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Adriano da Nóbrega doou R$ 2 milhões à campanha de Witzel, diz revista


 

Propina seria "uma garantia proteção"

  • Da Redação

Publicado em 21/02/2020 às 20:41:00
Atualizado em 20/04/2023 às 20:54:04
. Crédito: Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO

O ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega doou R$ 2 milhões em dinheiro vivo à campanha de Wilson Witzel ao governo do Rio, segundo reportagem da revista Veja. De acordo com a publicação, a informação foi confidenciada pela viúva de Adriano, Júlia Mello Lotufo, no último dia 1º, que teria manifestado sua preocupação de que Adriano seria morto em uma operação de “queima de arquivo” organizada pelo governador do Rio de Janeiro.

Oito dias depois, Adriano foi morto durante uma operação realizada pela Polícia Militar da Bahia, com a ajuda da equipe de inteligência da polícia fluminense. Desde então, Júlia está escondida e confidenciou a pessoas próximas que está com medo de sofrer represálias de "uma organização criminosa infiltrada na administração do Rio caso revele o que sabe".

A partir de conversas com parentes e pessoas do círculo íntimo de Adriano, a revista descobriu que enquanto Adriano estava foragido, ele confidenciou à esposa ter dado R$ 2 milhões para a ampanha de Witzel. Também revelou a ela quem pediu e quem recebeu as mochilas de dinheiro. Este foi repassado, nas palavras do próprio Adriano, "como uma espécie de investimento, um seguro que garantiria proteção para tocar seus negócios clandestinos sem ser importunado pelas autoridades, especialmente a polícia".

Porém, em janeiro de 2019, no primeiro mês de mandato de Witzel, o Ministério Público do Rio acusou Adriano de chefiar o Escritório do Crime. Com isso, conseguiu uma ordem de prisão preventiva contra ele que passou a ser foragido. Segundo a reportagem, os amigos disseram a Adriano que Witzel queria usá­-lo como um troféu, "como prova da eficácia de sua política de segurança". Por isso, ativou sua rede de contatos e pediu socorro, invocando a ajuda financeira que prestara na campanha.

Liberação do corpo A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou que o corpo de Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope morto em Esplanada, na Bahia, foi liberado do Instituto Médico Legal (IML). O corpo passou nesta quinta-feira por um exame cadavérico complementar e deve seguir ainda hoje para o Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, para ser sepultado.

Representantes do Ministério Público da Bahia, do Ministério Público do Rio, familiares s de Adriano, além de assistentes técnicos contratados pelos familiares acompanharam a necrópsia complementar, segundo o jornal Extra. Os laudos ficarão prontos em 15 dias.

Entre as questões que poderão ser esclarecidas estão a distância aproximada que os atiradores estariam de Adriano quando os disparos foram feitos, direção que os projéteis percorreram no interior do cadáver e calibre das armas utilizadas na morte do ex-capitão. De acordo com a Secretaria de Segurança da Bahia, Adriano morreu, no último dia 9, em Esplanada, no Norte da Bahia, após um cerco seguido de uma troca de tiros com homens do Bope baiano.

O exame complementar atendeu decisão do juiz Augusto Yuzo Jouti, que responde pelas comarcas dos municípios de Esplanada e Alagoinhas. De acordo com a ordem judicial, que foi expedida no último dia 18 de fevereiro, a perícia poderia ser acompanhada por médicos assistentes técnicos indicados pela família de Adriano e pelo Ministério Público da Bahia (MP).

Adriano foi morto há nove dias e, após seu corpo ser trasladado para o Rio, permanece sem liberação para sepultamento. Um laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT) da Polícia Civil baiana apontou que Adriano foi morto com dois tiros, sendo um no tórax e outro que atravessou o corpo e atingiu o pescoço.

Os promotores de Justiça Dario Kist e Gilber de Oliveira pediram que fosse determinada a "realização de um novo exame de natureza necroscópica no cadáver" para definir a direção que os projéteis percorreram no interior do corpo do ex-capitão do Bope.

Também sugerem que a nova perícia indicaria o calibre das armas utilizadas para os disparos, a distância aproximada entre os atiradores e Adriano, além de “outros achados considerados relevantes pelos experts para a completa elucidação dos fatos”.