A maternidade e a produção científica: desafios na pandemia

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  • Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2021 às 04:46

- Atualizado há um ano

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A sobrecarga materna instituída histórica e socialmente, naturalizada e, por vezes romantizada, ficou ainda mais evidente com a pandemia de covid-19.  Conciliar maternidade, produção científica, aulas remotas dos filhos e demais tarefas do dia a dia se tornou um desafio para mães pesquisadoras, que, em meio ao caos, se desdobram para cumprir prazos, atendendo às exigências relacionadas à produção cientifica dos programas e ainda precisam lidar com o sentimento de culpa e incompetência em não conseguir dar conta de tudo.

Um estudo sobre produtividade acadêmica brasileira, desenvolvido no início da pandemia pelo Parent in Science [https://www.parentinscience.com/], com discentes de pós-graduação, pós-doutorandas(os) e docentes/pesquisadores, abordando questões como gênero, raça e parentalidade, apontou que as mulheres com filhos são as que menos conseguiram submeter artigos científicos e as que mais tiveram dificuldades em trabalhar de forma remota.   Dados como este realça a invisibilidade da maternidade nos espaços acadêmicos, que não são um retrato apenas do período pandêmico, mas uma realidade presente nas Universidades e programas de pós-graduação. Como comenta a Dra. Pâmela Carpes, orientadora nos programas de pós-graduação de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Pampa e a dra. Letícia de Oliveira, orientadora nos programas de pós-graduação de Ciências Biomédicas da Universidade Federal Fluminense, em entrevista concedida à Parent in Science, “a maternidade não é um problema, mas sim a falta de políticas de apoio às mães na academia”.

A mobilização de mães pesquisadoras buscando ampliar o debate e a igualdade de oportunidades no meio acadêmico vem ganhando força e espaço, através da criação de grupos de pesquisa e publicações científicas relacionadas à maternidade e produção acadêmica.

Uma conquista alcançada através destes grupos foi a possibilidade de inserir no currículo Lattes/CNPq a licença maternidade. Maria Zaira Turchi, professora da Universidade Federal de Goiás, em entrevista concedida à Parent in Science, ressalta que “essa informação permite a flexibilização das carreiras das pesquisadoras e a construção de políticas públicas de ciência que olhem para as mulheres no percurso de suas trajetórias acadêmicas, em prol da igualdade de gêneros e da diversidade na participação em projetos de pesquisa e inovação”.

Embora essa seja uma grande conquista, ainda é preciso uma mudança estrutural e política nos programas de pós-graduação, para que as mulheres possam conquistar seu espaço no campo acadêmico e científico, considerando suas singularidades, como a maternidade, por exemplo, que não nos torna menos capazes, mas exige um respeito e aceitação ao ato de poder maternar e pesquisar ao tempo que se é possível.

Dayany Vieira Braga Teixeira é professora IF SertãoPE; doutoranda em Educação - UFBA  [email protected]