Ambulante prevê lucro de R$ 3 mil durante festa de Iemanjá

Conheça a história do ambulante que chega a dormir fora de casa por 3 dias por conta da festa da Mãe D'Água

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 18:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Vinicius Nascimento/CORREIO

Há cinco anos, quando ainda trabalhava como operador de caixa em um shopping de Salvador, o jovem João Paulo Paixão, hoje com 23 anos, sequer imaginava que meia década depois ele estaria trabalhando como vendedor ambulante na festa de Iemanjá. Coisas da vida, né? Foi o que aconteceu e ele garante que a mudança foi muito boa: só na festa do próximo dia 2 de fevereiro ele deve lucrar R$ 3 mil, podendo chegar até a R$ 4,5 mil, fruto de três dias de trabalho intenso.

João nasceu e se criou no bairro da Nova Brasília, nas proximidades da Estrada Velha do Aeroporto. Lá ele tem um restaurante que toca junto a seus pais e onde trabalha regularmente. A vida como vendedor ambulante começou graças a um romance: sua esposa, Tainara Neves, desde sempre trabalhou no Rio Vermelho durante as sextas-feiras e finais de semana. Quando se conheceram ela falou sobre o trabalho e ele decidiu ajudá-la a enfrentar a jornada de trabalho cansativa.“Comecei a vir pra ajudar mesmo e fazer companhia. Ela sozinha pra tudo ficava pesado, vim ajudar e fui ficando. Tou aqui até hoje”, conta com um sorriso simpático.O namoro com Tainara evoluiu, eles casaram e seguem trabalhando juntos até hoje. Ele até já se licenciou como ambulante da região. Os pais de Tainara já trabalham no Rio Vermelho há mais de 30 anos e construíram boa parte da vida através de vendas na festa de Iemanjá. “Se hoje eles têm carro, casa, foi tudo vendendo aqui. O trabalho é muito, mas graças a Deus dá retorno”, avalia, antes de contar que seus sogros moram pertinho do Rio Vermelho, no bairro da Santa Cruz. 

Quando chega o período de Iemanjá, a rotina de João muda um pouco. O restaurante na Nova Brasília fica a cargo de seu pai e três dias antes da festa ele literalmente se muda para a Casa de Iemanjá. Na última quarta-feira (30) ele começou a transportar o isopor e as cerca de 80 caixas de cerveja, fruto de R$ 2,5 mil reais de investimento. Junto a isso, uma barraquinha com colchão e roupas para passar todo o período.

“Tem que vir logo porque o trânsito muda, rua fecha, e aí não pode passar com as coisas. Tem que trazer logo tudo e guardar o lugar para não ter problema”, explica João, enquanto derruba um saco de gelo dentro de um dos seus isopores e arruma o seu mostruário com latas de refrigerante, água e cerveja. João começou a trabalhar como ambulante para ajudar a namorada (Foto:Vinícius Nascimento/CORREIO) “Tomo banho e escovo os dentes aqui na colônia de pescadores mesmo. Tem tudo direitinho pra gente aqui”, conta.

Além da esposa, João conta com o apoio de um ajudante que contrata durante a festa. Uma espécie de quebra-galho para tirar um cochilo rápido e comprar gelo, caso falte, por exemplo. O ambulante não esconde que o trabalho é muito cansativo. Ora, são mais de 72 horas longe de casa, fora a jornada de quase 24h no dia da festa: ele conta que começa as vendas hoje à noite e só para no final do dia de amanhã caso consiga vender tudo que comprou. Se não conseguir, ainda estende sua jornada até o domingo - quando garante que já terá vendido tudo o que investiu. 

A expectativa que ele tem é de fazer cerca de R$ 5,5 mil reais em vendas. Tirando as despesas com carreto e ajudante, além do que gastou com as bebidas, sobra pouco mais de R$4,5 mil líquido. Quando pensa no final da festa ele não esconde o sorriso: “o dinheiro ajuda e muito. É um alívio quando a gente vê o resultado”. 

Quem quiser encontrar João Paulo basta ir até a festa do 2 de fevereiro. Ele fica bem ao lado da Casa de Iemanjá e se diz pronto para atender todo o mundo que aparecer. Além de garantir uma cerveja geladíssima e água para refrescar os fiéis.