Acredite: não existe ganho certo quando o assunto é investimento

Na quarta e última matéria da série Mitos e Verdades fique atento a cinco ciladas que você não pode cair ao buscar uma aplicação

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  • Priscila Natividade

Publicado em 8 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Isaac de Moraes Neto

Se ao buscar uma aplicação alguém te prometer um ganho certo e garantir ainda que vai ganhar muito dinheiro, desconfie. Aliás, pule fora. Não acredite nem em Bettina.  No mundo dos investimentos, não vão faltar ofertas  e muito papo para convencê-lo qual o melhor  lugar para colocar o seu dinheiro.

Na última reportagem da série da Carteira Correio sobre Mitos e Verdades, quem entende (e muito) de investimentos vai desmistificar algumas das principais situações que podem colocar o seu ‘pé de meia’ em risco e fazer o investidor, ao invés de ganhar grana... Perdê-la para uma taxa de administração ou de carregamento.   

E a primeira dica é justamente não se deixar levar por qualquer aplicação que garantir muito dinheiro fácil, rápido e sem custo. Até por que, a primeira lição que um bom investidor aprende é que quanto maior o retorno, maior será o risco. “Ligue o alarme se a promessa for de rentabilidade acima da taxa de juros e sem risco. Ganho certo, principalmente em renda variável, é sinal de alerta”, afirma o fundador do buscador de investimentos Yubb, Bernardo Pascowitch.

Por isso, conhecimento vale ouro para quem quer investir. Para o diretor de operações da Easynvest, Amerson Magalhães, a estratégia  é pesquisar sobre o mercado financeiro e os títulos que tem interesse. “Um cliente que não sabe o rendimento ou o custo para manter sua aplicação está investindo sem saber no que. Ele fica exposto a ser surpreendido com altos custos para manter posição e a riscos desconhecidos do investimento”. 

1. INVESTIR É SÓ PARA QUEM TEM DINHEIRO 'Seja questionador. Não aceite a primeira oferta', afirma Bernardo Pascowitch (Foto: Divulgação) Quem guarda, tem Muita gente costuma achar que só rico investe ou que é preciso ‘mundos e fundos’ para ter uma reserva financeira. Mas a verdade é que dá para começar a investir com R$ 30, por exemplo, em aplicações como os títulos do Tesouro Direto. Tudo começa com a definição de um objetivo que sirva de motivação para investir, como orienta o fundador do buscador de investimentos online Yubb, Bernardo Pascowitch. “É muito importante optar por investimentos acima da inflação como forma de não perder o poder de compra dos seus recursos”, destaca. A escolha da melhor aplicação deve estar de acordo com o seu perfil: seja o de um investidor mais cauteloso, moderado ou arrojado. “Seja questionador. Não aceite a primeira oferta sem antes pesquisar as diversas opções existentes no mercado”. 

 2. SOBRE OPERAÇÕES, TAXAS E AFINS 'Encontre o equilíbrio entre o serviço, o sistema operacional da corretora e os produtos', pontua Marcelo Popoff (Foto: Divulgação) Escolhas Sim, as taxas existem em todas as corretoras. “Algumas corretoras cobram mais, outras menos, algumas não cobram, mas ganham de outra forma. Encontre o equilíbrio entre serviço oferecido versus sistema operacional da corretora versus curadoria de produtos oferecidos”, destaca o presidente da Associação Brasileira dos Agentes Autônomos de Investimentos (ABAAI) e sócio da Lifetime Assessoria de Investimentos, Marcello Popoff. Até o apelo da taxa zero esconde lá seus custos. “No meu entendimento, zero é nada. Quando você coloca um produto na sua prateleira que está te pagando um spread [diferença entre a taxa de juros final e o custo de captação desses recursos para o banco], mesmo que o cliente não enxergue, existe uma taxa ai. O importante é comparar produtos, mas não acreditar que as corretoras são instituições perversas, mesmo porque se eu tenho um produto mais atrativo em termos de taxa na corretora A do que na corretora B, com certeza escolherei a A”, aconselha Marcello Popoff. 

