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Marcio L. F. Nascimento
Publicado em 26 de julho de 2019 às 14:15
- Atualizado há um ano
Uma das maiores conquistas da humanidade correspondeu à chegada da nave Apollo 11 à Lua em 20 de julho de 1969. A Lua dos românticos (e dos poetas) passou a ser a Lua dos cientistas. Poucas horas depois da alunissagem do módulo Eagle, já no dia 21, no Mar da Tranquilidade, os astronautas Neil Alden Armstrong (1930 - 2012, engenheiro aeroespacial) e Edwin Eugene Aldrin Jr. (n. 1930, engenheiro mecânico) deram as primeiras caminhadas. A viagem toda levou um pouco mais de oito dias e contou ainda com a participação do astronauta e piloto americano Michael Collins (n. 1930, bacharel em ciências militares), testemunha ocular que dirigiu o módulo de comando e ficou orbitando nosso satélite, enquanto seus dois colegas exploravam a superfície lunar, caminhando por volta de duas horas.
Num evento televisionado para o mundo todo, ao pisar em solo lunar, Armstrong disse: “um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade”. Ambos astronautas tiraram uma centena de fotos e vídeos, coletando quase 21 kg de materiais.
Para realizar tal conquista, foram realizados muitos estudos científicos. Algumas comprovações foram notadas pelos astronautas, como a presença de uma atmosfera lunar rarefeita, muito tênue, quando comparada à atmosfera terrestre. Por causa disto, não há barulho, som, qualquer ruído audível, somente paz. Já a gravidade lunar equivale a quase um sexto da que presenciamos na Terra. Isto significa que, ao se dar um salto na Terra, o mesmo esforço na Lua equivaleria a atingir uma altura seis vezes maior... Ou de outra forma, que caminhar na Lua pode ser mais complicado que fazer o mesmo esforço em nosso planeta. Por sinal, o terreno lunar consiste num pó bem fino, parte dele resíduo da atividade vulcânica de nosso satélite há milhões de anos. O solo é bastante duro, rochoso, e existem luamotos, o equivalente a terremotos, provocados principalmente por quedas de meteoritos.
No entanto, há uma interessante curiosidade sobre a superfície da Lua: ela está recoberta de vidro!
Tais vidros foram produzidos principalmente a partir dos impactos de meteoritos, além da atividade vulcânica. Assim como na Terra, a lava, ao resfriar rapidamente, em geral forma vidros naturais, chamados de obsidianas. Estas serviram aos primeiros hominídeos para cortar e perfurar, tornando-se os primitivos instrumentos da humanidade. Na Lua, algumas das manchas escuras receberam o nome “maria”, o equivalente a mares em latim, e que correspondem a formações basálticas, verdadeiros lagos de lava solidificada onde se podem encontrar obsidianas. Os antigos astrônomos deram este nome pois imaginavam que tais partes da Lua correspondiam a corpos de água no nosso satélite, o que de fato não existe.
Outros vidros encontrados na Lua têm cor levemente alaranjada, e provavelmente foram obtidos via impacto de meteoros com os sedimentos da superfície lunar. Boa parte dos maiores meteoros promoveram cicatrizes na Lua, muitas delas visíveis de nosso planeta. A formação destes materiais vítreos ocorre por meio de alta pressão e temperatura durante o impacto, sendo que o material resultante resfria rapidamente, formando vidros com o nome de impactitos.
Lua, Lua, Lua, Lua... Como bem sabem os poetas, além dos cientistas, tem partes de vidro, e assim continua com seu brilho a encantar a humanidade.
Marcio Nascimento é professor da Escola Politécnica, Departamento de Engenharia Química e do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade dos autores