Ações truculentas de PMs são denunciadas a ONU, OEA e Anistia Internacional

Intenção é alertar organizações internacionais sobre os constantes desvios de condutas

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  • Bruno Wendel

Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 16:05

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Foto: Reprodução Um dossiê contendo uma série de ações truculentas de policiais militares em abordagens na Bahia foi enviado para a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Anistia Internacional (AI). Entre os vários casos mencionados de violência praticados por PMs, está a agressão a um adolescente de 16 anos no último domingo (2), no bairro de Paripe. O rapaz foi espancado e ainda sofreu insultos racistas por usar um penteado black power.

O documento foi enviado à ONU, OEA e a AI nesta quinta-feira (6) pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN). “Protocolamos dois relatórios relacionados ao caso do adolescente agredido pelo policial e outro sobre a ameaça relativa ao autor do vídeo. Além disso, denunciamos também o acúmulo de casos de violência ao longo dos anos nos mesmo perfis de locais, regiões de periféricas, caracterizando um modo de operação abordar jovens da periferia. Isso não acontece na Barra, Ondina ou Graça, bairros nobres”, declarou o coordenador nacional do coletivo Yuri Silva.

Segundo Yuri, o objetivo é alertar as organizações internacionais de direitos humanos sobre a conduta de policiais militares com a população negra do estado. “Eles precisam saber como o povo negro da Bahia é tratado pela polícia. A intenção é constranger o estado brasileiro internacionalmente com toda essa violência. A gente sabe que toda essa violência é feita por uma minoria, que a maioria dos policiais não compactua com isso, mas a população negra é massacrada na Bahia”, declarou Yuri. 

Yuri detalhou o conteúdo do dossiê encaminhado à ONU, OEA e AI. “São relatórios contendo reportagens que contatam as violências, documentos do CEN de denúncias de violências policiais, ofícios enviados para diversos órgãos nacionais, vídeos, fotos, um compilado de informações parta os órgãos internacionais tomem de fato conhecimento dos desvios de conduta da corporação”, explicou. 

O CORREIO procurou a Polícia Militar para comentar o assunto e aguarda resposta. 

Ameaça A violência contra o adolescente se tornou pública após a divulgação de um vídeo nas redes sociais. O autor das imagens chegou a receber ameaças após divulgar o conteúdo e passou a integrar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), da Secretaria Nacional de Cidadania do Ministério dos Direitos Humanos. O caso dele também foi denunciado nas organizações internacionais de direitos humanos. 

Quatro dias após a divulgação desse caso, um outro vídeo de agressão praticado por policiais militares veio à tona nesta sexta-feira (7). Nele, um PM aparece chutando o rosto de um homem no Pelourinho. O comandante geral da PM, Anselmo Brandão classificou os desvios de conduta como “fato isolado”.