Acusado de assédio, Marcius Melhem diz só ter tido relações consensuais: 'Fui um homem tóxico' 

Em entrevista a portal, ator diz que vai processar advogada e Dani Calabresa

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  • Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2020 às 09:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

Acusado por atrizes e técnicas da Rede Globo de assédio sexual, o ator e diretor Marcius Melhem negou as acusações, em entrevista ao colunista Mauricio Stycer, do UOL, e à editora-chefe do Universa, Dolores Orosco, publicada neste sábado (5). 

"Preciso estar aqui com toda transparência, toda a clareza, para dizer que eu fui um homem tóxico, um marido péssimo, uma pessoa que cometeu excessos em se relacionar com pessoas dentro de seu próprio ambiente de trabalho, coisa que eu não via problema, mas hoje entendo todas as nuances que isso pode ter", afirmou, aos jornalistas. 

As denúncias contra Melhem vieram à tona em outubro, quando a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, publicou uma entrevista com a advogada Mayra Cotta, que representa as vítimas. Na ocasião, a defensora citou seis mulheres que acusavam Melhem de assédio sexual. 

Além disso, na última sexta-feira (4), o repórter João Batista Jr. publicou uma longa reportagem na revista Piauí em que descreve os acontecimentos desde um assédio que teria sido sofrido pela atriz Dani Calabresa, em uma festa em 2017. Ao todo, a revista cita 12 denúncias - dessas, pelo menos cinco seriam de assédio sexual. 

"Eu jamais, embora confesse meus excessos e já confessei aqui e a gente pode conversar sobre eles, eu jamais tive nenhuma relação que não fosse consensual e eu jamais pratiquei nenhum ato de violência com quem quer que seja na minha vida", disse. 

Melhem afirmou que passou um ano sem se manifestar, desde a primeira denúncia, porque "queria entender" o que estava acontecendo. Ele negou que seja uma pessoa violenta, como foi afirmado pela advogada Mayra Cotta, em entrevista à Folha. "Eu jamais, embora confesse meus excessos e já confessei aqui e a gente pode conversar sobre eles, eu jamais tive nenhuma relação que não fosse consensual e eu jamais pratiquei nenhum ato de violência com quem quer que seja na minha vida. Esse perfil que foi traçado ali ele não corresponde de forma alguma a quem eu sou", disse. Melhem afirmou, ainda, que embora esteja sendo condenado pela opinião pública, não há nenhum processo contra ele na Justiça. 

"Eu cometi muitos erros, mas esses não. Só para deixar claro o quanto eu quero que isso seja esclarecido e o quanto é importante que seja esclarecido, eu tenho o direito de ser julgado. Não posso ser julgado pela opinião pública, exposto...passei de acusado a condenado sem ser julgado. Eu tenho o direito de ser julgado", afirmou. 

Ele revelou, ainda, que entrou com um processo contra a advogada na última quinta-feira (3). Melhem alega que quer que a defensora prove o que tem afirmado contra ele. 

Além disso, afirmou que também acionou Dani Calabresa na Justiça. "É uma pena eu ter que fazer isso, mas estou interpelando a Dani Calabresa para que ela confirme ou desmita o teor da matéria da Piauí, porque eu e ela sabemos que aquilo não aconteceu". 

Reportagem Melhem ainda reclamou da reportagem publicada na revista Piauí. Segundo ele, o repórter João Batista Jr. fez "um romance" e traçou "um thriller ali, muito bem construído"."Tanto a Dani Calabresa quanto eu nós sabemos como era a nossa relação, nós sabemos da amizade, da intimidade e do respeito da nossa relação. Nós sabemos em que ponto a nossa relação se deteriorou profissionalmente e isso está sendo recontado hoje de outra forma nessa matéria", pontuou. Ainda assim, Melhem disse que não contaria sua versão do que houve na festa em 2017, com a atriz Dani Calabresa. Ele afirma ter testemunhas de que o descrito na reportagem não aconteceu. O ator diz que não contaria para não expor Calabresa. 

Melhem também afirmou que tem vídeos e áudios de duas pessoas "que hoje lideram" o grupo que está contra ele na TV Globo. Nesses áudios e vídeos, essas pessoas o chamariam de "negrinho insolante", por ter crescido na emissora. 

"Nunca liguei para isso. Muitas pessoas me falavam assim: 'Isso é racismo', 'é preconceito'. E eu falava que isso dizia mais sobre essas pessoas do que sobre mim. Pessoas que acham que uma pessoa que sobe na hierarquia da empresa é 'um negrinho insolente". 

Para Melhem, entre os denunciantes há tanto pessoas que têm um "processo de vingança" contra ele quanto pessoas que pode ter realmente magoado. Ele ainda afirmou que teve um caso com uma autora casada, enquanto também era casado, por dois anos. No entanto, quando alguém da família da autora viu uma mensagem dele no celular, ela teria dito que estava sendo assediada. 

"Teve um momento, por exemplo, que ela vinha aqui em casa de Uber e as confirmações das corridas ela não reparou que iam para o email do marido dela. E aí ela foi cobrada na família: o que ela fazia tanto na minha casa? E a resposta que ela deu foi que eu a obrigava a trabalhar na minha casa, que estava apaixonado por ela... Só que isso tudo eu não sabia. Só fui saber anos depois, ela engravidou do marido e nosso caso acabou. Ela foi fazer a segunda temporada de uma série que ela tinha escrita. Só que pessoas da família dela que trabalham na Globo, levaram isso até a direção da Globo e foi aí que nasceu o Marcius assediador", relatou.