Água no pescoço e destruição marcam Coronel João Sá

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Publicado em 16 de julho de 2019 às 06:14

- Atualizado há um ano

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Trinta quilômetros separam a barragem do Quati, em Pedro Alexandre, da cidade vizinha de Coronel João Sá, um município de 17 mil habitantes na divisa da Bahia com Sergipe. Mesmo assim, a enxurrada liberada com o rompimento da barragem, na última quinta-feira, não demorou a chegar a Coronel João Sá e causar devastação nas ruas mais próximas à margem do Rio do Peixe.

Na Rua Velha, que não recebe esse nome por acaso - é onde ficam as casas mais antigas da cidade -, a força da água fez crateras em paredes, arrastou móveis, eletromésticos, derrubou telhados, acabou com muros, deixou residências inabitáveis. Nem o cemitério passou incólume. Olhando com calma, a minha sensação é a de que, no final das contas, a cidade viveu um verdadeiro milagre.

Dá pra chamar de outra coisa o fato de que ninguém ficou ferido? Apesar dos estragos nas casas, do prejuízo e da incerteza de quem só sabe, neste momento, que não tem para onde ir, é de surpreender que o rompimento de uma barragem não tenha feito nenhuma vítima fatal, sobretudo em áreas tão próximas ao rio, cujo nível subiu tanto que deixou uma ponte submersa.

A ausência de mortos e feridos não torna menos triste a situação de quem vive na cidade. Passada a sensação incial de ver a água bater no pescoço e assistir a todos os pertences irem embora de uma vez, muita gente ainda não sabe onde vai viver daqui pra frente.

Tampouco faz com que seja menos angustiante a vida de quem mora próximo às barragens. Nós enquanto trabalhávamos, estivemos ao lado de uma outra barragem, a da Boa Sorte, instantes antes de a área ser evacuada às pressas por risco de rompimento. O nível do rio que sobe em instantes demora a baixar. Também vai demorar para a vida voltar ao normal na cidade que se viu quase submersa.

*Clarissa Pacheco é subeditora do CORREIO e cobriu o rompimento da barragem direto de Coronel João Sá