5 fotógrafos baianos que mostram a sensibilidade do nu artístico

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  • Vanessa Brunt

Publicado em 13 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .
. por foto de Yuri Dultra @nuouquasefotografia

Foi-se o tempo em que a nudez de uma mulher seria apenas sinônimo de objetificação feminina e de outros aspectos voltados a questões sexualizadas. Foi-se também o tempo em que homens mostrariam o seu corpo nu apenas para atrair o desejo alheio. Um corpo sem roupa (ou quase sem) pode ser metáfora para vulnerabilidade (que mais quer dizer força para aqueles que são fortes o bastante para entender), autoconhecimento, autoaceitação, amor-próprio e muitos outros quesitos que atualmente passam a ser melhor compreendidos – ainda bem!

Em meio a tais entendimentos sociais, o Instagram passou a ser ferramenta primordial para a disseminação da ideia do nu artístico e de debates que enaltecem o corpo –  principalmente feminino –  com outras angulações, que acabam mais voltadas para mensagens críticas e poéticas e menos atreladas ao lado sexual, ainda que haja sensualidade quando assim quiser o fotografado. Projetos nacionais como o @projeto365nus, por exemplo, passaram a normatizar mais a ideia com publicações que envolvem atrizes e influenciadores digitais.

Até no meu próprio Instagram, a polêmica por conta do tema se alastrou. Leia o meu desabafo sobre o caso.

NÃO PRECISA TIRAR TUDO Não é difícil, portanto, perceber que tem sido crescente a aspiração quanto aos ensaios com pouca ou nenhuma roupa. São diversos os perfis na maior rede social de fotos do mundo comprovando o fato, como aqueles em que a loungerie é peça-chave ou em que pijamas e vestes mais 'à vontade' são postos em ação.

Ratificando os casos, o fotógrafo Diego Fernandes, do projeto @cotidianonu, explica que não necessariamente, para ser nu artístico, é necessário abrir mão das vestes:"É sobre se conectar consigo mesmo e com a melhor versão que cada ser em si oferece. É superar a timidez e abrir espaço para a leveza envolver os ensaios", afirma, explicando que qualquer roupa mais leve que faça a pessoa perder algum nível de bloqueio que teria antes do ensaio, já é válido para ser considerado como uma linha do nu artístico.Apesar de concordarem em relação à fala de Diego, os fotógrafos divergem sobre o que seria o lado 'artístico' do nu que domina hoje as redes. "A pessoa pelada em uma foto não a torna arte. Pode ser apenas um nude, por exemplo. Quando ela está tirando aquela foto como um processo de autoconhecimento, aí sim", explica Mariana Ayumi, 21. Já para Frederico Pimentel, o entendimento é outro:"Basta o corpo nu estar presente para ser arte. O entendimento dele para além do lado sexual já é a arte necessária agora", considera.CRESCENTE E COMPREENDIDO Quando indaguei para Ana Cláudia, estudante de Ciências Contábeis, 23, qual seria o motivo da sua vontade de fazer um ensaio de nu artístico, por exemplo, ela não pestanejou em responder:"É uma forma de ampliar o autoconhecimento, de gostar mais de si, de descobrir mais da própria sensualidade e também de eternizar a casca da juventude que é tão efêmera, mas que é sempre mais do que isso", exclamou a jovem. A visão masculina dos mais jovens também passou a ser modificada em muitos casos, como aconteceu com Oton Paraíso, 23. O jogador e professor de futebol, hoje em dia, enxerga os ensaios de nu artístico como algo admirável."Não muda nada em relação a caráter de alguém e as pessoas precisam entender isso. Muito pelo contrário, acho que é sinônimo de força e de querer fazer a diferença pra que os outros passem a entender que cada um é dono de si e das escolhas que faz para o próprio corpo", conta o jogador.Oton ainda complementa que, apesar das noções, não faria um ensaio, principalmente por trabalhar com crianças. "Ainda temos, por outro lado, que lembrar dos julgamentos sociais em alguns casos. Como trabalho com crianças, tomo esse cuidado", conclui.

O fotógrafo Yuri Dultra, 29, analisa também que grandes preconceitos ainda precisam ser quebrados: "Tanto no masculino quanto no feminino existem preconceitos diferentes e absurdos. Porém, no masculino, um dos principais questionamentos é a sexualidade. Dizem: 'Isso é coisa de viado.' E não é! É coisa de gente livre que confia em si mesmo ou busca confiar em si".

Para o profissional Marco Menezes, 25, o preconceito maior vai além do gênero e engloba outras questões. "Bastou estar fora do padrão 'fitness' que o julgamento pior começa", pontua."Muitas pessoas dizem que vão começar a malhar antes de fazer um ensaio desses, mas a questão do crescimento desse tipo de foto é justamente pra que isso sequer precise ser considerado", relembra o fotógrafo.5 FOTÓGRAFOS BAIANOS QUE ARRASAM NO NU ARTÍSTICO Entre quebras de padrões e militâncias diversas envolvidas, fato é que a visão de um bom fotógrafo pode dar suporte para o processo de coragem e autoaceitação no momento de tirar as fotos com menos vestimentas. Pensando nisso, abrimos a nossa coluna (de todas quartas-feiras) com a lista de 5 fotógrafos soteropolitanos com contas do Instagram ativas e que merecem compartilhamentos.

Todos os profissionais trabalham com homens, mulheres, casais e quais mais tipos de seres humanos desejarem as fotografias. É possível que o cliente leve um acompanhante para todas as sessões. Confira:

1. Mariana Ayumi | @ayumi_mariana

Mariana tem 21 anos e é a que segue a linha mais poética da lista. A fotógrafa tem costume de utilizar objetos para enriquecer as metáforas apresentadas nos cliques, assim, dando suporte para acabar com a timidez dos fotografados, já que não ficam 'de mãos vazias' na maior parte dos casos.

