Ao artista não interessa a realidade explícita, mas ao que flui dela

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  • Cesar Romero

Publicado em 29 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Obra dde Roque Lázaro, que expõe no Centro de Cultura da Câmara (foto/divulgação) No Centro de Cultura da Câmara Municipal de Salvador – Praça Tomé de Souza, mostra solo de Roque Lázaro, ficando em cartaz até final de maio. Ao adentrar a sala expositiva o expectador é surpreendido por uma profusão de cores e assuntos que lembram de imediato uma festa, tal a intensidade da luz que emana do local.

Os artistas primitivos, naifs ou ingênuos, são desprovidos de vigilância interna, trazem na espontaneidade o seu grande trunfo, na intuição o guia para o fazer. Interessa deixar emanar as imagens, que na maioria das vezes são sonhadas, com grande dosagem de alegorias. É difícil para o artista naif saber parar, para ele quanto mais elementos melhor.

Em sua mais plena liberdade, Roque Lázaro nos apresenta em sua primeira individual Entre o Real e o Imaginário, cenas do cotidiano de sua infância, em cores acesas, energéticas e de grande impacto.

A curadoria é de Leonel Mattos que também escreveu um texto e ainda outros, assinados por Nadia Taquary e Fátima Tosca.

Ao artista não interessa a realidade explícita, mas ao que flui dela, e por cima de um fundo abstratizado, extremamente colorido, surgem figuras de interesse como um homem tocando violão, um casal em namoro, jogadores de bola, torres de igrejas, carros, peixes, carrossel, bailarinas, pássaros, saxofonistas e flores que flutuam no espaço sem perspectivas lógicas, o que traz grande interesse. Mesmo com cores intensas, ele consegue harmonizar o campo plástico. Seus desenhos retorcidos, parecem inacabados, trazem grande eloquência à pintura. Existe algo da arte africana naif na atmosfera.

Sua pintura é aberta, não tem formação acadêmica, nem filiação histórica, é instintiva, percepção inata. Não lhe interessa os caminhos de alguns mestres, segue ele, suas regras.

Sua fonte de inspiração é sua infância e adolescência que guardou na memória e agora derrama sobre as telas. Uma história contada sem amarras, em plena liberdade de ação. Seu assunto é ele mesmo e suas observações. Quer contar e registrar em forma, linha e cor, a sua específica visão dos sonhos, que vem da vida instintiva profunda, da sabedoria emocional, centralizada na pessoa do descritor. O brasileiro e baiano Roque Lázaro não é pintor do decorativismo fácil, nem do souvenir. É um obstinado, fala com humildade de suas produções, com um carinho comovente.

A pintura primitiva ou ingênua tem a qualidade de em grande parte representar nossa identidade cultural. Foge das “normas cultas”, do plano político, da globalização. Os artistas primitivos “estudam” com olhos atentos o que se passa no cotidiano deles. O inconsciente é soberano.