'Alguém armou isso para ela', diz amigo de cantora morta na Bonocô

MC DelaRua, como Victória Stéphanie era conhecida na cena do rap, foi esfaqueada após discussão com outra mulher

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  • Eduardo Dias

Publicado em 14 de março de 2020 às 15:50

- Atualizado há um ano

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Nascida e criada no bairro de Cosme de Farias, Victória Stephanie Barreto Campos, 21 anos, tinha o sonho de ser reconhecida pelo seu talento como rapper. A MC DelaRua, como ela era conhecida, participava de diversas batalhas de rap e encontros do segmento, em Salvador. No entanto, após um desses eventos, DelaRua acabou morta a facadas perto da estação de metrô de Brotas, na noite de quinta-feira (12), na Avenida Bonocô. A cantora foi enterrada na manhã deste sábado (14), no Cemitério Primeira Ordem de São Francisco, na Baixa de Quintas.

DelaRua participava da batalha de rap Trem Bala quando foi surpreendida por uma mulher que a esfaqueou no pescoço. Victória ainda chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brotas, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda não informações sobre a motivação do crime.

A suspeita, Marluar Brandão Cine dos Santos, foi espancada por pessoas que testemunharam o crime e socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE) onde, em seguida, foi encaminhada para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ela foi autuada em flagrante por homicídio e está à disposição da Justiça.

O CORREIO acompanhou o velório e o sepultamento do corpo da jovem, mas os familiares, muito abalados, preferiram não conversar com a equipe de reportagem. U amigo de infância de Victória, porém, que não quis ser identificado, contou detalhes do momento do crime.

Segundo ele, na noite de quinta, quando o crime ocorreu, DelaRua foi chamada por uma mulher para participar da batalha de rap no local. O que, segundo a fonte ouvida pelo CORREIO, ela não imaginava que o convite era uma cilada. Para o amigo, a ação contra a cantora foi planejada por inveja."Alguém armou isso para ela, não tenho dúvidas. Ela era nascida e criada lá no Cosme, só andava lá em casa, desde pequena. Ela era uma pessoa sincera e confiava em todo mundo. Mas tinha muita gente que tinha maldade com ela, e ela não percebia.  Acredito que tudo isso foi por motivo de inveja, pois ela era uma mulher bonita e desejada por muita gente. Esse meio que ela estava rola muita inveja", afirmou o rapaz. (Foto: Reprodução) Apesar de saber da prisão da suspeita do crime, o amigo da cantora lamentou o fato de não ter mais a amiga para conversar. “DelaRua foi morta numa armação, mas Deus é justo e vai fazer justiça com quem fez isso com ela, tenho certeza. Soube que ela foi presa e espero que fique lá por muito tempo. Mas sei que isso, infelizmente, não trará ela de volta, mas já nos conforta de alguma forma”, disse o rapaz.

Antes do sepultamento, com muito choro e comoção, e segurando rosas brancas e vermelhas, os amigos de DelaRua recitaram algumas poesias e cantaram uma de suas músicas na sala de velório do cemitério. Eles se despediram da jovem com aplausos.

A canção escolhida foi uma das mais recentes lançada por ela: ‘Não Desanda O Trem’, que traz em sua letra versos sobre confiança e aprendizado. “A vida é feita de altos e baixos, temos que aprender a levantar. Nem sempre quem está do seu lado, está do lado para somar. Melhoria para mim, é melhoria para ti. Então, não desanda o trem, deixa o bagulho fluir”, diz o trecho da música, que conta com clipe no YouTube.

Muitos dos amigos que foram ao velório vestiam camisas brancas estampadas com o rosto de Victória. “Eu tentei ajudar a minha parceira. Eu tentei, meus Deus, mas ela morreu nos meus braços. Por que ela? Por quê? Volta, Vi, volta!”, gritou um outro amigo da cantora.

Carreira Amiga e assessora da carreira de Victória, Beatriz Almeida revelou ao CORREIO que, na quarta-feira (11), um dia antes do crime, DelaRua estava explodindo de alegria pelo fato de ter recebido seu primeiro beat profissional, uma melodia para colocar a letra de uma música inédita.

“Ela estava em êxtase por essa notícia. Ela recebeu um e-mail, no qual eu estou tentando ter acesso para podermos colocar a letra dela e gravar a música como forma de homenagem e honrar a memória dela com essa música inédita”, disse.

Beatriz trabalha empreendendo talentos e planejando ideias e disse que fazia o possível para alavancar a carreira da amiga. “Eu queria colocar o corre dela para andar, a carreira dela para deslanchar de vez, estava fazendo de tudo, apesar das dificuldades. Ela tinha um talento bruto e já nasceu pronta. Eu fazia de tudo para colocar as coisas dela na internet e sabia que uma hora ou outra ela seria reconhecida”, completou.

Segundo a Polícia Civil, a 1ª Delegacia de Homicídio (DH/Atlântico) está apurando a motivação da morte de Victória. A suspeita de cometer o crime foi conduzida para o Departamento de Homicídio em Proteção à Pessoa (DHPP), por equipes da 26ª Companhia da PM (CIPM/Brotas).

Arrecadação Na noite de sexta-feira (13), os amigos da cantora decidiram se reunir na pista de skate dos Barris para arrecadar dinheiro para cobrir os custos arcados pela mãe da jovem com o velório e sepultamento. Ao todo, eles conseguiram arreacadar R$ 500 em doações e repassaram para a família, mas ainda seguem com a campanha para ajudar a família. 

"Com muita tristeza, a partir dessa mensagem, contamos com o apoio e colaboração de todos vocês, amigos e admiradores de Victoria Campos, a eterna DelaRua.

De antemão, a pedido da família, solicitamos que NÃO COMPARTILHE ESSA MENSAGEM EM NENHUMA REDE SOCIAL, além do WhatsApp! Estamos fazendo uma arrecadação para cobrir os valores do velório e ajudar a mãe dela.Quem puder contribuir com qualquer valor, pode se juntar a nós hoje (13/02) às 18h, na pista de skate dos Barris, ou depositar na seguinte conta:

Beatriz Almeida Nascimento gência: 3025-2 Conta corrente: 45957-7 Banco do Brasil PF: 862.785.655-95

Caso só tenha a disponibilidade de contribuir de longe, com valor em espécie, entre em contato e geramos um boleto com o valor que quiser. (99358-2276). Por favor, enviar o comprovante do depósito pra (71) 99358-2276", diz a nota encaminhada pelos amigos pelo WhatsApp."

*Com supervisão da editora Ana Cristina Pereira