Academia fechada, orla lotada: número de pessoas praticando exercícios à beira-mar aumenta

Fim da tarde é o horário com maior movimento nas ruas

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 5 de março de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

O sol vai se escondendo e as pessoas vão aparecendo. Quando chega às 16h, a orla de Salvador abandona o vazio e vai, aos poucos, recebendo mais e mais visitas. Às 17h, já começa um vai e vem frenético de gente praticando exercícios físicos. A cada piscada de olho, mais e mais pessoas. Tem aquelas que preferem a caminhada, outras que são mais amigas da corrida e ainda há quem se dê bem mesmo com as bikes. Seja acompanhado ou sozinho, com as academias fechadas, muita gente resolveu ocupar as ruas para se exercitar. 

A medida restritiva, adotada pelo governo do estado, foi publicada na edição de quarta-feira (3) do Diário Oficial do Estado, com o objetivo de conter a disseminação da covid-19. Mas, se não tem aglomeração nas academias, tem ao longo da orla da cidade. As regiões da Pituba, Itapuã e Barra são as campeãs. E nem todo mundo que passa usa máscara, muito pelo contrário. Grande parte passa sem a máscara ou com ela abaixada, cobrindo o queixo. 

Na frente do Farol da Barra, foi montado um ponto de controle vistoriado pela Guarda Municipal. A placa orienta: “Uso obrigatório de máscara”. Quando o movimento de pessoas se intensificou no final da tarde de quinta-feira (4), os agentes passaram a abordar quem passava sem utilizar o equipamento de proteção; solicitavam o uso e forneciam para aqueles que não tinham em mãos.  Mesmo com placas de sinalização e fiscalização de guardas municipais, algumas pessoas insistem em não usar máscara (Foto: Carolina Cerqueira/CORREIO) A estudante Aline Lima, de 34 anos, diz ter receio das aglomerações nas ruas e prefere horários mais vazios para realizar sua caminhada, já que nem todo mundo usa máscara. Ela estava frequentando uma academia de ginástica no ano passado, mas optou por deixar de ir. “Quando a pandemia melhorou um pouco, eu comecei a fazer academia. Mas, depois das festas de final de ano, começou a aglomerar, as academias ficaram cheias e eu resolvi sair. Eu fiquei com medo e achei que ao ar livre seria uma alternativa melhor”, explica ela.

O taxista Éder Ferreira, de 39 anos, é fã de carteirinha das academias, vai todos os dias, e diz que vai sentir falta da rotina de exercícios. “Estou aqui agoniado porque a academia está fechada. Para quem já tem o costume de ficar fazendo exercício todo dia e de repente ser privado disso para ficar dentro de casa sem fazer nada, a pessoa acaba pirando”, pontua.

Como alternativa, ele optou por correr na orla da Barra, mas diz que não é a mesma coisa. “Vou ficar dando meu trotezinho aqui até a academia voltar, porque não substitui, lá dá para fazer outros exercícios e tem os aparelhos”, explica ele. 

Ferreira discorda da decisão de fechamento e diz que era possível manter elas funcionando com os protocolos de segurança. “Eu acho que dava para continuar aberta, que não tinha necessidade de fechar. Onde eu estava malhando, todo mundo seguia as orientações, então para mim, estava tranquilo”, opina.   Já para o estudante Jonas Menezes, de 24 anos, o fechamento era algo realmente necessário neste momento. “Eu acredito que realmente não dava para continuar aberto, porque é muita gente. Por mais que eles façam marcação de horário, acaba aglomerando. Foi melhor assim e aí a gente vai se virando”, coloca. Ele aproveitou a folga na rotina para andar de bike da Pituba até a Barra acompanhado do amigo, o consultor de vendas Victor Pereira, de 32 anos. 

Victor diz preferir a academia, mas, com o fechamento, teve que se virar. “Eu gosto mais da academia porque é mais prático, mais rápido, facilita no meio da rotina corrida. Mas estou aqui, caminhando e andando de bike, só não posso ficar parado”, diz ele. 

Não é de hoje A estudante Gabriela Santana, de 23 anos, também é do time dos ‘ratos de academia’, mas aproveita os momentos livres para correr na orla. Segundo ela, cada vez mais pessoas estão decidindo se exercitar e as ruas têm ficado mais cheias por conta disso. A movimentação não é somente por causa do fechamento das academias. “Eu estou achando que o número de pessoas se exercitando tem aumentado já há algum tempo. Eu acredito que as pessoas não estão mais aguentando ficar em casa, aí vêm fazer um exercício, ajudando na saúde física e mental. E, com as academias fechadas agora, aumentou ainda mais porque é a única opção que resta”, pontua ela.

A restrição só fez contribuir ainda mais com a grande quantidade de pessoas indo às ruas para se exercitar para a estudante Eduarda Cavalcanti, de 23 anos. Ela reforça que, desde a flexibilização das medidas restritivas, no ano passado, o movimento vem aumentando cada vez mais. 

A estudante foi andar de bicicleta na orla da Barra num domingo, dia 21 de fevereiro, véspera do primeiro toque de recolher decretado para a Bahia, e confessa que levou um susto. “Estava muito mais cheio do que o normal, até mais do que um domingo sem pandemia. Eu fiquei assustada mesmo. Quando eu cheguei na Barra, nem dava para passar direito de tanta gente que tinha. Bares e restaurantes lotados, muita gente pelo caminho. Não tive coragem de parar e descer da bike para beber água”, diz ela. 

As atividades individuais nas academias de ginástica ficam suspensas até às 5h do dia 8 de março, em Salvador e região metropolitana. Já as aulas coletivas, como dança, boxe, crossfit, bike, entre outras, vão ter que esperar ainda mais. Elas estão suspensas até o dia 1º de abril em todo o estado. 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro