Adriano da Nóbrega transferiu mais de R$ 400 mil para Queiroz, estima MP

Mãe e esposa de miliciano morto na Bahia eram 'funcionárias fantasmas' de Flávio Bolsonaro

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  • Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2020 às 08:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O chefe da mílicia "Escritório do Crime", Adriano Magalhães da Nóbrega, tinha relação próxima com Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro preso nesta quinta-feira (18). O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) estima que o Capitão Adriano, como era conhecido, transferiu mais de R$ 400 mil para as contas de Queiroz. As informações são do Uol.

O Capitão Adriano foi morto em uma operação policial na Bahia em fevereiro deste ano. Pelo menos R$ 69,5 mil foram depositados nas contas bancárias de Queiroz por restaurantes administrados pelo miliciano e seus familiares.

Em novembro passado, Queiroz pediu que a mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, permanecesse escondida no interior de Minas Gerais, após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) garantir o andamento das investigações sobre o esquema de rachadinha de salários do gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro. Raimunda trabalhou no gabinete do filho do presidente entre 2015 e 2018.

As informações sobre as transferências constam nos documentos judiciais que embasaram o decreto de prisão preventiva de Queiroz, detido ontem em um sítio de Atibaia, interior de São Paulo. A propriedade pertence ao advogado do senador, Frederico Wassef. 

Já o defensor de Queiroz é Paulo Emílio Catta Preta, que também chefiava a defesa de Capitão Adriano.

Ontem, após visitar seu cliente na prisão, Catta Preta afirmou que Queiroz diz não entender o motivo de sua detenção. O advogado afirmou que o PM sempre prestou esclarecimentos às autoridades e que vai que entrar com um harbeas corpus no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) para que ele seja posto em liberdade.

Depósitos bancários A mãe e a ex-mulher de Capitão Adriano eram "funcionárias fantasmas" do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, de acordo com a investigação conduzida pelo MP-RJ.

"Há registros bancários de Fabrício José Carlos de Queiroz que indicam que o Restaurante e Pizzaria Rio Cap Ltda (administrado por Raimunda Veras Magalhães, mãe de Adriano) e o Restaurante e Pizzaria Tatyara (administrado por Adriano Magalhães da Nóbrega) transferiram R$ 69,5 mil para sua conta mediante cheque e TED (Transferência Eletrônica Disponível)", lê-se no decreto de prisão preventiva de Queiroz assinado pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio.

A mãe de Adriano realizou 17 depósitos no valor total de R$ 91.796 na conta bancária de Queiroz, entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. A quantia correspondia a percentuais de seu salário como assessora do gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro, segundo as investigações. Porém, ela nunca aparecia em seu posto de trabalho na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Capitão Adriano era chefe da milícia que domina as comunidades de Rio das Pedras e Muzema, na zona oeste do Rio. Ele também liderava o braço armado do grupo conhecido como Escritório do Crime, uma equipe informal de assassinos de aluguel, que incluiria entre outros o policial militar da reserva Ronnie Lessa, acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.