Alta temporada: Salvador receberá 176 mil turistas a bordo de transatlânticos

Turistas injetarão R$ 80 milhões na economia

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Moura
  • Gabriel Moura

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 21:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho / CORREIO

Cinco anos atrás, a catarinense Regina Rochenback, 63 anos, desembarcava em Salvador pela primeira vez. Ela estava a bordo de um cruzeiro e, por conta da programação do navio, só pôde ficar algumas horas em solo baiano. Entretanto, só foi colocar os pés aqui, ouvir o som do berimbau e receber a fitinha de Senhor do Bonfim que a aposentada percebeu que aquelas horinhas não seriam suficientes para conhecer todos os encantos desta terra.

“A minha vontade, naquele momento, era de deixar o navio para lá e ficar por aqui mesmo. Quando voltei ao cruzeiro, já falei ao meu marido que a nossa próxima viagem ia ser para cá. Felizmente, um ano depois, peguei um avião e passei uma semana por aqui e conheci a cidade com mais tranquilidade”, conta ela, que voltou a desembarcar em Salvador nesta segunda-feira (2), também a bordo do cruzeiro.

Além de Regina, três navios trouxeram 10 mil turistas para Salvador apenas hoje. Só o MSC Seaview - que veio de Tenerife, na Espanha - estava com 5 mil pessoas. A expectativa da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult) é que 176 mil pessoas cheguem na capital baiana a bordo de 63 embarcações nesta temporada de cruzeiros, um aumento de 10% em relação ao ano passado.

Este volume de visitantes deve movimentar a economia da cidade, gastando cerca de R$ 80 milhões com passeios, lembranças e alimentação. Mas o objetivo de todo o setor turístico é repetir a fórmula usada com Regina e fazer os visitantes que não conhecem muito bem a capital voltarem aqui.

“A vinda dos turistas através dos cruzeiros é muito importante para a cidade. Além de movimentar a economia no momento em que eles chegam, a visita funciona também como uma oportunidade para fidelizar e eles retornarem a Salvador em uma outra oportunidade”, explica Cláudio Tinoco, secretário da Secult.

O foco do setor turístico são pessoas como a australiana Rosie, que não conhece nada sobre a capital baiana. “Não conheço nenhum ponto turístico e nem sei para onde ir. Só vou dar uma volta mesmo, pegar um táxi, olhar os edifícios e voltar para o navio”, disse ela.

Entretanto, Silvio Pessoa, presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBha), ressalta que o setor de cruzeiros pode se tornar mais lucrativo para Salvador caso ela se torne um “homeport”, ou seja, uma cidade de onde saem e retornam os transatlânticos. “Você pega o caso de Miami, por exemplo. As pessoas vão para lá, passam dois, três dias e embarcam em um navio para o Caribe”, exemplifica.

O secretário de turismo da Bahia, Fausto Franco, afirma que a intenção é transformar Salvador em uma cidade "homeport". Para isso, o chefe da pasta disse que terá uma reunião com executivos da MSC, uma das maiores empresas de cruzeiros do mundo, para, já a partir do ano que vem, definir trajetos que partam da capital baiana.

“A Bahia já é sempre protagonista nas viagens de cruzeiro. Todos os navios que vêm para a América do Sul têm duas paradas obrigatórias: Salvador e Rio de Janeiro. Mas ainda somos uma cidade onde os transatlânticos fazem paradas e o objetivo é transformar aqui num Hub de navios. Temos toda a estrutura necessária para isso. Agora mesmo, três embarcações estão ancoradas, 10 mil pessoas chegando e tudo está funcionando bem”, comemora. Donos de carros oferecem passeios que custam R$ 400 em média aos turistas (Foto: Arisson Marinho) Enquanto o setor turístico parece estar mais interessado em um relacionamento duradouro, há quem se satisfaça com quem vem rapidinho. É o caso do taxista Edivan Rodrigues, 52, que, ao buscar os turistas que vêm em cruzeiros consegue, em apenas uma viagem, o dinheiro que ganha num dia normal de trabalho.

“Já peguei corrida de R$ 200, R$ 300… Como o povo do cruzeiro tem pouco tempo para conhecer a cidade, às vezes, eles só querem dar uma volta mesmo. Aí eu fico um pouco como guia turístico e um pouco como taxista. Levo em Itapuã, Centro Histórico… Até Praia do Forte já teve gente pedindo para ir”, conta.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier