Além da Saúde: Fórum Empresarial da Bahia busca apoio para reduzir desemprego por causa do coronavírus

Em carta aberta, entidade apoia prefeito ACM Neto e pede auxílio durante crise causada pela covid-19

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  • Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

Durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19) as entidades que integram o Fórum Empresarial da Bahia têm duas grande preocupações: como a doença impacta a saúde e como essa emergência em saúde pública afeta a economia. Com a maior parte das empresas e lojas fechadas ou com pouca produção, o presidente do grupo, Cláudio Cunha, ressalta que é preciso apoiar a população e também a manutenção de empregos.

Na última quarta-feira (8), o fórum emitiu uma carta aberta em apoio às ações de combate ao coronavírus tomadas pelo prefeito ACM Neto em Salvador. O documento ainda solicita que o gestor, que também é presidente nacional do partido Democratas, oriente sua bancada e as siglas aliadas no Congresso Nacional para votar a favor das medidas de auxílio às empresas e combate ao desemprego em massa.

Cunha acredita que o prefeito anteviu o momento de pico da doença em Salvador e conseguiu agir para reduzir o número de infectados na capital da Bahia, por isso, Neto merece o apoio do grupo. “Salvador tem se destacado devido às medidas de controle da covid-19 e pelo trabalho excelente que o prefeito faz em favor da população”, afirma.

Apesar de aprofundar os impactos econômicos da crise causada pelo coronavírus, o coordenador regional para o estado da Bahia da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Edson Piaggio, ressalta que a determinação da prefeitura de fechar os shoppings de Salvador foi acertada.“O shopping é um lugar de aglomeração de pessoas e se a recomendação é distanciar, o shopping não poderia estar funcionando. Agora, temos que pensar na proteção dos colaboradores e lojistas”, diz Piaggio.Decreto da Prefeitura fechou os centros comerciais de Salvador por 15 dias em 21 de março. A determinação foi prorrogada pelo mesmo período em 3 de abril. De acordo com Piaggio, os shoppings de Salvador faturam, em média, RS 40 milhões por mês, valor que não deve ser recuperado após a reabertura do estabelecimentos.

“Em uma situação normal, parte das vendas se recuperam quando um shopping fecha. Devido ao coronavírus, não deve haver recuperação pois as pessoas não vão ter a mesma disposição para comprar. Mesmo se os estabelecimentos voltarem a funcionar em maio, as perdas não devem ser recuperadas este ano”, analisa o coordenador da Abrasce.

No setor das agências de viagem, o mês de março quase não registrou vendas, segundo a presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia (Abav)  Angela Carvalho. De acordo com ela, a maioria das empresas só atende clientes que precisam cancelar ou adiar as passagens e pacotes comprados. “Nós empresários estamos pensando na economia, mas vemos que o problema da saúde é muito grave. Por esse motivo, o fórum apoia as ações tomadas pelo prefeito”, pontua a presidente da associação sobre o conteúdo da carta.

Auxílio econômico Apenas do ponto de vista econômico, as entidades do fórum ressaltam o papel fundamental do governo na manutenção de empregos e do funcionamento das empresas da Bahia. Por esse motivo também solicitam o apoio de Neto junto à Câmara.  “Como líder local e nacional pedimos o apoio do prefeito e presidente do DEM para conseguir as medidas anunciadas pelo Governo Federal como a negociação direta da jornada e salários entre os empregados e empregadores. Assim, esse acordo poderá ser feito com mais velocidade e garantir a manutenção dos empregos. A luta contra o desemprego é fundamental para que a economia possa deslanchar após a pandemia”, afirma Cunha.“Merece especial atenção o Auxílio Emergencial de R$ 600 e as Medidas Provisórias nº 927 e nº 936 adotadas pelo Congresso Nacional e pelo Governo Federal que visam garantir uma renda mínima aos mais necessitados, preservar os empregos de milhões de brasileiros e conceder estabilidade a todos os empregados após a pandemia”, diz o documento.Na carta, o grupo indica discordar com veemência da decisão liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que limita a Medida Provisória (MP) 936, o que, para o fórum, aumenta profundamente o clima de instabilidade nacional e insegurança jurídica.

