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Da Redação
Publicado em 13 de julho de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Há coisa de mais ou menos um mês, anotei aqui que o Vitória estava preso no porão. A comunicação era ruim, as iniciativas que em tese serviriam para atrair mais sócios eram piores, o presidente criava um factoide com o apelido dos jogadores e o que se via em campo era um time... bem, não chegava a ser um time.
Um caro leitor, que me dá a alegria de acompanhar esta coluna há uns bons anos, escreveu no mesmo dia. Na sua visão, a crítica estava fora de tom, pois Paulo Carneiro assumira o Vitória havia pouco tempo, encontrando um clube devastado.
Acontece que, ao longo de sua mensagem, o torcedor concordava com tudo que estava escrito naquele texto e dizia, inclusive, ter feito críticas semelhantes entre seus pares mais próximos. Então, compreendi que o problema não era criticar e, sim, botar no jornal. Ok.
Passaram-se quase 30 dias, a Copa América ocupou o calendário e o Barradão, Osmar Loss teve o tempo que tanto queria pra treinar, chegaram mais uns jogadores e, essa semana, o Vitória voltou a campo - ainda não foi estabelecido um consenso que defina se o time piorou ou continua pessimamente igual.
A única boa notícia é que, nesse meio de caminho, o clube criou um espaço de prestação de contas no site oficial e, ali, mandou ver na autocrítica: “Nesta primeira etapa, a política conservadora (média salário de R$ 16.000) de reforma do elenco não alcançou os resultados esperados, apesar das dificuldades operacionais estamos revendo o programa para fortalecimento da equipe” – não ligue para problemas de pontuação.
Por que isso é uma boa notícia? Ora, porque se até o clube reconhece que suas contratações não deram em nada e, por isso, está “revendo o programa”, pode-se depreender que, a partir deste momento, a porteira está aberta: já pode falar mal da gestão de Paulo Carneiro.
Você, torcedor ou torcedora do Vitória, que testemunhava a vaca caminhando firmemente rumo ao brejo e mantinha a crítica entalada na garganta pra não ofender o(a) colega ao lado, esse momento é seu.
Enquanto o Vitória perdia para o Cuiabá no Barradão (vou repetir para o punhal girar um pouco mais: perdia para o Cuiabá no Barradão), um amigo trouxe o relato: “Rolou um desabafo público numa janela aqui da rua, entregando os pontos e a dignidade: ‘Disgraaaaaaaaça, Paulo Carneiro. Eu confiei em você, disgraaaaaaça!’”.
Como se vê, o cidadão rubro-negro em questão andava completamente entupido por sentimentos contraditórios. Depositou sua esperança no atual presidente, mas já foi tomado pela descrença. O que fazer? Dar o braço a torcer ou seguir remoendo a mágoa internamente? Fingir que não está vendo ou reconhecer que algo precisa mudar?
Todo mundo sabe que não faz bem deixar esse tipo de aflição acumulando internamente. A pessoa cansa com o peso da própria angústia e, um belo dia, extravasa de forma desmedida. No caso, berrando pela janela para ver se extirpa tamanha amargura. Quem falou que a vida é fácil?
Nunca foi, mas dá pra levar melhor quando nos apegamos à realidade em vez de mitos.
E paro por aqui, antes que escreva mais uma frase com cara de coaching.
Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados