Alemanha recusa pedido de Salles para renegociar auxílio ambiental

"Não vamos misturar política com questões técnicas", disse ministro

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  • Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2019 às 21:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi embora da Alemanha nesta quarta-feira (2) sem conseguir o que era um dos objetivos da viagem: renegociar a verba de R$ 155 milhões para projetos de conservação florestal no Brasil. Segundo a Veja, Salles foi recebido pela sua contraparte alemã, ministra Svenja Schulze, mas não conseguiu dela nenhum compromisso nesse sentido.

O fundo foi congelado em agosto, por conta da crise das queimadas. Schulze declarou na ocasião que a política do governo Jair Bolsonaro em relação à Amazônia deixava dúvidas se a redução das taxas de desmatamento era realmente um objetivo. O presidente brasileiro respondeu e afirmou que a chanceler Angela Merkel deveria usar o dinheiro para "reflorestar a Alemanha", porque o Brasil não precisava da verba.

O governo voltou atrás. Salles afirmou ao jornal alemão Frankfurter Allgemaine Zeitung que o Brasil tem interesse, sim, no financiamento alemão e que a fala de Bolsonaro aconteceu em um momento de pressão da Europa. Disse ele: "Não vamos misturar política com questões técnicas".

Um porta-voz do Ministério do Meio Ambiente da Alemanha disse à agência Deutsche Welle que não vai haver reconsideração sobre liberação do dinheiro até que se saiba de maneira "bem fundamentada" que o dinheiro será bem investido.

Salles aproveitou a viagem e encontrou também o ministro Gerd Müller, de Cooperação e Desenvolvimento, para discutir o Fundo Amazônia, programa bilionário de proteção à floresta que tem recursos da Noruega e da Alemanha. O fundo também tem futuro ameaçado. O financiamento não foi totalmente suspenso, mas os governos dos dois países demonstraram insatisfação com as mudanças que Salles fez no programa, incluindo extinção de comitês. Em agosto, a Noruega cancelou um repasse de R$ 133 milhões.

Na viagem à Europa, Salles busca passar uma mensagem de conciliação, para refazer a imagem do Brasil depois das declarações polêmicas de Bolsonaro à época da crise das queimadas. Nos seus três dias na Alemanha, contudo, o ministro foi alvo de protestos diários.