Na decisão liminar, o ministro do STF alega que os ‘acordos individuais’ relativos a redução de salário e jornada dos trabalhadores somente terão efeitos jurídicos plenos após a manifestação dos sindicatos dos empregados. A Medida Provisória é uma das apostas do governo e do setor empresarial para manutenção de empregos apesar da crise econômica gerada pelo coronavírus.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Luciano Lopes aponta que os sindicatos exigem cláusulas abusivas para os acordos das categorias, o que dificulta a flexibilização e, por consequência, a manutenção dos contratos já que, sem a redução dos salários, os empreendimentos do setor terão dificuldade de arcar com os custos de pessoal.“Estamos recorrendo para, de alguma forma, fazer voz para que o STF possa derrubar a liminar de Lewandowski”, afirma o presidente da ABIH.O fórum aposta na união entre o poder público e o setor de produção na busca de um caminho para minimizar as dificuldades geradas pela doença e garantir os empregos.

Na agropecuária, o desemprego ainda é pontual, aponta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda. “As empresas rurais passam as mesmas dificuldades que qualquer indústria e comércio. A intenção é tentar manter a atividade para não ter desemprego e muitos empresários vão para essa negociação. Ainda não houve caso prático de redução de salário, mas há renegociação de escala e implementação de férias coletivas”, diz Miranda.

Para o presidente da Faeb, o campo se beneficia de um ano com uma boa produção, mas o alto custo dos insumos e a queda no consumo dos produtos dificulta a manutenção dos empregos. A saída é a concessão de empréstimos para empresários do setor. “O governo precisa apoiar o empresário, em especial as micro empresas. É necessário liberar empréstimos, permitir a renegociação das dívidas e abrir mão de parte dos impostos. É preciso de um pouco de sensibilidade para que a gente possa somar nesse momento. Se os empresários forem à falência, não há emprego”, ressalta Miranda.

Em um dos passos para se recuperar após a crise, os shopping centers terão que conversar com os lojistas e empreendedores de cada estabelecimento. Neste setor, a MP seria fundamental para manter os empregos e possibilitar a reabertura dos centros comerciais.“Se todo mundo for demitido não tem comprador e não tem vendedores no futuro. Essa liminar é uma decisão que faz todos saírem mais prejudicados do que poderia ser”, aponta Piaggio.De acordo com a Abav, o ano de 2020 era muito promissor para o turismo, mas tudo mudou com a pandemia do coronavírus. A presidente da associação afirma que as agências de viagem foram o primeiro ramo a ser atingido do ponto de vista econômico pela doença. “O movimento de cancelamentos e a queda na procura começou em janeiro e se acentuou em fevereiro. As pessoas passaram a ter receio de viajar e março praticamente não teve movimento”, analisa Carvalho, que ainda ressalta que o setor deve ser o último a se recuperar devido a necessidade do consumidor retomar a confiança para viajar.

Nesse cenário de rendimento quase nulo, a medida provisória ajudaria na preservação dos empregos, alega Carvalho. “Se a liminar do STF não cair, vai ter demissão em massa e o desemprego vai crescer muito. Por Neto ser líder do DEM, ele pode mobilizar a bancada da sigla e dos aliados para ajudar no sentido de derrubar a liminar e proteger os empregos”, solicita a presidente da Abav.

No mercado imobiliário, a ideia é utilizar a internet para manter o interesse dos clientes e, assim, conseguir uma boa retomada do setor após o período de isolamento, aponta Cláudio Cunha, que também é presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA). “A jornada para compra é de 6 a 8 meses e começando agora poderemos ter retomada mais forte. A venda de imóveis caiu muito. Nenhum de nós estamos preparados para a pandemia e só agora começamos a se reorganizar para continuar trabalhando mesmo de forma remota. O mercado imobiliário vinha se digitalizando e isso acelerou”, afirma Cunha.

Carta O documento ainda ressalta que as dificuldades geradas pelo novo coronavírus são imensas e que as empresas não sabem como irão arcar com a folha de pagamentos do mês de abril.

Além da Abav, Abrasce, Faeb, Abih e Ademi, outras 14 entidades assinaram a carta. São elas: Associação Brasileira das Agências de Propaganda - Seção Bahia (ABAP- BA), Associação Baiana de Supermercados (Abase), Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP-BA), Associação Comercial da Bahia (ACB), Associação dos Comerciantes de Material de Construção da Bahia (ACOMAC), Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas da Bahia (ADVB-BA), Associação dos Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB),  Associação dos Jovens Empreendedores – Bahia (AJE), Câmara dos Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL), Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FBHA), Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado da Bahia (FCDL), Federação do Comércio do Estado da Bahia (Fecomércio), Federação das Empresas de Transportes do Estado da Bahia e Sergipe (FETRABASE) e Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb),