A bibliografia antiga sobre imprensa

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  • Nelson Cadena

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Até a primeira metade do século XX mais de meia centena de livros já tinham sido editados sobre o tema. Hoje é impossível avaliar o quantitativo, estimo que mais de quatro mil obras publicadas por editoras e um número seguramente maior de dissertações de mestrado e trabalhos de conclusão de curso, disponíveis apenas nas bibliotecas das universidades. Levantamento por mim realizado, em 2009, trabalho inédito, pendente de atualização, relacionou cerca de dois mil títulos.

No século XIX, e início do século XX, a preocupação era disseminar as técnicas de produção. Martim Martz traduziu em 1848 o Manual do tipógrafo, de Ralph Polk; com o mesmo propósito, o gráfico e editor Arthur Arézio publicou na Bahia Serões Tipográficos e Esboço Tipográfico, em 1905 e 1907, respectivamente. 

Com um outro foco, retratar as origens da imprensa e sua evolução, Moreira de Azevedo, Alfredo de Vale Cabral, Ernesto Sena, Joaquim Maria Serra Sobrinho e Eduardo Salamonte, publicaram valiosos estudos.

O primeiro centenário da imprensa, comemorado em 1908, ano de fundação da ABI, ensejou a publicação dos primeiros catálogos de periódicos. No Recife, Alfredo de Carvalho publicou os Anais da Imprensa Pernambucana (1908) e três anos depois, em parceria com João Nepomuceno Torres, Os Anais da Imprensa da Bahia. E, em 1914, Afonso Freitas, na mesma pegada, publicou A Imprensa Periódica de São Paulo Desde Seus primórdios... e Vale Cabra, Os Anais da Imprensa Nacional no Rio de Janeiro.

No ensejo da efeméride referida, Victor Hugo Aranha, editou A Imprensa Nacional à Luz dos Fatos, enquanto Luiz Alves de Oliveira Belo, levou ao prelo, o estudo Imprensa Nacional. 1808-1908 . Logo mais, Pedro Sinzig publicava A caricatura na imprensa brasileira e Basílio de Magalhães Os jornalistas da independência.  E, em 1918, o baiano Lemos de Brito relatou os debates e resoluções do primeiro grande encontro classista no livro No Congresso da Imprensa, evento que pela primeira vez discutiu e formalizou a proposta da criação de um curso para a formação de profissionais de jornalismo.

Na década de 1920, Barbosa Lima Sobrinho, então um jovem bacharel, publicou O problema da imprensa, um clássico em torno da ética e das questões relativas à liberdade de imprensa. Assunto que já tinha sido abordado, com outro foco, por Ruy Barbosa, em 1919, em A imprensa e o dever da verdade. Com Lima Sobrinho se inicia uma nova era da bibliografia brasileira de comunicação. Que ganha substância a partir da publicação de clássicos, de Hélio Vianna, Nelson Werneck Sodré, Carlos Rizzini, Marcello e Cybelle de Ipanema e, em tempos mais recentes, José Marques de Mello, Juarez Bahia, Maria Beatriz Nissa da Silva, Isabel Lustosa, Marco Morel e Matias Molina.

A bibliografia da imprensa escrita no Brasil, incluindo produções regionais, ignoradas ou subestimadas pelos clássicos, é ampla, rica em informação. Diferente da bibliografia sobre revistas que é inexpressiva, quase inexistente; sobre rádio e TV que foca no entretenimento e relativiza o jornalismo, e sobre os maiores portais de notícias, cuja produção desconheço. Um campo aberto para os pesquisadores da história da mídia no Brasil, a ser preenchido, estimulado pelos orientadores de trabalhos de TCC e dissertações de mestrado.