Alongar para dormir melhor: evento conscientiza sobre importância do sono

São mais de 150 tipos de distúrbios que impedem noite tranquila; veja como perceber sinais

Publicado em 17 de março de 2019 às 17:45

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Durante anos, o aposentado José Cerqueira, 72, não descansava de verdade. À noite, na hora de dormir, ele acordava diversas vezes e roncava tanto que até recebia reclamações dos vizinhos. Ele não imaginava, no entanto, o tamanho do problema. No ano passado, ele foi diagnosticado com apneia do sono, doença que pode até levar à morte.

A doença não tem cura, mas foi adotando hábitos saudáveis e com o tratamento correto que hoje o aposentado consegue viver tranquilamente e sem riscos de morrer dormindo. “Eu dormia e acordava várias vezes de madrugada, mas não sabia o que era. O meu ronco era tão feio que, de vez em quando, os vizinhos reclamavam do barulho batendo lá em casa”, disse ele, que participou neste domingo (17) da quarta edição do Movimento Pró-Zumba, no Parque da Cidade, evento que fala da importância da conscientização sobre distúrbios do sono.

Foi só depois dos diversos exames que ele foi diagnosticado com a doença. “Depois do aparelho, eu melhorei bastante. Para descobrir, dormi em um laboratório uma noite e eles disseram que eu estava com um problema sério, a apneia. Eu nem sabia que tinha isso, nem sabia o que era”, contou. Hoje em dia, ele disse que é “outro” e que, se soubesse, tinha procurado o tratamento antes. 

No evento, fisioterapeutas e médicos falaram sobre os 150 tipos de distúrbios e da importância de um sono revigorante, e ainda rolou uma aula de alongamento ao ar livre.“O nosso movimento pró-sono é realizado uma vez por ano. O dia 15 de março é o dia mundial do sono. Então, o mundo todo comemora, e a VitalAire [empresa para serviços de saúde domiciliar, que promoveu o evento] tem como base a conscientização. Na semana do sono, nós trazemos o movimento pró-sono para falar sobre os riscos, conscientizar a população e mostrar que tem tratamento. Hoje, 50% da população global sofre com algum tipo de distúrbio”, ressaltou a fisioterapeuta Vivian Morello.O ato está ocorrendo em 17 capitais do Brasil neste final de semana. No evento, é realizado um tipo de atividade física e a conscientização sobre a importância de um bom sono.

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E para quem está querendo passar uma boa noite de sono, a fisioterapeuta dá algumas dicas: é importante realizar uma higiene do sono, se alimentando adequadamente, evitando comidas gordurosas, praticando atividades físicas, dormindo no mesmo horário e evitando a claridade dos aparelhos eletrônicos. Os impactos virão. Com um sono saudável, a pele, a disposição, o humor, o sistema cardiorrespiratório e o desempenho melhoram ao longo do dia.“Quem dorme pouco morre cedo, e quem dorme mal também”, destacou Vivian.A atividade física é destacada como uma das principais dicas. Isso porque o sedentarismo pode instigar a insônia. “O ato de mal dormir faz com que as pessoas se alimentem mais, o que induz ao refluxo e ele faz com que a pessoa não durma bem. Isso acaba gerando a insônia”, disse. O sedentarismo reduz também o metabolismo, interfere no desempenho cognitivo da pessoa, faz com que o corpo acumule toxinas e reduz o metabolismo. 

Para quem quer correr atrás do prejuízo e começar a se exercitar, ela também dá uma dica: procure um médico especialista, faça exames ergométricos e, dessa forma, escolha a melhor atividade para você. 

Ficou com medo de ter algum distúrbio do sono? A médica do sono do Hospital das Clínicas da Universidade Federal da Bahia, Cristina Salles, explicou quais são os sintomas mais comuns e que podem funcionar como um sinal de alerta para procurar um especialista. 

O normal, ela diz, é acordar e estar bem. “Acordar várias vezes, não ter sono reparador, acordar cansado no dia seguinte, acordar irritado e ficar dormindo em qualquer lugar que encostar não é normal. Isso acaba comprometendo memória, atenção, concentração e, consequentemente seu rendimento no trabalho”, disse.

O diagnóstico passa por ouvir a queixa do paciente e realizar exames. O mais comum é a polissonografia, mais conhecido como exame do sono.“A partir dos exames, nós vamos determinar qual dos 150 distúrbios o paciente tem e iniciar o tratamento”, explicou Cristina.Apesar de não haver uma fórmula exata, a médica disse que existe um sonho desejável, com pelo menos 3 horas de sono profundo e 30 minutos de sono leve.

Com a apneia controlada, o aposentado José Cerqueira até mesmo melhorou sua relação com a esposa. Ele conta que foi ela quem o alertou da possibilidade dos incômodos e roncos durante a noite serem algo pior.

“Eu acordava todo dia com uma dorzinha na costela e achava que era a coluna. Descobri depois que era das cotoveladas da minha esposa pedindo para eu virar para o outro lado por conta do barulho do meu sono. Antes ela vivia longe, agora eu passo a mão na cama e a vejo ali pertinho”, contou, rindo.