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A estética do Carnaval da Bahia

  • Foto do(a) author(a) Nelson Cadena
  • Nelson Cadena

Publicado em 13 de outubro de 2022 às 05:00

. Crédito: .

Os europeus trouxeram para o Carnaval da Bahia a estética dos carros alegóricos, efeitos de luzes e de brilho. A França foi a nossa inspiração no modelo de desfile, bailes temáticos, guerras de confetes e serpentinas; a Alemanha nosso modelo nas alegorias e no remanescente do entrudo que veio a ser o lança perfume; Veneza, a nossa influência na representação dos personagens da ‘Commedia Del Arte’; a Colombina dividida entre dois amores foi a inspiração de Armando de Sá e Miguel Brito para a criação do hino oficial de nosso Carnaval; a África, o lume dos blocos afros, a representação da festa da Rainha de Lagos (Nigéria), a Domurixá, foi o tema do desfile dos Pândegos da África, em 1897.

A iluminação de rua, elemento indispensável na estética, foi influência europeia. Inicialmente lusa, mais tarde alemã, com as luzes intermitentes importadas que as comissões distritais e o comércio, por iniciativa própria, instalavam nos pontos de maior fluxo de foliões. Lourival Faustino (Lourinho), a partir da década de 1940, aprimorou os efeitos de luzes, incorporados na decoração da cidade. Lourinho deu forma aos grandes projetos de decoração de rua do artista italiano Aldo Mezzedini. O mestre da iluminação de todos os festejos e do Carnaval de rua se superou nos efeitos cênicos de luzes, no icônico desfile comemorativo dos 400 anos de Salvador, em 1949.

Os carros alegóricos contaram com grandes projetistas: Miguel Rocafort, Mezzedini, Manoel do Bonfim, Jair Brandão, Arnaldo Brito e nos figurinos J. Campos, Lydia Campos e H.Delf, dentre outros. Nelson Maleiro criou projetos de carros alegóricos e de figurinos também, o dele próprio no seu personagem, inclusive, inspirado na terra dos Califas. Os carros alegóricos modernos, chamados de trios elétricos, contaram com Bel Borba, primeiro designer do Camaleão; Pedrinho da Rocha que desenvolveu projetos de trio para os principais blocos, mortalhas e abadás e projetos customizados para patrocinadores, o trio elétrico da Philips para o Cheiro do Amor, um dos clássicos de sua autoria e J. Cunha, o designer de carros alegóricos, figurinos e alegorias para os principais blocos afros e afoxés da cidade.

A decoração de rua ganhou novo visual a partir de 1965, com o tema “Uma Lenda Africana na Bahia”, projeto de Emanoel Araújo e Juarez Paraíso, ancorado em pesquisa de Waldelois do Rego. Um desafio para os artistas que deveriam evitar peças aéreas, incompatíveis com os trios elétricos, impulsionando a decoração de esculturas em forma de totens. Doravante um padrão que contou com o talento, além de Paraíso, de Tatti Moreno, Edvaldo Gato, Fernando Coelho, Renato Viana, Carlos Dantas, Onias Camardelli, Ray Vianna (que introduziu a computação gráfica no processo), Eddy Star, Ives Quaglia, Francisco Santos, Márcia Magno, Telma Calheira, Euro Pires, Maria Adair, João Teixeira, J. Cunha.

Alberto Pita desenvolveu, inicialmente para o Olodum, após para o Cortejo Afro, belos trabalhos temáticos de identidade visual e Goya Lopes decorou camarotes e criou estamparias para vários blocos. Ney Galvão e Di Paula esbanjaram apoteóticos figurinos e decoraram clubes e passarelas.  E, no tempo dos grandes bailes de clubes e do Hotel da Bahia, Carlos Bastos, Pasqualino Magnavita, Carybé, Genaro de Carvalho e Mário Cravo. Eliana Dumet, na Emtursa, promoveu os carnavais temáticos (Tieta, 450 anos de Salvador, Viva o Povo Brasileiro, Carnáfrica...) que inspiraram artistas plásticos e designers dos blocos, na confecção dos abadás e alegorias. E Gringo Cardia representou a estética da história da festa, em linguagem cenográfica e audiovisual, na Casa do Carnaval; contribuiu com a sua própria estética, a expertise de cenógrafo e designer consagrado pelo Brasil afora.

*Nelson Cadena é publicitário, jornalista e escreve às quintas-feiras