Altas na gasolina e etanol impulsionam inflação de março em Salvador e RMS

Segundo IBGE, inflação foi de 0,81%, o março mais alto desde 2015

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 9 de abril de 2021 às 17:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/arquivo CORREIO

Os seguidos aumentos nos preços da gasolina e do etanol fizeram a inflação de Salvador e Região Metropolitana (RMS) disparar em março e ser a maior desde 2015. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, calculado pelo IBGE, o índice ficou em 0,81%, puxado principalmente pelos produtos e serviços do grupo de transportes, que exerceu, pelo segundo mês consecutivo, a principal pressão inflacionária.  

Em fevereiro, a inflação foi de 0,93%, puxada principalmente pela gasolina (7,37%), etanol (9,80%) e óleo diesel (7,17%). Dessa vez, março registrou um forte aumento na gasolina de 13,17%, etanol em 15,99% e óleo diesel de 9,52%. Outro produto que contribui para o custo de vida na cidade foi o gás de cozinha, com alta de 4,91%.   

Meire Cardela, educadora financeira comportamental, explica que essa alta nos combustíveis também reflete no preço de outros produtos. “O preço do petróleo, que dá origem à gasolina e ao gás de cozinha, impacta em tudo, não só os combustíveis de forma direta, mas também os alimentos e produtos que precisam do caminhoneiro para ser transportado”, aponta a especialista, considerando ainda que nos próximos meses não veremos uma melhora nesses números.  “Para o resto do ano, a previsão é de inflação alta. Não há sinais de melhora nisso. A inflação já tá dando as caras e a taxa de juros da Selic começou a subir, o que é uma medida que visa justamente inibir o consumo e conter a inflação. Vai ser um 2021 nada favorável para a economia, muito embora esteja acontecendo a reabertura do comércio”, diz.  Prática  Quem sente o peso dessa inflação na prática é quem precisa de combustíveis para trabalhar. O motorista de aplicativo Antônio Monteiro, 45 anos, abastece seu carro com gasolina e viu o consumo dobrar em apenas um ano. “Antes eu gastava R$ 50 por dia e hoje gasto R$ 100. Tá complicado continuar trabalhando, pois a Uber não reajustou o valor. Tem corrida que ela chega a descontar 30%. Não dá mais para levar a esposa para comer uma pizza ou fazer planos. Só dá para tirar o dinheiro para sobreviver mesmo”, lamenta.  

Com essa alta nos preços, Antonio explica que os motoristas que têm carro alugado estão parando de rodar, pois não conseguem conciliar o valor do combustível com o do aluguel. No entanto, em março, apesar dos transportes terem, em média, exercido a principal pressão de alta no custo de vida, o aluguel de veículos foi o item que apresentou a maior queda (-25,44%) e deu a principal contribuição individual para segurar a inflação do mês. As passagens aéreas (-13,64%) também tiveram influência importante nesse sentido. 

Outras reduções que chamaram atenção foram da energia elétrica residencial (-2,95%), cursos regulares (-2,39%), em especial, do ensino fundamental (-3,28%) e aparelho telefônico (-3,19%).  

Na outra ponta, produtos que também aumentaram de forma significativa foram os alimentos com os produtos panificados, com o pão francês (3,93%) sendo o item mais influente do grupo. As frutas também apresentaram aumento significativo, com a manga (28,19%) e o mamão (18,49%) tendo os maiores aumento dentre todas as centenas de produtos e serviços pesquisados no IPCA. 

Com esse resultado, o IPCA em Salvador acumula alta de 2,01% no primeiro trimestre de 2021, um pouco abaixo do índice nacional de 2,05%. Já nos 12 meses encerrados em março, a inflação acumula alta de 5,70%, também abaixo do acumulado no país como um todo (6,10%).  

* Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lobo