.

Afinal, pessoas abusivas/manipuladoras, costumam agir assim: no morde e assopra. E elas sempre esquecem que: o que não pode ter cartaz já está sendo repressão. Ou seja, elas negam mostrar afeto a você em algum lugar ou de alguma forma, sendo que um casal pode, sim, ser mais reservado, mas se um deseja mais demonstrações, o esforço precisa vir de quem está negando a urgência.

Aproveite para ler um poema de incentivo para a sua libertação:

"Às vezes, ficar é a covardia, correr é a valentia e desistir é vencer. Às vezes, eles acham que por já ter um pedaço são os donos do terraço, mas não apreciam sequer a vista que podem ter. E quem não sabe cultivar, acha difícil de aceitar quem sabe tão bem a hora de jogar a toalha. Mas hoje eu sei, bem meu. Eu não ignoro os meus fantasmas, porque eles apontam o que é navalha, e meu hoje aponta o que meu eu me deu.

E quando digo às vezes, é na maioria das vezes, porque a maioria das coisas está entortada, diminuída e precisando deixar o lembrete de que, no fim, não importa o que tirem, quem sabe abdicar continua a se ter. E enquanto uns nascem, outros morrem, e no meio disso tem pessoas como eu, que fazem os dois o tempo inteiro e pagam o preço de ser. Mas enquanto alguns fazem dívidas, faço poupança, por pagar caro e sem medo de (me) juntar. Às vezes covardia não é sobre ir, mas sobre sangrar duas vezes e ali continuar.

Nem passado, nem futuro e nem presente. O que eu quero ainda não tem nome. É uma mistura de algo que saiba a força de todos os três. Se é embaçado, não atude e nem (re)tente. Eu quero o que sabe que nada some. Quero uma mistura de algo que a cada uma de mim dê vez. Às vezes a saída é a única porta de entrada e hoje é tarde demais para que eu não saiba que só quero o que continua sendo sempre chegada."

4. Lembre que as coisas realmente belas e honestas são aquelas que ocorrem com constância e sem grandes quebras

As coisas realmente bonitas são as que são sempre. São as que ocorrem com constância. É o charme. É a árvore que cresce no meio do asfalto e todos os dias continua ali, esperando que alguém repare. Não é qualidade o que só aconteceu uma vez e depois morreu. Não é belo o que foi feito isoladamente e depois desfez. Qualidade é quando se repete, verdade é quando se prossegue. As coisas mais bonitas são aquelas que nem o tempo e nem os lados mais tristes são capazes de tirar. As coisas mais bonitas estão sempre ali, aparecendo para quem reparar. Eu sou de olhar a beleza em tudo, mas não vou romantizar o que não tem nada que continue, porque belo é sempre lar.

Inclusive, quem tem que ter paciência não é o ferido. Ele pode agudar o quanto quiser. O seu relógio está pausado no roxo da sua garganta. O sofredor é quem necessita. Ele não tem que esperar por nada, ele pode querer agora, ele pode querer com velocidade. É tudo emergência para quem tem a faca cravada em si. Não deixe que o atropela-dor inverta os papéis.

Quem tem que ter paciência é quem feriu. O esfaqueador tem que ser doa-dor. Tem que dar seu tempo se quer ficar, se quer misericórdia. Tem que doar com gosto seus ponteiros para o ensanguentado, porque das horas do atingido ele já tirou uma parte.

O tempo para quem sofre e o tempo para quem causa o padecimento são sempre distintos. A urgência é do primeiro, o sufoco e o desespero. O machucado não deve permitir que quem não sabe entender seu alarme prossiga em seu tempo.

5. Analise conteúdos que falam sobre relacionamentos tóxicos e fuja de filmes, séries, livros e pessoas que normalizam e banalizam o que causa dores

Confira o vídeo abaixo para refletir:

➔ MINUTOS DO VÍDEO PARA ACOMPANHAR: 0:00 Filmes do passado e o meu passado 05:25 Introdução sobre os pontos absurdos do filme P.S.: Ainda Amo Você 08:45 O que é uma relação abusiva? 09:53 O que é GASLIGHTING 10:44 Foco na crítica do filme (P.S. Ainda Amo Você) e na explicação do relacionamento abusivo nas cenas dele 31:22 Fechamento/considerações finais