A memória do jornal: arquivista lembra de 90% dos fatos que o CORREIO cobriu

Funcionário chegou no CORREIO em 1983 e catalogava matérias e fotos desde a era analógica

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 02:00

- Atualizado há um ano

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Milton Luiz,o Bozó: a memória do CORREIO (Foto: Roberto Abreu/CORREIO) Boa parte do conteúdo do especial que você está lendo agora dependeu dele. No CORREIO desde dezembro de 1983, Milton Luiz Cerqueira da Silva, conhecido entre os colegas de redação como Bozó, é responsável por arquivar fotos e matérias. Começou como office -boy, mas logo em seguida se tornou arquivista. A catalogação das reportagens envolvia a colocação de cada uma delas em fichários que traziam seus temas. As pastas guardavam as reportagens com seus títulos, a data e a página de publicação. De tanto ler matérias e arquivar fotos, Milton se tornou o maior conhecedor da história das coberturas realizadas pelo CORREIO, ou seja, a memória do jornal. Quando precisamos reviver o passado em alguma matéria, seja em textos ou fotos, Milton é logo procurado.

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“Fica guardado na mente, né? Se fui eu que fiz esses fichários e recortei todos esses contatos”, diz Milton. O fichário foi abolido em 1997, quando se iniciou a informatização. O que mudou de lá para cá? “Quase nada”, brinca Milton. “Mudou somente a plataforma, o sistema em que é indexada a matéria e que nós colocamos as palavras-chave, como fazíamos com os títulos dos fichários. Agora é tudo digitalizado. Mas a busca continua sendo através de palavras”, explica. Em 2006, se implantou o chamado sistema Shell e os negativos das fotos e contatos deixaram de ser produzidos. “Os últimos negativos que temos aqui é de 2005”, diz o funcionário.

Até aquele ano, o arquivo de fotos do CORREIO reuniu mais de 137 mil envelopes de negativos. O número exato de fotos é incalculável. Isso fora a quantidade de imagens arquivadas no Shell depois que as câmeras passaram a ser digitais. Milton não lembra de tudo, mas, diz ele, ao menos uns 90%. “Não sou sabedor de tudo, mas lembro de muita coisa”, garante. Quando compara os tempos áureos do arquivo com o que acontece atualmente, Milton incentiva que o seu setor seja mais visitado pela redação. “Hoje são poucos jornalistas que buscam o arquivo. O pessoal tem que entender que nem tudo está no Google”, ensina.