Acusada de grilagem de terras, quadrilha de PMs é presa por força-tarefa da SSP

Grupo ainda é suspeito de matar soldado e ex-fuzileiro; CORREIO denunciou esquema de grilagem

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  • Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2020 às 14:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação SSP

Uma quadrilha formada por policiais militares da ativa e da reserva foi presa neste sábado (17). De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os PMs presos atuavam no Litoral Norte da Bahia e são suspeitos de serem responsáveis pelas mortes do soldado da PM Ítalo de Andrade Pessoa e do ex-fuzileiro Cléverson Santos Ribeiro, no dia 11 de setembro deste ano.

No início do mês, o CORREIO denunciou, com exclusividade, que policiais faziam parte de uma milícia que atuava em um esquema de grilagem em Camaçari. A reportagem teve acesso a uma gravação de um dos herdeiros do Loteamento Hilda Malícia, em Vila de Abrantes, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). No vídeo, ele denuncia um esquema de grilagem envolvendo policiais militares e pelo qual vinha sendo ameaçado.

Ao todo, foram cumpridos seis mandados de prisão temporária contra oficiais e praças lotados na 59ª CIPM (Abrantes), Rondesp Central e 31ª CIPM (Valéria), além de PMs da reserva. Os mandados foram cumpridos por uma força-tarefa de equipes das Corregedorias Geral da SSP e das Polícias Militar e Civil. Além deles, o filho de um dos policiais capturados, um ex-policial e um homem que atuava com o grupo integravam a quadrilha.

O local das prisões não foi informado. No entanto, ainda segundo a SSP, os suspeitos faziam grilagem de terras em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, nas localidades de Barra do Jacuípe e Monte Gordo.

Durante a operação, foram apreendidas quatro pistolas, além de carregadores, munições, coletes balísticos, 2.549 pinos de cocaína, pedras de crack e um carro com placa adulterada.

Denúncia No início do mês, o CORREIO publicou uma reportagem que revelava o esquema. “As minhas terras ele não vai roubar. Estou disposto a brigar, lutar a qualquer hora”, diz a mensagem gravada em fevereiro deste ano por Wilson Messias de Souza, o Cidinho, 56 anos, um dos herdeiros do Loteamento Hilda Malícia, em Vila de Abrantes, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). No vídeo, ele denuncia um esquema de grilagem envolvendo policiais militares e pelo qual vinha sendo ameaçado. Dois meses após a denúncia, Wilson foi assassinado por uma dupla de motoqueiros em Abrantes. O vídeo já foi analisado pela Polícia Civil. O CORREIO teve acesso com exclusividade à gravação uma semana após as mortes do soldado da PM Ítalo de Andrade Pessoa e o amigo dele, o ex-fuzileiro naval Cleverson Santos Ribeiro, assassinados no dia 11 deste mês em Camaçari.  Segundo moradores da região, um dos autores dessas execuções, um sargento da 59ª Companhia Independente (CIPM/Vila de Abrantes), e um outro PM, um tenente da 31ª CIPM de Valéria, fazem parte da mesma milícia que vem atuando no Loteamento Hilda Malícia, intimidando pouco mais de 40 pessoas que compraram terreno no local – uma área de aproximadamente 24 mil metros quadrados –  e ameaçando também Cidinho.