3. ASSESSORIA FINANCEIRA SEM CUSTO 'O custo está na comissão que você paga para a corretora e muitas vezes não fica sabendo', ressalta Annalisa Dal Zotto (Foto: Divulgação) Fique de olho É mito, como esclarece a planejadora financeira e sócia da Par Mais Investimentos Financeiros, Annalisa Dal Zotto. “A corretora não cobra um valor (no boleto ou cartão de crédito, por exemplo) para te assessorar, pois ela vende produtos e recebe comissão pela venda desses produtos. Ou seja, o custo está na comissão que você paga para a corretora e muitas vezes não fica sabendo”. Ainda de acordo com a especialista, o maior risco é de estar com o dinheiro aplicado em investimentos que não estão alinhados aos objetivos do investidor. “São grandes as chances de pagar taxas altas sem necessidade e aplicar naquilo que dá mais lucro para a corretora e não para o seu bolso”. Outro detalhe que o investidor precisa ficar de olho é a ‘vantagem’ de taxa zero de manutenção de conta e tarifa de TED (Transferência Eletrônica Disponível) para retiradas. “Na prática, nenhuma corretora cobra taxa de manutenção de conta e nem tarifa de TED para retirada dos recursos, então isso não é uma vantagem para o investidor”, completa. 

4. NENHUM GANHO É GARANTIDO 'Investimento é uma jornada de aprendizado', destaca Amerson Magalhães (Foto: Divulgação) Os riscos existem Ganhos certos e expressivos não existem no mundo do investimento, por mais que o título seja previsível. Qualquer promessa de investimento acima da inflação e sem risco, o investidor, com certeza, vai perder dinheiro. “Investimento é uma jornada de aprendizado e tem diversas modalidades para serem testadas de acordo com o seu apetite ao risco. Pode ser interessante começar com investimentos mais conservadores, como renda fixa e, à medida que aumentar o conhecimento, aumentar a diversificação da carteira”, aconselha o diretor de operações da Easynvest, Amerson Magalhães. Mais uma vez, o especialista insiste no estudo do produto antes de se fazer o  investir, acompanhado por um bom planejamento financeiro. “As ações são investimentos de alto risco, sensíveis às oscilações do mercado. Porém, existem muitos outras aplicações  em que, no mínimo, o investidor sai com a mesma quantia que começou, como o Tesouro Direto, por exemplo. O risco é baixo, pois está vinculado ao governo e tem rentabilidade acima da poupança”. 

5. PROMESSAS E MAIS PROMESSAS 'É entender certinho qual o risco do ativo', recomenda Carlos Ferro (Foto: Divulgação) Ganhos e mais rentabilidade Atualmente tem muita propaganda que aparece por aí, falando que o investidor vai ganhar muito dinheiro... Mas também tem muita gente não cumprindo aquilo que fala. “O investidor deve ficar atento para escolher uma corretora,  buscar se informar sobre o tamanho dela, que produtos que ela oferece, o que os clientes dizem sobre ela. É fundamental buscar quem está por trás, saber se a corretora é sólida ou não, o tamanho dela no mercado hoje, como ela vem crescendo”, afirma o assessor de investimentos e sócio da SVN Investimentos, Carlos Ferro. Para não cair em ofertas que pareçam boas, mas na verdade, não são; também vale dar uma conferida na reputação da corretora,  consultar avaliações e ler comentários de outros investidores. Verifique se ela tem autorização para operar no site do Banco Central (BC). “Feito isso, a sua segurança de montar uma  carteira de investimentos e ter sucesso com ela é muito grande. É entender certinho qual é o risco do ativo que se  está comprando e o custo para entrar nesse ativo”, acrescenta Ferro.