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A força vem do campo


 

  • Editorial

Publicado em 07/09/2019 às 05:00:00
Atualizado em 20/04/2023 às 06:04:06
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Até o início da década de 1980, o Oeste da Bahia era somente uma vasta porção de terra considerada sem valor. Décadas depois, a região se tornou a grande responsável pelo salto da agricultura baiana, hoje, a que mais cresceu no país, como revela a nova Pesquisa Agrícola dos Municípios (PAM), publicada anteontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada com destaque pela imprensa local e nacional.

De acordo com o estudo, o valor da produção agrícola do estado atingiu aproximadamente R$ 20 bilhões em 2018, montante 27,1% maior do que o de 2017. Soja e algodão, largamente cultivados no Oeste, tiveram peso decisivo para que o agronegócio baiano apresentasse tamanho salto e superasse, com folga, as taxa apresentadas por São Paulo e Mato Grosso, líderes incontestes do setor no país.

Apesar da importância de políticas públicas e incentivos adotados pelo poder público para estimular a agricultura, a vitória conquistada pelo estado no agronegócio se deve ao empenho de centenas de produtores que, anos atrás, apostaram no Oeste. Foram eles que diretamente se dedicaram para transformar uma região marcada pelo isolamento e pela pobreza em uma das mais pujantes zonas agrícolas do Brasil. 

Dos 20 municípios brasileiros com maior valor de produção agrícola, quatro estão situados no Oeste baiano: Correntina, Barreiras, Formosa do Rio Preto e São Desidério, que alcançou a liderança do ranking nacional, com o montante de R$ 3,6 bilhões, e conseguiu, pela primeira vez, desbancar tradicionais campeões do setor, como Sapezal e Sorriso, ambos no Mato Grosso. 

Mas há outras cidades da região que apresentaram bom desempenho em 2018, como Luis Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e Jaborandi, locais onde também são produzidos grãos e fibras em larga escala. Em um passado não muito distante, todos esses municípios não tinham qualquer relevância para a pauta econômica do estado. Hoje, graças a eles, o PIB baiano não sofreu sucessivos afundamentos nos últimos anos, a reboque de más resultados na indústria.

O potencial agrícola da região se tornou uma fortaleza segura para que a Bahia atravessasse a crise financeira sem sofrer danos exponenciais e evitasse um salto muito alto nas taxas de desemprego. No entanto, o Oeste não é o único oásis no bom momento do agronegócio do estado. 

A fruticultura no Vale do São Francisco, o café do Sudoeste e da Chapada Diamantina, cujas cidades vêm ganhando espaço também nos segmentos de frutas de clima temperado, verduras e legumes, ajudaram bastante o estado a conquistar a liderança em valor de produção agrícola em 2018, mesmo que efeitos climáticos sazonais tenham segurado um avanço muito maior.

As boas novas que sopram dos campos colocam sobre o colo dos governos federal, estadual e municipal a responsabilidade de resolver os gargalos enfrentados pelo agronegócio. O principal tem a ver com o escoamento da produção. A deficiência na logística eleva custos e trava a abertura de novos postos de trabalho. Diminuir a dependência do transporte rodoviário e investir nos sistemas ferroviário e portuário é mais que necessário. É urgente.