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'A gente não conseguia respirar', diz morador de prédio atingido por fogo na Barra

Moradores viveram momentos de pânico após fogo em apartamento

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  • Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2022 às 11:38

 - Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

A noite de sono dos moradores do Edifício Kennedy, na Barra, foi interrompida por muita fumaça e, depois, por gritos de desespero. Um apartamento do segundo andar pegou fogo e os moradores viveram momentos de pânico, e de choque, com a morte do médico residente Bruno Coelho, que caiu do prédio ao tentar escapar das chamas.

A turista do Peru, Cecília Aung Budinlen, estava no 4° andar do edifício. Ela e o marido estão de férias em Salvador há cerca de um mês e hospedados na casa da filha. Cecília contou que ela, o marido, a filha, o genro e os netos pequenos - um de 8 e outro de 9 - acordaram com a fumaça e os gritos de desesperos das pessoas em outros apartamentos. "Foi terrível. Foi muita fumaça. A gente não conseguia respirar. Todo mundo em pânico", contou ela. 

Cecília disse que em um determinado momento, escutou algumas pessoas gritando para alguém parar de andar. "Falavam 'não, não, volta, volta'". Segundo ela, as pessoas alertaram o médico do risco da queda. Logo em seguida, a turista escutou um estrondo. "Foi um baralho muito forte e único", contou ela, fazendo referência ao momento em que o médico caiu.  (Foto: Bruno Wendel/CORREIO) Cecília disse que, após a queda do médico, ela foi para a janela e pediu socorro. "Eu gritava, gritava, mas ninguém podia fazer nada. O Corpo de Bombeiros só chegou ao prédio 40 minutos depois", disse. 

Mas Cecília e os demais ocupantes da casa não esperam pelos bombeiros. Ela relatou que, como não enxergavam nada, todos  tiveram que tatear no chão até chegar à porta. "Descemos pelas escadas. Encontramos outros moradores também descendo", contou ainda com o joelho sujo da fuligem da fumaça. Ela e a família não sofreram ferimentos.

O porteiro de um dos prédios do entorno do edifício onde o correu o incêndio contou que, antes de cair, o médico buscava ajuda. "Ele estava de cueca e o restante do corpo coberto pelo lençol e perguntava às pessoas:' Faço o quê? Faço o quê?''. Em seguida, o médico tentou  alcançar o outro apartamento e caiu. Logo após a queda do médico, a inquilina do apartamento que pegou fogo desmaiou. 

Já um outro morador, que não quis se identificar, relatou também momentos de terror. "Foi horrível. Acordamos desesperados com a fumaça. Peguei meus filhos e descemos pelas escadas. Caímos entre os degraus. Nunca tinha passado por isso". Ele disse que ninguém se feriu, mas ficou o trauma psicológico. "Voltamos hoje para o apartamento, para fazer a limpeza, mas meus filhos não quiseram entrar. Estão com muito medo", relatou ela.

De acordo com moradores, o incêndio começou por volta das 2h e teria iniciado em um aparelho de ar condicionado. "A moradora saiu pelas escadas gritando: 'extintor, extintor'. Acho que ela tentou inicialmente controlar as chamas, mas não conseguiu e saiu para pedir ajuda", contou uma moradora.

Incêndio Engenheiro da Codesal, Jorge Palma informou que o incêndio foi no apartamento  202. As partes mais consumidas pelas chamas foram a cozinha e o quarto. "O quarto foi o mais atingido, talvez tenha sido do ar condicionado. Mas com relação à causa, será dada pelo DPT (Departamento de Polícia Técnica). Com relação ao imóvel, não houve danos estruturais, ou seja, laje, pilar, viga. O que houve foi queda do reboco das paredes e destruição da instalação elétrica e hidráulica e houve perda de todos os objetos".

O engenheiro informou ainda que não há riscos para os outros apartamentos. "A Codesal notificou o condomínio para providenciar junto ao proprietário os reparos gerais. Não há perigo para os outros apartamentos, apenas sujeira, água, fuligem,  inclusive o apartamento sinistrado não houve dados estruturais, isso que é importante". O representante da Codesal avaliou ainda que o médico se precipitou ao tentarpassar para o terceiro pavimento e acabou caindo.