Ameaçado, taxista diz que foi obrigado a participar de assaltos na Pituba

Segundo motorista, ele teve que dirigir durante os crimes, sob mira de pistolas

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  • Gabriel Amorim

Publicado em 26 de junho de 2019 às 20:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Um taxista esteve nesta quarta-feira (26) na 16ª Delegacia de Polícia (Pituba) para prestar queixa contra criminosos que teriam obrigado ele a ajudar em assaltos realizados na região da Pituba. 

Motorista de táxi há quatro anos, Tiago Cerqueira, 30 anos, relatou que estava no ponto onde trabalha, no final de linha do Vale das Pedrinhas, no Nordeste de Amaralina, quando dois homens pediram por uma corrida com destino à região da Avenida Centenário. O caso ocorreu no sábado (22). “No meio da corrida, eles me mandaram retornar em direção à Pituba, porque disseram que estava tendo uma operação na região onde estávamos. Ali eu já percebi que eram pessoas querendo assaltar”, conta o motorista.  Taxista prestou depoimento nesta quarta (26) (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Tiago, que registrou boletim de ocorrência nesta quarta, contou em depoimento que os dois passageiros ordenaram que ele fosse até uma rua do bairro da Pituba onde havia uma guarita de segurança, que estava vazia. “Acho que eles queriam roubar a arma desse segurança”, narrou.

Segundo o taxista, os dois criminosos estavam armados com uma pistola e o obrigaram que ele continuasse a corrida. Durante o trajeto, eles pararam para assaltar um homem e uma idosa, que tiveram seus pertences roubados.  Depois dos assaltos, Tiago conta que os bandidos ordenaram que ele retornasse ao ponto de táxi onde ele estava antes de aceitar a corrida. Ao chegar no local, os bandidos pagaram os R$ 48 indicados no taxímetro e fizeram ameaças.

“Eles falaram: não faça a queixa que não vai te acontecer nada, a gente sabe que você é trabalhador”, relata ele. Tiago disse que sentiu muito medo porque, além de atuar no ponto do Nordeste de Amaralina, também é morador da região. “Eu sou morador do bairro e eles são moradores do bairro. Não conheço, mas sei que moram lá, então fica mais difícil fazer a ocorrência. Ainda mais com a ameaça”, completou. 

Apesar do medo, o motorista decidiu procurar a polícia para apresentar sua versão dos fatos depois que seu carro foi exibido por uma reportagem na televisão, mostrando o número do seu alvará. “Conversei com algumas pessoas, pedi orientação e resolvi registrar a minha versão”, explica. 

Uma das pessoas que orientou o profissional, foi Denis Paim, presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT). “É importante fazer o boletim, esse incidente foi no sábado e o medo tomou conta dele, que acabou demorando. Mas é importante, para que a gente possa ter respaldo para demonstrar as estatísticas de assalto aos taxistas. A categoria está se sentindo cada vez mais desassistida pelos órgãos públicos”, defendeu. Apenas no mês de junho, 29 taxistas já foram assaltados em Salvador. 

Com o registro do boletim de ocorrência, o caso ficará a cargo da delegada Maria Selma Lima, titular da 16ª Delegacia. Como o motorista diz não saber a identidade dos criminosos, ele foi conduzido ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para realização do retrato falado dos bandidos. 

Questionada sobre como atua para garantir a segurança da categoria, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA), informou realizar operação com com abordagens preventivas e blitze constantes. “A Polícia Militar realiza ações específicas através da Operação Apolo. Somente no mês de junho, do dia 1º até o dia 24, foram abordados na capital e Região Metropolitana de Salvador mais de 44 mil veículos duas e quatro rodas. Desses, 13.024 mil eram táxis. Desde 1º de janeiro até junho, já  foram abordados, no total, 99.497 mil táxis”, diz a nota da PM.

* Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier