A cruel caçada dos Godzillas às baleias

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  • Jolivaldo Freitas

Publicado em 3 de julho de 2019 às 19:23

- Atualizado há um ano

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 Quem merece mais respeito: a vida ou a tradição? Pois os japoneses não pensaram duas vezes, sequer titubearam e depois de um intervalo de 30 anos pegaram com arpão feito de aço duas baleias minkes. O 1º de julho serviu para reinaugurar a retomada da caça que é proibida na maioria dos países. A ação choca a todos em todo o mundo civilizado, por se acreditar ser o povo japonês um dos mais conscientes do planeta.

Tanto que denúncias de xenofobia enraizada e desrespeito às mulheres são tratadas como casos isolados e consequentes de jogadas de antipatizantes da sua milenar cultura. Mas os japoneses têm pisado na bola cada vez mais, jogando sua imagem de civilidade. Eles dão claras mostras de  desrespeito aos direitos, tratamentos e vários acordos, mostrando que estão à parte da ordem mundial, a exemplo daquela que busca a preservação ambiental e dos seus elementos. Ele é um dos principais poluidores de plástico e de emissão de CO2 no mundo.

Para voltar a pescar as baleias para consumo, o seu governo tratou de abandonar a Comissão Baleeira Internacional (CBI) no início do ano, não tendo assim que dar nenhuma satisfação. A saída dos navios baleeiros do porto de Kushiro, neste fatídico primeiro dia de julho foi festejada com grandiosa cerimônia e a presença de políticos que defendem a tradição que vem desde o século XII.

Os japoneses têm como concepção que as baleias são meros recursos marinhos. E uma propaganda semioficial observa que os jovens com menos de 30 anos de idade deveriam provar pelo menos uma vez a carne de baleia. O Japão abriu mão da pesca no final do século passado, pelas acusações e fartas provas por parte de ambientalistas, de serem devastadores e também do uso de métodos letais cruéis, até mesmo quando usam o argumento de pesquisas científicas para a caça e estudo dos animais. Cientistas garantem que os japoneses são dissimulados, uma vez que em se tratando de pesquisas existe uma profusão de métodos que não levam ao sofrimento ou à morte do animal. Ou seja. Os japoneses são atrozes.

O Japão de hoje age como se estivesse no período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, onde este tipo de proteína era única fonte de importância. Na realidade, os japoneses mais velhos apoiam a indústria da caça em nome da tradição e da memória do paladar. Para eles é razão moral e cultural, mais do que econômica. Tanto que tem quem rememore quando recebia carne de baleia na cantina da escola em tempos idos.

No final do ano passado, os países que caçam baleias conseguiram derrotar uma tentativa do Brasil e países deste nosso hemisfério, que visava proteger as baleias da caça comercial e fazer um santuário no Atlântico. O documento colocado em votação lembrava que elas foram quase que extintas. Apresentado na reunião da Comissão Baleeira Internacional, foi rejeitada, por pressão justamente do Japão, da Islândia e da Noruega. O grande argumento: estes países fazem imensos investimentos no turismo baleeiro. E, como se vê, na caça. Somente nos dez últimos anos do século XX foram caçadas mais de três milhões de cachalotes, fins, azuis, jubartes e minkes. Nem Godzilla mata tanto.

* Escritor e jornalista