O trabalho fotográfico de Ayumi consiste em três passos. Primeiro: ela conhece e conversa com o cliente, entende seus motivos ou objetivos com as fotos. Após, é decidido o local de preferência para a sessão, que pode ser feita em estúdio, externa (praia, florestas, rios..) ou em um lugar que o cliente sugira e se sinta confortável. No momento, há uma conversa com sugestões de pacotes que constam tempo do ensaio, custos, e despesas adicionais (pedidos especiais como flores, por exemplo).

"Mulheres que sofreram algum trauma físico ou emocional têm usado da minha fotografia como uma ferramenta que as ajude a entender, aceitar e ver seu corpo através de um novo olhar. Em geral, o nu artístico Boudoir é o mais pedido pelos clientes. Esse é um tipo de fotografia focada no erótico e na sensualidade, entretanto está longe de ser pornográfico. Muitos homens e mulheres optam por esse estilo para explorar sua própria sensualidade, para dar as fotos de presente aos seus parceiros ou a si mesmos", conta a profissional.

• Faixa de preço: valores variam de R$ 250 a R$ 700. • Como solicitar: via e-mail ou Direct do Instagram.

2. Marco Menezes | @marcmenezzes

Marco Menezes tem 25 anos e mistura tons poéticos com uma preferência pela natureza. Apesar de não negar o trabalho em locais fechados, é principalmente nos cliques externos, aproveitando a luz solar e as brincadeiras entre sombras, que seu gosto aparece. O fotógrafo também aproveita muito os detalhes, podendo aproveitar focos como apenas uma mão ou uma pena para compor toda uma fotografia.

Para o profissional, o ensaio é uma construção conjunta. O cliente pode levar uma proposta de base e ele, então, ajuda a construir; ou, ainda, o cliente pode solicitar que toda a base criativa fique por conta de Marco, que vai estudar o estilo do fotografado para emitir sugestões. As roupas também são organizadas em conjunto, assim como cada detalhe.

• Faixa de preço: valores a partir de R$ 280. • Como solicitar: via e-mail ou Direct do Instagram.

3. Frederico Pimentel | @fredericops

Frederico Pimentel  tem 36 anos, fotografa há mais de 10 anos e é a pedida ideal para quem deseja aproveitar locais fechados para um ensaio, como a própria casa (apesar dos diversos projetos externos). O fotógrafo sabe criar uma atmosfera caseira para os cliques, dando ideias de poses criativas enquanto, simultaneamente, faz parecer que o cliente estava 'ali de bobeira' e foi clicado 'sem querer' enquanto apenas vivia a vida pelas salas e quartos.

Pimentel explica que as roupas devem casar com o ambiente e que tem cautela para que tudo esteja atrelado à identidade do cliente. "Normalmente marco um café com a modelo para conversarmos sobre o ensaio e já usar esse primeiro contato para 'quebrar o gelo'. Uso esse momento também para conhecer melhor a modelo, para que eu possa tentar incluir no ensaio um pouco de sua identidade", explica sobre o processo que antecede os cliques.

• Faixa de preço: 05 fotos por R$ 400 / 10 fotos por R$ 600 / 15 fotos por R$ 825 / 25 fotos por R$ 1.125. • Como solicitar: Direct do Instagram.

4. Diego Fernandes | do Cotidiano Nu @cotidianonu

Diego Fernandes é um dos principais fotógrafos do projeto Cotidiano Nu e, apesar de ter apenas 18 anos, mostra a sua aguçada visão crítica e poética em seus registros. "Criei o Cotidiano para retratar a diversidade da negritude baiana, abraçando não só a valorização negra como também questões de espaços de públicos como LGBT's", afirma. Apesar da base da iniciativa, porém, Diego fotografa todo o tipo de gente, sem exclusões.

O fotógrafo explica que todo o processo é acordado com o(a) modelo antes das fotos, com inspirações trocadas entre o profissional e o cliente, para que já existam alguns limites entendidos.

• Faixa de preço: valores variam de R$ 50 até R$ 180. • Como solicitar: Direct do Instagram.

5. Yuri Dultra | do Nu ou Quase @nuouquasefotografia

Yuri Dultra tem 29 anos e brinca com todos os tipos de ambientes, jogos com sombras e luzes e aspectos variados. Aberto para ideias diversas dos clientes, o fotógrafo, apesar de seguir uma linha mais literal em seus cliques, não deixa de jogar tons poéticos em todos os ensaios feitos.

O sensual leve, como também é muito chamado o estilo de fotografia que não se desfaz das vestes, é uma das suas principais especializações. "O ensaio é para o cliente. Um momento dele com ele mesmo, guiado por um profissional. Todo o ensaio é único e montado para ele. Então locação, looks, limite do que pode ou não ser mostrado, tudo é conversado com cada cliente individualmente. Inclusive se a foto será postada no portfólio do profissional ou não", explica o profissional.

Yuri afirma que o crescimento no mercado foi o que o fez mergulhar de cabeça na área, já que bateu a curiosidade de entender as motivações. "Quando comecei a fotografar, pude entender um pouco mais e há diversos motivadores, porém, o que mais me chama atenção e me faz amar cada vez mais esse tipo de fotografia é o efeito que ela causa na segurança e autoestima da pessoa. É impressionante os resultados que vejo após", conta.

• Faixa de preço: valores variam de R$ 400 até R$ 700. Preço muda a depender da quantidade de fotos e da locação. • Como solicitar: Direct do Instagram, WhatsApp ou e-mail.

Dica extra: para quem está em busca de inspirações poéticas, um perfil bacana para mergulhar é o @portraitemfoco.

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