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Achada em terreiro, jacaré Jaqueline é solta em lagoa em Salvador

Animal foi resgatado após aparecer em banheiro

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 10 de setembro de 2021 às 11:41

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

O jacaré encontrado em um terreiro de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi devolvido ao habitat natural nesta sexta-feira (10). Estática, Jaqueline, como foi batizada pela comunidade parecia preferir o minúsculo banheiro coletivo onde foi achada a uma das treze lagoas do Parque das Dunas, em Praia do Flamengo. Depois de ser retirada da caixa de transporte, o jacaré-fêmea permaneceu imóvel por mais de cinco minutos.  “Como não está se sentindo ameaçada, ela poupa energia enquanto faz o reconhecimento do local”, explicou o biólogo do Inema Haeliton Cerqueiro, logo após que o réptil resolveu desaparecer nas águas escuras na manhã de hoje.

O animal chegou em uma caixa de transporte em um veículo do Inema. No mesmo carro, vieram outros 22 animais que também seriam soltos no parque - incluindo uma jiboia e outras serpentes, gaviões, corujas, cágados, gambás e tatus. Em todas as 13 lagoas do parque estão 22 jacarés de espécies distintas, entre eles aquele que foi capturado em Coutos.

O Parque das Dunas é o maior parque urbano do Brasil, com 700 hectares, treze lagoas perenes - que não secam, pois têm nascentes - e é a maior reservava de proteção ambiental de Salvador. "O parque só recebe escolas  com o trabalho ambiental, turistas, pesquisas científicas e trabalhos acadêmicos. O local é escolhido para receber esses animais por causa do seu ecossistema com dunas, lagoas e restingas", explicou o fundador e diretor do parque Jorge Santana.

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O jacaré-fêmea da espécie anão chegou ao parque por volta das 10h, pouco depois de ter deixado o Centro de Triagem de Animais Silvestres do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no Cabula

Técnicos do Ibama levaram o animal dentro da caixa de transporte até as margens da Lagoa da Vitória, a maior lagoa do parque. O biólogo Haeliton usou um cambau para imobilizar o réptil pelo pescoço. À medida que a caixa ia sendo virada em direção à margem, Jaqueline aparentava agitada, batendo a cauda e abrindo a boca. "Esse comportamento é normal. Essa espécie é a mais tranquila de todas", pontou o biólogo.

Apesar de completamente desimpedida, Jaqueline permaneceu parada. A ansiedade de vê-la na lagoa foi tanta, que os técnicos do Ibama deram uma forcinha, mas nada adiantou. Embora eles tenham empurrado na água, o jacaré-fêmea permanecia na dela, mesmo tendo parte do corpo submerso. "Ele está fazendo um reconhecimento da área. Ao todo são 25 jacarés no parque, todos monitorados através de um chip, o mesmo acontece com Jaqueline", contou Jorge Santana.

Mas tudo foi no seu tempo. Quando todos menos esperavam, a Jaqueline levantou a cabeça do espelho d'água e desapareceu nas águas onde encontrará outros de suas espécie, além de uma dieta rica em peixes, cobras e até  pássaros.

Resgate O jacaré foi encontrado por uma aposentada no banheiro coletivo da comunidade que vive no terreiro. Eu tomei um susto horrível. Aqui é perto do mato, então já vi sucuri, jiboia, aranha caranguejeira e marimbondo, mas jacaré foi a primeira vez. Tive que sair correndo para chamar o Pai Thiago para me acudir", contou Dona Célia Batista, de 59 anos, que, com medo do invasor, não conseguiu dormir de noite.

Ao ouvir os berros, Pai Thiago de Ogum foi correndo acudir sua filha. “O povo tava gritando ‘jacaré, jacaré’... Até pensei que alguém do terreiro tivesse se vacinado”, brincou o religioso, que foi quem batizou o animal de Jaqueline, por achar a sonoridade parecida. Jaqueline é mesmo uma fêmea de jacaré, confirmou o Inema. Chegando ao banheiro, Pai Thiago viu que, de fato, o terreiro recebeu a visita de um predador. Ele, então, fechou a porta do toilette e iniciou a saga para tentar resgatar o animal.

“O jacaré e a cobra, por exemplo, são animais encantados pela natureza. E Oxóssi é o protetor de todos os animais. Oxóssi é um orixá que caça para trazer fartura para todas as famílias, apenas para alimento, nunca para simplesmente matar. Por isso chamei as autoridades para realizarem o resgate”, conta o líder.

O primeiro contato feito, de acordo com ele, foi com o Corpo de Bombeiros por volta das 20h. As horas foram passando e nada do resgate chegar. “Liguei de novo umas 23h e fui informado que uma guarnição já estava a caminho”, revela. Porém, era um alarme falso. Nenhuma viatura foi até o local buscar o animal.

Em nota, o Corpo de Bombeiros da Bahia alega que não recebeu nenhum chamado para atender o resgate de um jacaré na noite desta quarta-feira. A única ligação registrada por eles teria ocorrido às 8h da manhã desta quinta (9).

Pai Thiago, no entanto, garante que o contato foi feito e, para provar, apresenta quatro ligações para o 193 no histórico de chamadas do celular. Ele jura que falou com um atendente, que teria registrado o pedido.

Sem resgate, Jaqueline, nome dado ao jacaré, passou a noite inteira trancada no banheiro. Só na manhã desta quinta, após equipes de reportagem chegarem ao local, que uma equipe da prefeitura de Simões Filho foi buscar o bicho.

“Vieram com veterinário, carro da prefeitura e me disseram que iam levar Jaqueline para um bom lugar”, comemorou o pai de santo.